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4 DE MARÇO DE 1989

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vale do Vouga. No fim do século XI regiões como a vila de Marnel, hoje freguesia de Lamas, situada junto do cruzamento do rio Águeda com a estrada que ligava Coimbra ao Porto e o couto de Albergaria de As-silhó, hoje Albergaria-a-Velha, pertenciam ao Mosteiro de Pedroso.

Muitos são os documentos que registam para a história diversas vicissitudes ligadas a Pedroso, por exemplo:

No ano de 1288, o rei D. Dinis, por carta dada em Coimbra a 31 de Maio, manda o meirinho d'Aquém--Douro que proíba cavaleiros, donas e outros homens de pousarem nas igrejas de Fiães, Sanguedo e S. Salvador de Fêveros (Vilar de Andorinho) que pertenciam ao Mosteiro de Pedroso.

Por carta de 8 de Agosto de 1323, D. Dinis confirma a imunidade de Pedroso. Perante o tabelião de el-rei na Vila da Feira e perante o alcaide de Gaia, Gonçalo de Avelar, foi lida a citada carta pela qual se ordena aos oficiais do rei que não entrem no dito couto de Pedroso: «não lhes facão hy mal nem força.»

Em pergaminho do ano de 1363 os naturais do Mosteiro de Pedroso, «os fidalgos que se diziam descendentes dos antigos padroeiros», e, por isso, com direitos de comedoria, eram ao todo 374; entre estes haviam 25 homens-ricos, 109 infanções e 104 cavaleiros e escudeiros. Por carta do rei D. Fernando, de 1370, ficaram reduzidos a 15 ricos-homens, 70 infanções e 100 cavaleiros e escudeiros. Esta atitude do rei justificou-•se pelo facto de o Mosteiro atravessar um período de crise económica, dado que os lavradores não podiam pagar as suas rendas por não lhes ser possível cultivar as suas terras, porquanto traziam os seus carros e bois ao serviço do castelo de Gaia.

No reinado de D. Pedro, no ano de 1362, o abade do Mosteiro, Francisco Domingues, apresentou queixa ao juiz do couto, Rui Gonçalves, contra Lourenço Anes Baitega, Afonso Douteiro, Gonçalo Mateus e Bartolomeu da Idanha por estes fazerem diversos estragos em suas devesas e herdades.

No ano de 1392, D. João I, por carta dada em Coimbra a 27 de Abril, confirma a doação do couto de Pedroso e proíbe que, no respeito pelos privilégios concedidos, alguém entre no couto, nem talhe madeiras da mata.

Por carta de 1394, dada na cidade do Porto a 19 de Março, o mesmo monarca (D. João I) manda que ninguém pouse no Mosteiro, nem no couto de Pedroso, nem lhes tome pão, palha, roupas, galinhas, vinho, bestas, gado, etc.

Por documentação do século xvi sabe-se que havia no couto de Pedroso um juiz, um mordomo, dois al-motacés e quatro quadrilheiros. O Mosteiro colocava um mordomo no couto e o povo elegia os restantes de três em três anos, excepto os almotacés, que eram eleitos de três em três meses por um juiz e homens bons do couto.

Em documento de 11 de Abril de 1758, o reitor e pároco da freguesia de São Pedro de Pedroso, Francisco Vieira Coelho, em informação prestada ao Bispo do Porto, D. Fr. António de Távora, diz que nesta freguesia e couto, situada no termo da cidade do Porto, há juiz ordinário com jurisdição ampla para conhecer de todas as causas civis com apelação para a Relação do Porto, e tem dois almotacés e um procurador, eleito

tudo pelo povo e confirmado pelo donatário a quem pertence o couto. Foram juízes do couto de Pedroso homens como: Rui Gonçalves, Nicolas Pires (de Jaca), Domingos Mendes, Lourenço Aires de San falhos, Domingos Pais, Domingos Soares, etc., o último juiz do couto foi Henrique da Silva Carvalho.

Pedroso manteve os poderes citados até ao ano de 1790, até à Lei de 19 de Julho, pela qual são abolidas todas as particularidades jurisdicionais e se estabelece no País o direito comum.

A partir do princípio do século xv, a Abadia de Pedroso entra no regime dos comendatarios. Em 1474 era comendatario do Mosteiro de Pedroso o prior de Guimarães, Afonso Gomes de Lemos.

Vários autores afirmam que D. Pedro Julião, único papa de nacionalidade portuguesa, com o nome de Sua Santidade o Papa João XXI, foi um dos abades da Abadia de Pedroso. Homenageando tal facto, deu a autarquia o nome de Avenida de João XXI a uma das suas principais artérias.

Foram comendatarios da Abadia Beneditina de Pedroso personalidades como Francisco Zuzarte e D. Sanches de Noronha, Bispo de Leiria.

A Francisco Zuzarte se deve o brasão da povoação, que se encontra gravado numa das pedras do Mosteiro e que é o orgulho e símbolo das gentes pedrosenses.

O cardeal D. Henrique foi o último comendatario da Abadia de Pedroso. Como grande protector da recém--criada Companhia de Jesus, pediu autorização à Santa Sé para suprimir o Convento e anexar as suas rendas ao Colégio de Artes de Coimbra, que pertencia à referida Companhia. Concedida a autorização pela Santa Sé, no ano de 1560, foi suprimido o Convento e a Abadia Beneditina de Pedroso e o já citado colégio passou a usufruir das suas rendas, sendo a administração das mesmas feita por um procurador que residia no antigo Mosteiro.

Assim terminou a Abadia de Pedroso, que, pretendendo ser um posto avançado de penetração beneditina em terras do Norte, rapidamente se transformou num pólo de desenvolvimento económico, social, administrativo e cultural para toda a região. A sua influência foi de tal maneira profunda que se tornou indelével. Passaram-se os tempos, desmoronou-se o Mosteiro de Pedroso, mas a sua identidade cultural mantém-se viva e actuante em todas as manifestações populares.

No século xvi, no Tombo de 1575, o couto de Pedroso aparece definido através de marcos, muitos dos quais ainda hoje se conservam como limites da freguesia de Pedroso. Nesse mesmo Tombo ficaram ainda registadas as propriedades do couto e as rendas e foros que os lavradores tinham de pagar aos Jesuítas.

O couto de Pedroso possuía propriedades em 37 freguesias, as quais se estendiam desde Gaia a terras da Feira, de Lafões, até termo de Aveiro.

Além das propriedades já referidas foram registadas como pertença do Mosteiro de Pedroso onze igrejas: Sanguedo, Fiães, Vale, Paramos, Macinhata de Seixa, Riba-Ul, Santo, Milheiros, Vila Maior, Alquerubim e Seixezelo.

Com a expulsão dos Jesuítas, em 1759, os bens do Mosteiro foram anexados à fazenda da Universidade de Coimbra.

Resenha sóclo-económlca

A povoação de Pedroso é actualmente atravessada pela estrada nacional n.° 1, Porto-Lisboa, numa exten-