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II SÉRIE — NÚMERO 7

para si e para o seu partido, a defender-se perante o tribunal da opinião pública» (fim de citação).

Colocado no «banco dos réus» pelo Diário de Notícias, o líder socialista encontrou «advogados de defesa» noutros jornais, inclusive no Expresso e no Tempo. «Uma coisa», disse Marcelo Rebelo de Sousa no Expresso, «é a evidente amoralidade política de Eanes; outra é escamotear-se que Mário Soares é hoje, em Portugal, mais um grande político do passado que uma forte esperança para o futuro» (fim de citação.) Vindo de um comentarista que não tem sido benigno para o líder socialista, estas palavras mostram peso igual às que Nuno Rocha lhe dedicou no jornal que dirige. No editorial do Tempo, o director deste semanário concluiu que (citamos) «o Dr. Mário Soares pôs termo à carreira totalitária de Eanes» (fim de citação). Opinou ainda que, e voltamos a citar, «o general Eanes está derrotado».

Na polémica que envolve alguns candidatos à presidência registou-se um facto abordado apenas por três jornais, O Dia, primeiro, e depois os semanários O Diabo e o Tempo. Constituiria sempre um ponto «quente», mesmo se não atravessássemos um período de temperaturas baixas. Trata-se da participação do general Ramalho Eanes no que para alguns foi a inventona e para outros a intentona de 11 de Março de 1975, que levou ao exílio o general Spínola. Ora, acontece que o general Eanes, o qual no acto não teria participado e a ele se teria oposto (isto acentuado em livro recém-publicado, da autoria de um seu prosélito), estaria nele efectivamente implicado. Quem o diz, quebrando silêncio de cinco anos para repor o que consideram a verdade dos factos, são dois oficiais que acobertaram a cumplicidade do general no golpe, para evitar que sofresse pena de prisão. Os jornais citados apenas se fazem eco da acusação que colocaria Ramalho Eanes numa área antidemocrática, menos propícia à sua imagem pública. O caso, atingindo foros de escândalo, passou despercebido à restante imprensa, mesmo à que se empenha na individualização sistemática de escândalos ou pseudo-escân-dalos.

O resultado das eleições norte-americanas, com a esmagadora derrota de James Cárter — no início da votação contando, segundo as sondagens à opinião pública, probabilidades de vitória iguais às do adversário —, deu razão à tese defendida por um conhecido analista político e desmentiu o editorialista de O Diário. José Miguel Júdice tentou provar, na sua habitual coluna de O Diabo, a falibilidade das sondagens, em especial no nosso país. Referia-se, concretamente, às divulgadas pelos semanários O Jornal e Expresso, acerca das hipóteses de obtenção de votos dos generais Ramalho Eanes e Soares Carneiro no prélio eleitoral que se avizinha. As probabilidades, que pareciam pouco antes pender para o candidato da Aliança Democrática, revelar-se-iam agora a favor do actual locatário de Belém.

Para aquele analista político, era ilusória uma leitura linear e imediatista dos quadros do Expresso. O desfecho da luta para a presidência dos Estados Unidos forneceu a tal tese uma comprovação espectacular e que será difícil, se não impossível, subestimar. O editorialista do órgão afecto ao Partido Comunista Português, que intitulara o artigo a que aludimos de «A sondagem do Expresso gelou o entusiasmo da reacção», viu, por seu turno, gelado o regozijo

que exprimiu quando escrevia, na terça-feira (citamos): «Os resultados mostram uma superioridade tão notória do general Ramalho Eanes sobre o seu adversário que impedem qualquer tentativa de manipulação na análise dos números.» Os norte-americanos responderam-lhe que não é necessário manipular resultados de sondagens para que estas se revelem erradas...

Temos, por último, a greve convocada pelo Sindicato dos Jornalistas, que dela não saiu tão vitorioso como desejaria. Fora pretensão do Sindicato silenciar a totalidade dos órgãos de comunicação social. Ao fim e ao cabo, asseguraram a informação nacional e estrangeira — como a Radiodifusão Portuguesa, que no continente não falhou um único dos seus noticiários— dois matutinos lisboetas e dois portuenses. O semanário O Jornal, que aderiu à greve, publicará para a semana duas edições. «Estranha forma de fazer a greve», citámos o que comentava o Dia. Idêntica, aliás, à do Expresso, cujo corpo redactorial fez greve, mas antecipou a sua edição normal de sábado para quarta-feira. E publicaram-se também O País e o Tempo. Uma greve parcialmente gorada e deixando em dúvida se efectivamente contemplou os interesses dos jornalistas profissionais, cerca de 1200, quando, num plenário com somente 50 presentes, o Sindicato representativo a convocou.

ANEXO N.º 2

Emissso: «Jornal da Tarde», programa 1, dia 15 de Novembro de 1980

«Jingle» 1

A actualidade na imprensa Uma panorâmica dos jornais portugueses desta semana

«Jingle» 2

Sem a preocupação de uma análise exaustiva dos temas focados pelos jornais na semana corrente, até ao dia de ontem, indiquemos nesta «Revista da imprensa» alguns que fizeram jus a destaque e também, como veremos, a omissões.

A campanha, neste caso ainda pré-campanha, para a eleição presidencial sobrelevou de longe, nos jornais, quaisquer outros problemas. Empenharam-se a imprensa e outros meios de comunicação social em dar a público as posições assumidas pelos vários candidatos e forças que os secundam. Da panorâmica que traçaram saem por vezes favorecidos, pela soma de informação difundida, os que dão mais motivos a notícias, seja pela sua actuação própria ou pela eficiência dos serviços que os apoiam. Não seria lógico, evidentemente, omitir noticiário sobre determinada candidatura pelo facto de acerca de outra ou outras faltarem razões originadoras de informação.

Ao candidato Ramalho Eanes parece ser menos legítima esta posição. No Porto, em declarações por toda a imprensa divulgadas, exprimiu um desabafo no tocante a determinados meios da comunicação social que não especificou. «Não dão iguais oportunidades a todos os candidatos», acusação que citamos.

Problema controverso no que com o general Eanes se relaciona, já que se torna um tanto subjectiva, no seu caso, a distinção entre o candidato à chefatura do