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11 DE MARÇO DE 1981

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défice da balança de transacções correntes em níveis financiáveis. A evolução global do PIB foi entretanto resultante de evoluções sectoriais diferentes. Assim, o sector da agricultura e pesca, que já tinha sofrido um decréscimo em 1968-1973, tornou a descer entre 1974-1979, com uma quebra anual de 2,3%. Se se considerar que durante este período a população cresceu substancialmente por virtude do regresso dos refugiados das ex-colónias e da redução da emigração, não é de admirar que o défice de bens alimentares venha constituindo, em termos acrescidos, um peso substancial na balança comercial, a juntar às importações de energia.

O sector secundário revelou também uma desaceleração importante (mais de 9 °fo ao ano entre 1968-1973 para menos de 4% entre 1974-1979), por virtude da quebra da procura interna e, nomeadamente, do investimento, resultante da crise de 1974-1975 e das medidas restritivas tomadas a partir de 1977. Terá sido o terciário o sector menos afectado pela desaceleração geral do PIB, embora tenha alcançado também um menor crescimento em 1974-1979 (5,7% ao ano), comparado com o de 1968-1973 (9,1 % ao ano). Em grande parte, esta evolução é resultante do crescimento do sector da Administração Pública, incluindo serviços de educação e saúde, por virtude do crescimento das despesas com o pessoal verificado no período.

A estrutura do PIB reflecte, naturalmente, estas evoluções, sendo patente na média do período de 1974-1979 o pouco peso do sector da agricultura e pesca (10 % do total), não correspondendo à percentagem da população nele empregue (cerca de 30% do total) e revelador, portanto, de baixos níveis de produtividade. Também o sector da construção se apresenta com um peso reduzido no total (5,2%), tendo o sector de serviços aumentado significativamente o seu peso. Esta situação, de reforço do VAB do terciário no total do PIB, que corresponde à evolução normal das economias ao longo do seu processo de desenvolvimento, no nosso caso, terá sido consequência, sobretudo, de uma situação inesperada (aumento de peso das despesas da Administração Pública, nomeadamente com a reintegração de pessoal das ex-colónias).

Mais recentemente, em 1980, o produto interno bruto deverá ter crescido a um ritmo semelhante ao de 1979 e superior ao previsto no Plano para 1980 (cerca de 4 %). Para este crescimento deverão ter contribuído os acréscimos da produção agrícola e pecuária e do sector da construção civil (após o decréscimo de 1979), este induzido pela recuperação do investimento. Também o sector das indústrias deverá ter registado alguma aceleração, apesar do menor crescimento das exportações e devido a certa reanimação do mercado interno. Do lado da procura terão sido as exportações, não obstante a desaceleração sofrida, e a formação bruta de capital fixo as componentes mais dinâmicas, com um crescimento que se estima em cerca de 8 %, em termos reais. Os consumos privado e público deverão ter tido um crescimento moderado, embora o consumo privado apresente uma taxa de crescimento superior à de 1979, por efeito da desaceleração da inflação e do crescimento do rendimento disponível real das famílias.

Embora as estimativas da despesa interna justifiquem muitas reservas, poder-se-á concluir o seguinte da análise do quadro vin:

a) O consumo privado terá aumentado substancialmente o seu peso no total da despesa interna a partir de 1974, o que resultou de uma alteração importante na distribuição dos rendimentos e do aumento da população, consequência do retorno dos desalojados das ex-colónias.

b) O consumo público, apesar do fim das operações da guerra colonial, não deverá ter diminuído o seu peso na despesa, por efeito do aumento dos gastos públicos.

c) O aumento do peso do consumo privado conduziu a uma maior proporção do défice da balança de bens e serviços, que atingiu 12,5% do PIBpm na média dos anos de 1974 a 1979. Este resultado explica--se em grande parte pela perda de razoes de troca devida aos aumentos de preço do petróleo; verificando-se em 1979 e 1980 um défice de bens e serviços, sem importações de petróleo, próximo, em percentagem, do verificado no período de 1968-1973.

d) A formação bruta de capital fixo terá mantido desde 1968 a sua percentagem no total da despesa.

22 — Investimento

Ritmo médio de crescimento do FBCF:

Percentagem

1968-1973 ...................................... 10,9

1974-1979 ....................................... 2,1

1968-1979 ....................................... 3,6

1978-1979 ....................................... - 1,0

1979-1980 ....................................... (a) 8,0

(a) Estimativa preliminar do DCP.

Taxa de investimento (FBCF, em percentagem do PIBpm, preços correntes):

Percentagem

1968-1973 ....................................... 18,9

1974-1979 ....................................... 19,6

1968-1979 ....................................... 19,2

Peso do investimento na procura global (FBCF/ C+G+I+Ex), preços correntes:

Percentagem

1968-1973 ....................................... 14,4

1974-1979 ....................................... 14,6

1978-1980 ....................................... 14,5

A evolução do investimento, tal como a do PIB, apresenta uma nítida desaceleração no período de 1974-1979 (crescimento de 2,1 % ao ano), face ao período de 1968-1973 (crescimento de 10,9% ao ano). As razões desta evolução são, além daquelas que explicam a evolução do PIB, uma atitude generalizada de menos confiança por parte da classe empresarial, com fundamento na ambiguidade de certas regras de jogo do nosso sistema económico. A formação bruta de capital fixo deverá mesmo ter registado em 1979 um decréscimo em termos reais, o que se não verificava desde 1975. A taxa de investimento, em percentagem do BIP, medida a preços correntes, tem, contudo, mantido o seu nível (cerca de 20 %), o que é resultante de os preços dos bens de equipamento terem evoluído a ritmo superior ao índice de preços do PIB, em virtude da sua elevada componente importada e da desvalorização do escudo.