I SÉRIE — NÚMERO 38
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não perturbar as cotações dos títulos em mercado. Mas se essa preocupação fosse genuína, o que é muito
duvidoso, porque não divulgou o Governo a compra depois desse momento?! Nesse momento já não ia
influenciar as cotações.
E o mais grave, talvez caso de polícia, é que depois da aquisição, a cotação das ações subiu.
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Muito bem!
O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — Alguém teve informação privilegiada? Não sabemos.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, temos aqui gato escondido. A tese do Primeiro-Ministro não é crível. A
pergunta que se deve colocar é, então, a de saber quem foram os mentores desta operação secreta: o Primeiro-
Ministro demissionário? O novo Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos?
E como terá ocorrido, nesse caso, a comunicação da operação dentro do próprio Governo? Por WhatsApp?
Sr. Presidente, Srs. Deputados, será que já não vimos este filme antes? E um dos atores não será o mesmo,
o atual Secretário-Geral do PS?
Veja-se o que disse Pedro Nuno Santos no dia 3 de janeiro: recusou qualquer ligação à operação e negou
ter conduzido ou dado a ordem para a efetivação da mesma. Mas no dia seguinte, a custo, lá confirmou que
sabia e que tinha concordado com a operação,…
Protestos do Deputado do PS Porfírio Silva.
… não tendo esperado pelas justificações do Governo, como disse que faria.
O que mudou? Porque falou antes do Primeiro-Ministro? Será que António Costa deu um murro na mesa e
disse a Pedro Nuno Santos que não estava para aturar mais o resultado das suas ações, tal como parece ter
acontecido quando fomos surpreendidos com um despacho com a nova localização do aeroporto, à revelia do
Primeiro-Ministro?
E não tente o PS negar que isto foi moeda de troca, porque, em novembro de 2020, o então vice-presidente
da bancada do PS, João Paulo Correia, admitia a possibilidade da compra das ações e que o tema seria
abordado nas negociações com o PCP, para a aprovação do Orçamento do Estado de 2021.
Em suma, Sr. Presidente, Srs. Deputados, o PS comporta-se como dono do Estado, julga que pode delapidar
os recursos públicos para manter o poder, e os partidos da esquerda parecem ter sido cúmplices nessa
deplorável forma de agir. Parecem santinhos, preocupados com o povo, mas são os primeiros a estourar o erário
público, se puderem.
Esperemos, portanto, que o Tribunal de Contas faça a análise a todo este processo, em defesa dos interesses
do Estado.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Exato!…
O Sr. Hugo Carneiro (PSD): — No dia 10 de março, os portugueses têm a oportunidade de correr com o PS
e os seus companheiros de coligação e de pôr um ponto final na gestão socialista, lesiva dos interesses do
Estado e que não olha à resolução dos problemas do País, como sucede, por exemplo, com o caso a que
estamos a assistir dos elementos da PSP (Polícia de Segurança Pública) e da GNR (Guarda Nacional
Republicana) em manifestação.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado tem um pedido de esclarecimento. Para formulá-lo, em nome do Grupo
Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Hugo Carneiro, na
sequência da sua intervenção do palanque, é impossível não dizer que o Sr. Deputado fez um esforço para criar
um filme de fantasias e ficções que só mesmo o PSD e algumas outras bancadas consideram que é
verdadeiramente assim. E, portanto, é lamentável que um partido que quer ser alternativa, que quer ter sentido