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II SÉRIE — NÚMERO 45

A prospecção sistemática de urânio em Portugal foi feita pela Junta de Energia Nuclear nas formações graníticas hercínicas e auréolas de metamorfismo de contacto do complexo xisto-granváquico e, a partir de 1971, nas formações sedimentares continentais da orla meso-cenozóica e bacia terciária do Tejo.

Nas regiões graníticas e metamórficas foi descoberta cerca de uma centena de jazigos de urânio, os quais foram investigados por meio de sanjas, sondagens e, em alguns casos, trabalhos mineiros de pesquisa e reconhecimento. Definiram-se assim «recursos razoavelmente assegurados» (RRA) no total de 6900 t métricas de urânio metal in situ (8140 t métricas de U3O8) .para um teor limite mínimo de 0,05 % de U3Os. Estes recursos exploráveis a menos de US $ 30/lb de U3O8 encontram-se distribuídos por três distritos mineiros, nas percentagens seguintes: Urgeiriça, 35%, Guarda, 17,8% e Alto Alentejo, 47,2 %.

Nestas áreas graníticas e metamórficas, apesar da intensa actividade de valorização já exercida, sobretudo entre 1955 e 1960, a prospecção não pode dar-se por concluída, pois um melhor conhecimento das condições geológicas e o recurso a técnicas de prospecção mais apropriadas poderão conduzir à descoberta de novos jazigos, sem, todavia, modificar de forma sensível os nossos RRA.

Nos sedimentos continentais da orla meso-cenozóica ocidental e bacias terciárias do Tejo e Sado prosseguem os esforços de prospecção. Por ora não foi ainda descoberto qualquer jazigo de urânio nestas formações, mas os resultados até agora obtidos aconselham o prosseguimento da prospecção. A descoberta de depósitos sedimentares poderia modificar de forma sensível o panorama dos recursos nacionais de urânio.

Actualmente não se dispõe de um tratamento de dados permitindo fornecer de modo consistente valores para recursos exploráveis a escalões de preços mais elevados (baixos teores de urânio), nem tão-pouco das categorias com menos segurança de existência (recursos adicionais estimados). Por esta razão, não se apresentam números relativos a «recursos adicionais estimados» e a «recursos razoavelmente assegurados exploráveis a mais de US $ 30/lb de U308», embora recursos destas categorias existam seguramente. A dificuldade está na sua quantificação com uma margem de confiança aceitável, tendo em conta a reduzida dimensão da área prospectiva e o não tratamento de dados em áreas conhecidas.

Os resultados encorajantes que têm sido obtidos com o emprego das técnicas de lixação in situ nas minas filoneanas de Urgeiriça e Senhora das Fontes sugerem a aplicação deste processo a outras minas já exploradas pelos métodos mineiros convencionais, para recuperação de urânio residual e em zonas pobres de minas novas. No entanto, a quantificação dos recursos recuperáveis por este processo em minas antigas é praticamente impossível por falta de dados. Na maioria dos casos apenas se sabe, à partida, que existe urânio recuperável e que vale a pena tentar a sua recuperação.

Recursos em lenha e resíduos vegetais

Relativamente a lenhas e resíduos vegetais, como fonte energética, assiste-se à lenta diminuição no seu consumo, em especial no sector industrial, onde se verifica a sua substituição progressiva pelos combustíveis líquidos e gasosos; a mesma situação ocorre na utilização doméstica, em face da concorrência, crescente, dos gases liquefeitos.

Contudo, é uma parcela a ter em. conta no balanço energético nacional, representando em 1973 4,1 % da energia consumida pelas indústrias transformadoras, atingindo valores elevados em algumas delas. Por exemplo, na indústria do álcool etílico 50,4 % dos gastos energéticos eram com lenha, na panificação representavam 41,7 % e na fabricação de resinosos, 36,7 %. E o que acima se diz supõe obviamente que, em relação a áreas como o uso doméstico, não é possível reunir dados elucidativos quanto à utilização deste combustível sólido.

De qualquer modo, é imperiosa a necessidade de racionalizar a economia da produção e consumo de combustíveis onde os materiais lenhosos residuais deverão assumir posição de crescente relevo, devido à sua fácil reprodutividade.

Finalmente, actividades industriais, como o fabrico de pasta de papel e a siderurgia, utilizam resíduos combustíveis provenientes da sua própria actividade. São também aproveitáveis e, por vezes, já utilizados no País, inclusive para a produção de energia eléctrica, os seguintes resíduos, que constituem combustíveis pobres: bagaço de azeitona, casca de arroz e licores sulfíticos provenientes do recozimento da madeira.

O inventário e avaliação destes recursos não está feito com um mínimo de rigor: é tarefa que se pretende levar a cabo no decurso do Plano.

Recursos em novas energias

As chamadas novas energias ou energias não convencionais correspondem ao aproveitamento da maior parte das que atrás se designaram por energias mecânicas e térmicas naturais e ainda o biogás, resultante da fermentação da matéria orgânica e os produtos energéticos oriundos do tratamento dos lixos urbanos.

O inventário das nossas reservas (isto é, do potencial bruto) e recursos (partes do potencial aproveitáveis dentro de determinados níveis de economicidade) está praticamente por fazer. A esta tarefa, dedicar-se-á de forma sistemática a Direcção-Geral de Energia recentemente criada. É tarefa demorada e que carece de permanente actualização, ao ritmo da evolução das tecnologias de utilização, dos custos respectivos, dos preços das energias convencionais e dos factores produtivos, em geral.

?or ora é apenas possível apresentar algumas considerações gerais de enquadramento sobre cada um destes recursos.

a) Energia solar:

É geralmente admitido que todas as regiões compreendidas entre 45° de latitude norte e 45° de latitude sul, dispondo de uma insolação anual de mais de 2000 horas, são susceptíveis de aproveitamento da energia solar em larga escala.