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15 DE OUTUBRO DE 1992

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quer nos pafses ocidentais, quer sobretudo na ex-URSS — e os factores de perturbação associados ao colapso da ordem geopolítica herdada do pós-2° guerra. Em 1993 poderá tornar-se mais evidente que sem um rearranjo geopolítico em várias regiões do mundo não será possível reduzir as incertezas que pesam sobre o devir económico. Mas, ao mesmo tempo, as dificuldades económicas e as eventuais tensões entre os países industrializados poderão limitar a capacidade para proceder a esses rearranjos.

Expectativa de crescimento lento, fortes tensões comerciais e cambiais e dificuldades acrescidas na integvação da ex-URSS na economia mundial

7. No período de 1990 a 1992 assistiu-se a uma clara desaceleração do crescimento económico a nível mundial, que a dessincronização entre as principais economias industrializadas tem impedido ate agora de se transformar numa recessão generalizada.

Esse abrandamento do crescimento económico está intimamente associado à reabsorção dos excessos dos anos 80, que se traduz hoje numa acelerada desinflação dos activos (quedas nas bolsas e no imobiliário), num esforço de consolidação de sistemas financeiros fragilizados, numa prioridade à redução do endividamento por parte das empresas e dos particulares, numa redução da margem de manobra para estímulos fiscais (com a excepção do Japão) e nos primeiros efeitos recessivos associados ao fim da corrida aos armamentos.

8. A economia dos EUA sofre o impacto conjunto de todos estes factores, tendo-se assistido a uma quebra no PIB em 1991 e a uma recuperação mais lenta do que a esperada em 1992. Apenas o crescimento das exportações e a retoma do investimento pelas empresas (após o seu saneamento financeiro e a melhoria da produtividade e dos resultados) podem contribuir para uma esperada retoma do crescimento, uma vez que os consumos privado e público não irão fornecer estímulos à economia americana. No entanto, as tentativas de estimular a economia pela redução das taxas de juro a curto prazo e pela desvalorização do dólar como meio de promover as exportações, podem vir a agravar os problemas de credibilidade da moeda americana como principal moeda de reserva a nível mundial. Contudo, alguns sinais de enfraquecimento relativo da economia americana não devem fazer esquecer que o seu sector empresarial continua a deter uma posição central a nível mundial, fortemente implantado na Europa e assente sobre uma vastíssima rede de alianças estratégicas com empresas asiáticas em vários sectores. Mas se a economia americana lem uma estrutura empresarial com uma forte componente multinacional, os EUA são também o maior importador de produtos manufacturados dos pafses em desenvolvimento, o que origina tensões no seu interior entre os sectores que apostam no reforço do globalismo na economia mundial e os sectores mais proteccionistas.

Ao avançar com a constituição da Zona de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA), envolvendo os EUA, o Canadá e o México, os EUA contribuem não só para a estabilização económica e política da sua fronteira sul, como também para a reordenação das suas relações com as periferias em industrializaçEo. Assim, a NAFTA não deixará de provocar reacções no espaço do Pacífico, nomeadamente por parte de países ou agrupamentos de países (por exemplo, a ASEAN) que receiam o reforço das posições mexicanas na competição pela captação do investimento dos países asiáticos mais desenvolvidos. A criação da NAFTA constitui também uma razão adicional para aqueles que defendem a criação de um grande agrupamento económico chinês que englobe a R. P. China, Taiwan, HongKong e, em certas versões, Singapura.

9. A economia do j&pão, após anos de elevadas taxas de crescimento, registou também um claro abrandamento. A necessidade de travar e reduzir a especulação em torno dos valores bolsistas e imobiliários determinou uma política monetária mais

restritiva a partir de finais de 1989. O abrandamento do crescimento no Japão foi acompanhado por uma mudança radical (embora provavelmente temporária) da posição externa da economia japonesa: em 1991 o Japão passou de principal exportador de capitais a longo prazo a importador, interrompendo assim o seu papel central de intermediação financeira à escala mundial e contribuindo para a recessão nos dois países com os quais tinha tido as maiores relações de investimento, os EUA e a Grã-Bretanha. Mas se a economia japonesa vive neste momento sob a ameaça de uma queda ainda mais pronunciada nos seus mercados bolsista e imobiliário, apresenta, por outro lado, algumas características favoráveis no contesto dos pelses Industrializados. Assim;

• o Japão é a única das principais economias industrializadas que apresenta um excedente orçamental (facto a que a preocupação com os custos futuros do envelhecimento da sua população não é estranha), dispondo assim de margem para um estímulo fiscal;

• a credibilidade da política monetária anti-inflaccionista do Japão traduz-se nas mais baixas taxas de juro a longo prazo entre os principais países industrializados;

• a desaceleração do crescimento ocorreu após anos de forte investimento, com especial destaque para a ampliação das capacidades de l&D das empresas, podendo assim originar um fluxo de exportações baseado em novos produtos;

• a situação patrimonial das famílias, afectada negativamente pela desinflação dos activos, é parcialmente compensada pelo baixo nível de desemprego, não afectando tão fortemente o nível do consumo privado.

Estes aspectos positivos da economia japonesa, associados às recentes medidas anunciadas pelo Governo, podem indiciar o inicio de uma recuperação que se acrescenta às perspectivas de crescimento doutros países asiáticos, apontando para a manutenção da região da Ásia/Pacifico como a pólo mais dinâmico da economia mundial. É ainda de ressaltar a afirmação clara da comunidade chinesa (nomeadamente no exterior da R. P. da China) como a segunda força mais importante da região e um instrumento potencialmente poderoso para a integração da própria R. P. China na economia mundial. Refira-se, no entanto, que, se a região da Ásia/Pacífico assistiu a uma intensificação das relações de comércio e investimento intra-regional, continua muito dependente do acesso a mercados extra-asiáticos para o seu crescimento, podendo dizer-se que sob esse ponto de vista é uma região vitalmente interessada na globalização.

10. As economias dos pafses da Comunidade Europeia continuarão igualmente a atravessar uma fase de fraca actividade económica, embora se preveja uma ligeira retoma em reiação a 1992 e uma redução de diferenças conjunturais entre os seus pafses membros (por exemplo, as fortes diferenças nos dois últimos anos entre a Alemanha e a Grã-Bretanha). O abrandamento que se verificou surgiu após um período de forte crescimento (1986 a 1990) impulsionado pelo investimento, e foi acompanhado por uma redução do desemprego e por um maior controlo sobre as finanças públicas.

Para 1993, as perspectivas de crescimento europeu assentarão, provavelmente, no dinamismo do consumo privado, tendo como contrapartida parcial uma redução da poupança dos particulares. Para a manutenção das perspectives de crescimento lento vão contribuir, entre outros, os seguintes factores:

• a permanência de factores de travagem resultantes de políticas monetárias restritivas, justificadas em geral pela permanência de pressões inflacionistas e concretizadas em particular pela Alemanha, na sequência de desequilíbrios orçamentais associados à reunificação alemã e de fortes reivindicações salariais: