11 DE JANEIRO DE 2024
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Aplausos do BE.
O Sr. André Ventura (CH): — Ao menos não é com três salários!
A Sr.ª Rita Matias (CH): — E se calhar não é a única da bancada!
O Sr. André Ventura (CH): — Vai lá buscar mais um!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção em nome da Iniciativa Liberal, tem a palavra o Sr. Deputado
Carlos Guimarães Pinto.
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Depois de tanta gritaria, vamos aos
factos.
O Sr. André Ventura (CH): — Ora bem!
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — No último ano de gestão pública dos CTT, o negócio do envio de
correspondência representava cerca de 70 % dos resultados da empresa. Os CTT eram uma empresa cuja
sobrevivência dependia da entrega de cartas, um negócio que já estava em morte lenta. O envio de
correspondência já tinha caído mais de 7 % só no último ano, e adivinhava-se que continuasse a cair.
Antecipando esta queda, nesse último ano de gestão pública, houve uma redução de 800 trabalhadores e
fecharam 125 lojas.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Nos 10 anos seguintes, a morte lenta do negócio da correspondência foi confirmada. Hoje enviam-se cerca
de metade das cartas que se enviavam há 10 anos e a tendência é decrescente. Apesar disso, hoje os CTT têm
mais 1000 trabalhadores do que tinham quando foram privatizados…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas não na área postal! As cartas demoram mais do que demoravam há três
anos!
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — … e, dos 1820 postos de correio de 2013, mantêm-se abertos 99 %.
Hoje, o negócio da correspondência, que era essencial à sobrevivência da empresa quando o Estado a
privatizou, representa menos de um quinto dos resultados operacionais da empresa. Isto são factos.
Para se perceber qual seria a alternativa, basta ir aqui ao lado, a Espanha, onde a empresa de correios se
manteve pública.
O Sr. Rui Tavares (L): — E bem!
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — Lá, como cá, há queixas de diminuição de qualidade de serviço; lá,
como cá, a entrega de cartas também está em forte declínio. Mas lá, desde 2013, ao contrário de cá, a empresa
de correios pública perdeu 5000 funcionários e 1000 postos de atendimento. Pior: desde 2018, a gestão pública
dos correios espanhóis acumula 1152 milhões de euros de perdas. Só no último ano, os prejuízos duplicaram.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Somos dos poucos que têm correios privados na Europa. Só mais três países é
que têm!
O Sr. Carlos Guimarães Pinto (IL): — O presidente do sindicato espanhol afirmou que a gestão pública tem
sido catastrófica, garantindo que o último presidente dos correios espanhóis era um incompetente que só foi
nomeado por ser amigo do Primeiro-Ministro Sánchez.