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17 DE DEZEMBRO DE 1982

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também nas previsões que apresenta para o próximo ano.

Por outro lado, ao fraco ritmo de crescimento do comércio internacional, devido não só ao baixo nível da actividade económica, como também ao desenvolvimento mais ou menos subtil de medidas proteccionistas, tem-se associado uma forte instabilidade cambial.

De facto, a política económica que as autoridades norte-americanas vêm prosseguindo tem provocado e mantido altas taxas de juro, que, além de terem, internamente, consequências negativas no investimento e na evolução da procura, têm permitido um reforço externo do dólar. Assim, muitos países que apresentaram, após o segundo choque petrolífero, elevados défices da respectiva balança de transacções correntes têm visto agravar a sua dívida extema, dado o peso do dólar nos pagamentos internacionais e as taxas de juro que se generalizaram ao sistema financeiro internacional.

A incapacidade já demonstrada por alguns países em satisfazerem atempadamente os seus compromissos, com a consequente necessidade de reescalonamento do pagamento das respectivas dívidas externas, e o aumento progressivo da dívida externa de outros fazem com que o sistema financeiro e, particularmente, o sistema bancário internacional apresentem, actualmente, elevados níveis de risco, muito em particular no caso de alguns países da América Latina e da Europa de Leste.

O sistema bancário internacional, principal suporte destas dívidas, é particularmente sensível ao não cumprimento por parte dos países, dados os elevados compromissos que estas dívidas acarretam. Tenha-se presente, nomeadamente, o caso do México, a quem os 9 maiores bancos dos EUA emprestaram o equivalente a 40 % do respectivo capital e reservas.

O sistema bancário internacional suporta ainda, além da dívida dos Estados, a deterioração da situação financeira de muitas empresas, algumas inclusivamente de dimensão multinacional, em que a falência é já uma realidade ou uma ameaça muito forte.

Há, no entanto, que salientar alguns aspectos positivos da envolvente externa. A inflação vem desacelerando progressivamente, devendo atingir, no conjunto da OCDE, 7,5 % em 1982 e 6,7 % em 1983, tendência que também se verifica a nível da Europa, embora assuma nesta área níveis mais elevados: 10,4 % em 1982 e 9 % em 1983.

A dependência energética está, pelo menos de momento, reduzida, nomeadamente quanto ao petróleo e, em particular, ao fornecimento pela OPEP, o que tem permitido a diminuição, em dólares, dos respectivos preços nominais. Após um aumento de 12,5 % em

1981, verificou-se uma queda de cerca de —5 % em

1982, prevendo-se para o próximo ano ainda uma ligeira redução da ordem de — l %. Esta evolução é, no entanto, em grande medida, anulada pela contínua apreciação do dólar americano.

Tem-se assistido, por outro lado, desde há algum tempo a uma progressiva redução das taxas de juro nalguns países europeus. Tal significa, todavia, que se tenham deixado de verificar taxas de juro reais positivas, uma vez que se tem conseguido, simultanea-

mente, um progressivo controle da inflação. A níveí dos 7 principais países industrializados, só a Itália apresentava ainda em Outubro passado taxas de juro negativas no longo prazo. Esta situação deve ter-se alterado, contudo, no início de Novembro com a decisão tomada pelo Governo Italiano de aumentar as taxas de juro.

Em 1983 os graus de incerteza e risco manter-se-ão elevados, sobretudo nos domínios financeiro e cambial. As inflexões, há muito esperadas, na política monetária norte-americana poderão continuar adiadas, o que, a verificar-se, não criará as condições necessárias à prevista recuperação da economia mundial em ¿983.

No domínio cambial verificaram-se já desvalorizações em cadeia, o que poderá ser sintoma de que alguns países são susceptíveis de se envolverem em futuras guerras cambiais, com o objectivo de assegurarem a todo o custo a competitividade externa numa economia mundial cada vez mais proteccionista.

Com efeito, além dos realinhamentos de paridade a nível do SME ocorridos no final de 1981 e no 1.° semestre de 1982 —o último dos quais conduziu a uma desvalorização do escudo—, há que ter presentes as alterações cambiais verificadas na segunda metade de

1982 a nível dos países nórdicos. A forte desvalorização em Outubro da coroa sueca (— 16%), a seguir a uma desvalorização menor da marca finlandesa, implicou uma nova desvalorização desta última, o que corresponde a um processo de realinhamentos em cadeia.

A Noruega havia, por sua vez, procedido em Agosto do corrente ano a uma substituição do peso do dólar norte-americano pelo marco alemão no «cabaz de moedas» a que se encontra referenciada a coroa, a fim de impedir a respectiva sobrevalorização, face à moeda dos seus principais parceiros comerciais. Ainda a.nível da Europa, verificou-se recentemente a desvalorização da moeda jugoslava, no âmbito de uma série de medidas de combate ao progressivo endividamento externo deste país.

Por outro lado, a contínua apreciação do dólar americano, ao contrário das previsões efectuadas no início do ano pela maioria dos observadores, que apontavam para a possibilidade de esta moeda poder vir a cair ao longo da segunda metade de 1982, reforça as pressões pendentes sobre um grande número de moedas. Não são, assim, de afastar novas alterações de paridade a mais ou menos curto prazo, que, a não se verificarem e a manterem-se os records de apreciação do dólar, poderão tornar necessário que se suspenda o movimento descendente das taxas de juro europeias, o que terá contrapartidas negativas sobre a evolução do produto.

Por outro lado, a Europa, no contexto das previsões da OCDE, é a zona onde o crescimento económico em

1983 deverá ser ainda mais ténue, o que poderá reforçar a orientação proteccionista implementada já pela generalidade dos países.

De facto, as previsões, que no início do ano apontavam para uma animação da actividade económica desta zona durante o 2." semestre, não se vieram a verificar, o que não pode deixar de condicionar a evoiução prevista para 1983. Países como a RFA e a França, para os quais se previram taxas de crescimento do produto