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I SÉRIE — NÚMERO 38

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Protestos do Deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira.

Se os CTT se tivessem mantido em mãos públicas, não só o Estado português não teria recebido os mais

de 900 milhões de euros da venda, como provavelmente hoje os contribuintes estariam a pagar os prejuízos da

empresa, como pagaram os prejuízos da TAP, da Efacec, da CP (Comboios de Portugal) e de muitas outras

empresas públicas.

Aplausos da IL.

Srs. Deputados, a gestão privada está longe de ser perfeita. O regulador deve intervir quando as condições

de serviço da concessão não são cumpridas. Mas nada disto justifica a ideia absurda de voltar a nacionalizar os

CTT e sujeitar os portugueses a pagar por futuros prejuízos, como acontece em Espanha.

Se o fizerem, terão de explicar aos portugueses que lhes estariam a subir os impostos por uma birra

ideológica. Teriam de explicar a professores, médicos, enfermeiros que não lhes poderiam aumentar o salário

porque tinham de pagar os prejuízos dos correios.

Srs. Deputados, num negócio em declínio não há, certamente, opções perfeitas, mas podemos escolher dois

modelos distintos: o modelo português, em que o declínio é gerido por investidores privados que reestruturam a

empresa às suas custas ou o modelo espanhol, de acumulação de prejuízos, pagos pelos contribuintes, em que

administradores incompetentes são escolhidos, apenas por serem amigos do poder. É muito raro estarmos

melhores do que Espanha em alguma coisa, mas esta é certamente uma dessas situações.

É também muito raro o PS de José Sócrates ter estado certo em alguma coisa, mas esteve certo quando foi

o primeiro a defender a privatização, ainda antes da troica. É, por isso, surpreendente que seja hoje o próprio

PS a vir defender a nacionalização — o PS, que foi o primeiro partido a defender a privatização dos CTT.

É caso para dizer que só mesmo o PS pode fazer pior do que o PS.

Aplausos da IL.

Este assunto é tão ridículo que só pode ser visto como uma cortina de fumo para desviar a atenção de

problemas mais importantes. E Portugal tem problemas muito maiores. Portugal tem, acima de tudo, um

problema de baixos rendimentos, que era aquilo que devíamos estar a discutir hoje, porque, sempre que se fala

em rendimentos, o PS vem logo mencionar a subida do salário mínimo. Mas não podemos permitir que o debate

sobre fracos salários do País se esgote numa discussão sobre salários mínimos. É preciso também falar dos

salários dos trabalhadores mais qualificados, dos médicos, dos engenheiros, dos cientistas, dos gestores. E

esses trabalhadores não são dos que mais sofrem em Portugal, mas são aqueles que pelas suas qualificações

mais facilmente podem sair do País.

Posso dar o exemplo da Leonor, uma trabalhadora altamente qualificada, que, em 2005, ganhava mais 25 %

do que a média do País. Nesse ano, se ela fosse para a Alemanha, podia esperar um aumento salarial de

1128 €/mês. Hoje, esse aumento já seria, em média, de 1925 €/mês. Em relação à Holanda, a diferença salarial

para pessoas como a Leonor passou de 1523 €, em 2005, para 2571 €, hoje. E nem vou falar do Luxemburgo,

onde pessoas como a Leonor ganham, em média, mais 3000 €/mês, ou da Suíça, onde ganham em média mais

6000 €/mês.

São pessoas como a Leonor que, se hesitavam em emigrar antes, dificilmente hesitarão em emigrar agora.

O fosso salarial entre o que ganham cá e o que podem ganhar no resto da Europa não para de subir. E, com o

crescimento desse fosso salarial, cresce também a emigração de pessoas qualificadas.

No princípio deste século, cerca de 6 % dos nossos emigrantes tinham formação superior. Atualmente, quase

50 % — 50 %! — dos que emigram têm um curso superior.

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Claro, antes emigravam sem curso superior!

O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Sei que num país em que tanta gente ganha menos de 1000 €, pode

parecer estranho falar da Leonor, que ganha 1500 €, mas estamos a falar das nossas médicas, engenheiras,