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I SÉRIE — NÚMERO 38

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O Sr. Rui Tavares (L): — As medidas, as propostas da esquerda são «socialismo». Na saúde, «socialismo»;

na educação, «socialismo»; e, agora, a rapar o fundo ao tacho, descobrimos que, afinal, o «socialismo» já estava

implementado em Portugal, já vivíamos sob o regime socialista desde que, em 2021, o Estado tinha comprado

0,24 %, portanto, menos de um quarto de 1 %, dos CTT.

O Sr. Pedro Pinto (CH): — Estava aí a Joacine!

O Sr. Rui Tavares (L): — Portanto, isso é «socialismo»!

Lembro-me bem, e o Sr. Deputado Bruno Dias deve estar lembrado de uma capa do Avante!, «Grande vitória

do povo e dos trabalhadores!». Do Avante! clandestino, claro, porque isto foi tudo na clandestinidade. Nós, nas

nossas catacumbas de esquerda, dissemos: «E agora?! 0,24 % dos CTT? A seguir, venha a tomada do Palácio

de Inverno!»

Risos do PS.

Aliás, tenho a impressão de que era para ter sido feita em 2017, pelos 100 anos da Revolução de outubro,

como presente ao Partido Comunista Português!

Pensa a direita que vem embaraçar a esquerda com este debate. Srs. Deputados, o único embaraço é porem

a esquerda à esquerda do PS a ter de defender, de alguma forma, a medida, digamos, ínfima de comprar 0,24 %

dos CTT. Creio que, nem nas negociações do tempo da geringonça, nem sequer nos orçamentos atuais, se

estivessem dito ao Livre «agora, entre 2022 e 2023, vamos comprar 0,24 % dos CTT»… Se isso é socialismo,

Srs. Deputados da direita, que diriam de um país no qual o serviço postal é inteiramente público? Está na

Constituição que o Governo tem o dever de constituir um serviço postal e que ele não pode ser privatizado. Falo-

vos dos Estados Unidos da América, aliás, dos Estados socialistas da América do Norte, onde o serviço postal

é público, mas do público federal, nem é só estadual. E o que diriam desse país? «Então, é o mais terrível do

socialismo!»

Risos do PS.

Na verdade, há um argumento que faz sentido e que podemos discutir. O serviço postal, inteiramente público,

na Constituição dos Estados Unidos está lá porque, na altura em que a Constituição dos Estados Unidos foi

escrita, aquela era a tecnologia de ponta em termos de comunicação entre pessoas e, hoje em dia, os correios

não o são. Mas, perante isso, havia duas opções diferentes a tomar, sendo que uma delas seria requalificar e

redimensionar os correios para o que seriam as próximas tecnologias e as próximas vagas de fundo, seja na

digitalização, seja nas encomendas.

Ouvi bem o Sr. Deputado Carlos Guimarães Pinto, que agora não se encontra na Sala…

Vozes do CH: — Ah!

O Sr. Rui Tavares (L): — Ah, está a entrar. Ouvi-o bem, caro Colega, quando disse que o serviço de cartas

está a diminuir. É verdade, mas o de encomendas está a aumentar.

Ou seja, uma escolha a fazer por um Estado seria a escolha de um serviço público gerido pela esquerda e

projetado para o futuro pela esquerda. Tal teria preparado os correios para o que seriam as próximas atividades

dos correios. E mais: teria especializado os correios para tratarem, acima de tudo, de uma coisa — ligar gente,

assegurar proximidade, poder transferir produtos de uma ponta para outra do País e internacionalmente.

Ora, a escolha da direita e, na altura, do PSD, com o Sr. Deputado André Ventura,…

Protestos do CH.

… e do CDS, com a Iniciativa Liberal a aplaudir, foi privatizar algo que se chama CTT, mas que neste

momento é tudo menos «correios».