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11 DE JANEIRO DE 2024

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O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Vai explicar tudo!

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este debate é uma boa oportunidade de

contar, mais uma vez, uma história importante para o País. É a história de um saque, a história de como a direita

tem andado de mãos dadas com os interesses económicos, de como até, em algumas ocasiões, tem embolsado

esses mesmos grupos económicos, e de como o PS, por deixar tudo na mesma, tem tido um papel também

neste saque.

A privatização dos CTT foi feita pelo Governo PSD/CDS em 2013 e 2014. Nesta altura, muitos dos que andam

agora pelo Chega e pela IL aplaudiam, animados, esta privatização.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Bem lembrado!

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — André Ventura andava no PSD a apoiar o programa da troica e a entrega dos

CTT a bancos como o Goldman Sachs ou o Deutsche Bank, ou a gestoras de ativos e a grupos como o grupo

de Manuel Champalimaud, a quem voltaremos ainda.

Aplausos do BE.

O principal argumento para justificar a privatização era o de que a gestão privada era mais eficiente.

Srs. Deputados, se há exemplo para contrariar exatamente isto é o exemplo dos CTT. Encerrou balcões e

postos, despediu trabalhadores,…

O Sr. André Ventura (CH): — Parece o Bloco de Esquerda! O Bloco é que despede funcionários, nós

estamos a contratar!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É, é! É a voz do patrão!

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — O André Ventura era do PSD na altura!

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — … ajudou a isolar, ainda mais, muitas regiões do nosso País, nunca cumpriu os

indicadores de qualidade de serviço definidos, vendeu e continua a vender património, descapitalizou e continua

a descapitalizar a empresa. Com este belo trabalho, os lucros diminuíram de 61 milhões em 2013 para 29,1

milhões em 2019.

Mas, apesar disto, a gestão privada provou ser eficiente numa coisa, Srs. Deputados: em saquear os CTT e

encher os bolsos dos acionistas, porque vários foram os anos em que distribuiu dividendos acima dos lucros.

Só entre 2015 e 2017, distribuíram 201 milhões de euros, quando o lucro dos CTT, nesses mesmos anos, foi de

161 milhões — ou seja, um buraco de 40 milhões de euros.

Acresce a isto que o atual CEO (chief executive officer) dos CTT é o campeão da desigualdade salarial.

Apesar de continuar a degradação do serviço postal, atribui a si mesmo um salário 26 vezes maior do que a

média dos trabalhadores desta empresa. Ou seja, um qualquer trabalhador dos CTT tem de trabalhar 26 anos

para receber um ano de salário de um dos homens que está a destruir os CTT. Este é, Sr.as e Srs. Deputados,

o mundo maravilhoso da gestão privada.

Em resumo, esta privatização trouxe um serviço pior para o País e encheu os bolsos aos tais privados que

eram tão melhores do que o público a gerir. Tudo errado!

Srs. Deputados, é importante irmos a quem é que são estes privados. Já referimos bancos como a Goldman

Sachs, bem conhecidos pelo papel que tiveram na última grande crise financeira. Mas, tal como referi há pouco,

até há muito pouco tempo, o maior acionista privado era Manuel Champalimaud, através da sua holding, com

13,73 %. Quem é que está, neste momento, à frente dos CTT? É o CEO, João Bento, gestor que integrava a

comissão executiva da holding… de quem? De Champalimaud, antes de ir, exatamente, para os CTT em 2017,

tendo chegado a CEO em 2019.

Porque é que, na altura, Francisco Lacerda saiu? Recordo-me de uma entrevista de Champalimaud em 2019

ao Expresso. Manuel Champalimaud achava que Francisco Lacerda tinha uma resposta muito tímida às