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II SÉRIE — NÚMERO 7

Santos, que, apesar de considerar «infelizes» as afirmações do general Ramalho Eanes, toma a sua defesa, a desfavor de Mário Soares.

No rescaldo da greve dos jornalistas, os comentários que suscitou a alguns quotidianos não se caracterizaram pelo optimismo. Verificou-se, na prática, que as paralisações efectivas se registaram apenas na imprensa estatizada, precisamente aquela acumulando avultados défices que impedem as respectivas administrações de concederem os aumentos propostos pelo Sindicato dos Jornalistas. Igualmente se apurou, segundo o Diário de Notícias, que (citamos) «reflexões serão úteis sobre uma solidariedade que teve, nalguns casos, muito de precário». Paradoxalmente, esta opinião vinha ao lado de um cômputo geral da greve, feito com base em elementos fornecidos pelo Sindicato dos Jornalistas e apresentando a paralisação como êxito, visto, dizia-se, terem nela participado 1000 dos 1200 jornalistas existentes no País. A ser verdadeira esta informação, concluir-se-ia que um sexto dos jornalistas em actividade foi percentagem suficiente para garantir a publicação de mais de metade dos órgãos de imprensa e a permanência no ar de todos os noticiários da rádio e da televisão. A ser assim, ou os números do Sindicato pecam por incorrecção ou há jornalistas a mais... Quanto à Radiodifusão Portuguesa, refira-se, a título de curiosidade, uma «descoberta» — e o termo vai entre aspas — do Sindicato. Os noticiários da Radiodifusão teriam sido feitos por «5 jornalistas de base», 24 contratados a prazo e 15 chefes e coordenadores. A informação, que cria nova nomenclatura profissional, a de «jornalistas de base», daria ainda conta, a ser veraz, de um autêntico maremoto de chefias nos serviços informativos da Radiodifusão.

Na verdade, na Radiodifusão Portuguesa, onde já estão assegurados os salários máximos pretendidos pelo Sindicato, tal situação conduziu — foi dito em noticiários da RDP— a que, por solidariedade, aderissem à greve menos de 50 % dos jornalistas da empresa.

A comunicação social foi também assunto focado numa entrevista ao Tempo pelo deputado Sousa Tavares, director de A Capital, onde esporadicamente assina editoriais. Sousa Tavarees «emite opiniões desconcertantes, sempre articuladas em argumentações estilizadas pelo jurista», opinava o jornalista entrevistador.

Relativamente à comunicação social e na entrevista em causa, as opiniões expendidas não foram, porém, desconcertantes ou originais. O deputado, que afirma considerar-se «ministeriável» (se já houve tanto imbecil que foi ministro..., comentou logo a seguir à declaração), o deputado Sousa Tavares, dizíamos, não foi inovador. «A minha tese», esclareceu o director de A Capital, «é a de que seria possível levantar uma comunicação social orientada pela informação, intransigente com quaisquer tipos de deturpações, criadora no sentido de revelar os homens capazes de serem homens de informação.» (Fim de citação.) Objectivo ideal este, partilhado indubitavelmente por quem se interesse pela problemática da comunicação social. Mas como alcançar a finalidade? O deputado Sousa Tavares não o indicou na entrevista. Reconheceu, contudo, que «hâ que tornar rentáveis os jornais estatizados». Observe-se que A Capital, segundo numerosas vezes veio a público, é um dos órgãos de

imprensa que mais avultados prejuízos dá ao erário estatal...

A Comissão da Manifestação Patriótica do 1.° de Dezembro encontra-se já em pleno funcionamento.

Assim, o cortejo descerá a Avenida da Liberdade, como é de tradição, estando previsto um comício no Rossio.

A organização tem a sua sede na Avenida de 5 de Outubro, 68, em Lisboa, e dispõe do telefone 73 45 11, para onde poderão contactar todos os interessados.

ANEXO N.° 3

Texto censurado pelo subchefe de redacção Marques de Freitas (este texto continha informação em primeira mão. O responsável pelo Jornal da Meia--Noite censurou-o, sob o pretexto de que não tinha sido encomendado).

«loraa] da IVleia-EVSoite», de 16-17 oe Outubro (autor: Pedro Cid)

Parte censurada

Depois de uma conferência de imprensa que tem gerado polémica e basta controvérsia, o Presidente da República profere hoje novas declarações, numa entrevista dada ao semanário O Jornal, na edição desta sexta-feira. O general Ramalho Eanes falará do modelo de sociedade, das demarcações relativamente à Frente Republicana e Socialista e ao Partido Comunista e das declarações feitas anteontem por José Manuel Casqueiro. Por gentileza da redacção de O Jornal, foi-nos revelada uma frase do Presidente, que será, provavelmente, um dos títulos da entrevista: «Jamais me farão percorrer os caminhos da ditadura com a evocação do fantasma do perigo comunista.»

Ontem, à noite, através da televisão, o chefe da Casa Civil do Presidente da República esclarecia dois pontos controversos de declarações que na RTP proferiram José Manuel Casqueiro e o Ministro Amaro da Costa. Quanto a José Manuel Casqueiro, foi dito que não são verdadeiras as suas declarações, que há testemunhas das conversas havidas entre Ramalho Eanes e José Manuel Casqueiro, testemunhas que, disse, podem ser ouvidas, ainda que não tenha indicado o seu nome.

Por sua vez, Fernando Reino disse que o Governo nunca solicitou ao Presidente o relatório sobre Timor, ao contrário do que disse também na RTP o Ministro Amaro da Costa. O que, no dizer âo chefe da Casa Militar do Presidente da República, terá sido pedido ao general Eanes pelo Dr. Sá Carneiro foi um documento de trabalho do Conselho da Revolução, em forma de parecer sobre a resolução do caso de Timor à luz da Constituição da República.

Uma fonte próxima do CR afirmou, esta noite, à RDP ser esse parecer coisa distinta do chamado «relatório sobre Timor». Este último, disse a nossa fonte, tem um carácter estritamente militar e é apenas conhecido na esfera restrita dos mais altos comandos militares do País. É este relatório militar que está sob reserva e que o Presidente Eanes colocou na sua conferência de imprensa à disposição do Parlamento e do Executivo.