I SÉRIE — NÚMERO 38
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acusações do Bloco de que a administração estava a saquear a empresa — como, aliás, se verificou que estava
mesmo a fazer. Nesse ano, várias petições deram origem a propostas do Bloco, do PCP e do PEV (Partido
Ecologista «Os Verdes»), no sentido de recuperar os CTT para a esfera pública. A posição por parte destes
partidos era, aliás, por demais conhecida há vários anos. PS e direita chumbaram; André Ventura, na altura,
nem sequer abriu a boca durante o debate, tal era a preocupação com os CTT.
Em outubro de 2020, passado um ano, a nacionalização dos CTT voltou a debate aqui na Assembleia da
República. As propostas foram chumbadas, novamente, por PS e por toda a direita. A novidade do debate, aí,
foi a intervenção do Sr. Deputado André Ventura para, sem surpresa, elogiar a gestão privada. Mas vejamos:
todos os indicadores de qualidade falharam, a empresa foi descapitalizada, os lucros diminuíram, os
trabalhadores foram despedidos, populações foram prejudicadas e o Chega dizia que estava tudo muito bem e
que a gestão privada tinha sido ótima.
Protestos de Deputados do CH.
Alguém pode perguntar-se: considerando este cenário, como é que é possível, perante a realidade dos
factos, falar bem desta gestão?
Srs. Deputados, é fácil. É porque Champalimaud e o Chega estavam de relações cada vez mais estreitas.
Champalimaud participava nos jantares do partido com os seus financiadores privados. Toda a família, aliás,
financia o Chega neste momento.
Aplausos do BE.
Protestos de Deputados do CH e contraprotestos de Deputados do BE.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Olha aí a Mariana Mortágua, três tachos!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Fica claro, Srs. Deputados! Apesar do ruído e do desconforto, fica claro o porquê
de tanto defender os privados que gerem tão mal os CTT. É porque não querem saber do serviço público para
nada, só querem responder ao seu dono.
Mas vamos também ao alarido em torno dos míseros 0,24 % de ações por parte do Estado. Não se percebe
o motivo pelo qual o Governo decidiu adquirir uma fração tão residual, e a pergunta é: para que é que isto serve?
O Governo do PS teve, na verdade, várias oportunidades para reverter o erro brutal que foi a privatização dos
CTT. A verdade é que nunca o quis fazer, e quem continua a perder é o País; quem perde são as populações
que não têm um bom serviço; quem perde são os trabalhadores.
Ao longo destes anos, o PS rejeitou sempre todas as propostas do Bloco de Esquerda para o fazer e — vou
assinalar isto para que todos percebam e para que não fique nenhuma dúvida — nunca tivemos nenhum acordo
para isso. Aliás, se nos tivessem dito que era para comprar 0,24 % dos CTT, francamente, a nossa resposta
teria sido: tenham juízo! É que 0,24 % não serve para fazer aquilo que é preciso com os CTT. Não serve para
nada!
Protestos do Deputado do CH André Ventura.
O que é preciso é a nacionalização e o controlo público sobre o serviço postal, sobre a licença bancária que
foi dada de brinde a quem comprou e está a saquear os CTT e sobre o quase monopólio de venda de dívida
pública.
Srs. Deputados, Sr. Presidente, a gestão privada, onde estão os amigos que financiam o Chega, apenas
comprova esta necessidade a cada ano que passa.
Protestos da Deputada do CH Rita Matias.
Já o Bloco de Esquerda continua onde sempre esteve: os CTT devem ser nacionalizados, devemos isso ao
País. Não é novidade, é coerência da nossa posição.