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19 DE NOVEMBRO DE 1992

98-(21)

Os três pilares da política económica global têm sustentado um ambiente de estabilidade macroeconómica, patente também no compromisso de estabilidade cambial assumido, em Abril de 1992, com a entrada do escudo para a banda larga do MTC do Sistema Monetário Europeu. A estabilidade nominal do escudo tem sido compatível com a preservação da competitividade da economia portuguesa, sendo de notar a forma estável como o escudo atravessou a turbulência registada no Sistema Monetário Europeu. O equilíbrio da balança de transacções correntes reflecte que a competitividade da nossa economia não tem sido afectada, antes pelo contrário. Portugal foi —juntamente com a Espanha — o país com maior ganho de quotas de mercado no comércio intracomunitário entre 1987 e 1991 e tem-se como provável a confirmação de que o mesmo está a acontecer em 1992.

A par das principais características da política orçamental, implícitas no Orçamento do Estado para 1993 e descritas no ponto ii do presente relatório, irá continuar a ser seguida uma política monetária e cambial não acomodatícia, no intuito de garantir um ambiente adequado à estabilidade de preços. Neste quadro, as empresas terão de dar uma particular atenção ao evoluir dos; seus custos, nomeadamente salariais e financeiros, no sentido de manter a sua .capacidade competitiva.

No âmbitodas políticas estruturais e financeiras, o relatório geral do Orçamento do Estado para 1993 aponta, com destaque, a política de privatizações, a eliminação dos obstáculos ao comércio e à circulação de pessoas e capitais e a liberalização dos serviços financeiros.

É também referida, especificamente, a necessidade de apoio à internacionalização e à reestruturação das: empresas nacionais,1 por formada atingir-se um acentuado acréscimo da eficiência e competitividade do aparelho produtivo nacional e do seu tecido empresarial.

A reestruturação da Administração Pública e o investimento são, tal como já foi referido, pilares fundamentais do presente Orçamento do Estado. A par da redução das despesas correntes, o consumo público deverá ter um crescimento nulo, o que obriga a uma mais adequada afectação dos meios humanos e dos serviços da Administração Pública. As reformas da contabilidade pública e do Tesouro deverão, também, permitir uma gestão orçamental mais responsabilizante e uma gestão financeira mais eficaz, com inevitáveis poupanças em recursos orçamentais e ganhos de tesouraria.

No tocante ao esforço de investimento, há um claro reforço das depesas de capital do sector público administrativo, cujo peso no PIB passa de 5,8 % em 1989 para 7,5 % em 1993. Neste capítulo, dever-se-á registar o apoio importante dado pelos fundos comunitários. Em 1993, prevê--se que as transferências líquidas atinjam os 325 milhões de contos, sem contar com as verbas que possam vir a ser transferidas no âmbito do Fundo de Coesão. No conjunto dos cinco anos de validade do quadro comunitário de apoio (1989-1993), as entradas de fundos estruturais deverão atingir 1,3 mil milhões de contos, a preços constantes de 1989.

De acordo com o quadro a seguir reproduzido, o cenário macroeconómico aponta para um crescimento do PIB em \993 de cerca de 0,75 % acima da média comunitária, podendo, no entanto, vir a ser inferior aos 3 % apontados, caso venham a verificar-se as previsões mais pessimistas apresentadas recentemente pelo FMI. O consumo privado deverá crescer 4 %, em contraposição a um consumo público que deverá estabilizar. A formação bruta de capital

fixo deverá crescer cerca de 5 %, as exportações 5 % e as importações 6 %, devendo, como já foi referido, a taxa de inflação situar-se entre os 5% e os 7 %..

QUADRO 11.5

Indicadores económicos: projecções

(Em percentagem)

 

IW2

1'JW

 

Extimalivj

 

Actividade real (taxas de crescimento):

   

PIB......'................................................

' 2 y,

3

Diferencial face à média comunitária

.. -v4

<

Consumó- privado ..:..................:.......:..:...

 

4

 

2

0

FBCF..............................••........................

4

5

 

5

5

Importações..............................................

8

6

Preços (taxas de crescimento): ,

   

Deflator do PIB.......................................

12 7,

 

Deflator do consumo privado.................

9 7j

6 V,

Diferencial face à média comunitária

5

2 7,

Balança'de pagamentos:

   

Saldo dá BtC/PIB...........':.....................

-

— l'

Sector público administrativo:

   

Saldo global (excluindo activos financei-

   

ros)/PIB..............:.......... ..... .......

— 5

- * '■><

Economia internacional (taxas de crescimento

   

real do PIB). '

   

Estados Unidos da América...................

2

3

 

2,

 

Comunidade Europeia...............„"!.'.'........

1 V,' ;

 

Fonte: Fundo Monetário Internacional e Ministério das Finanças.

IV — A proposta de lei do Orçamento do Estado para 1993

1 — Disciplina orçamental

No esforço de contenção das despesas públicas o Governo propõe que os serviços dotados de autonomia administrativa e financeira devam remeter ao Ministério das Finanças balancetes trimestrais que permitam avaliar a respectiva gestão orçamental.

A emissão de garantias a favor de terceiros pelos fundos e serviços autónomos deverão necessitar de autorização prévia do Ministro das Finanças, desde que não se inclua na mera gestão.corrente.

Acresce, também, que a aquisição de imóveis pelos serviços e organismos dotados de autonomia financeira fica igualmente dependente de autorização conjunta dos Ministros das Finanças e da tutela.

No sentido do reforço da flexibilidade da gestão das verbas do PIDDAC e do quadro comunitário de apoio, é instituída uma «cláusula de reserva de convergência», a exem-' pio dos anos anteriores. Tal cláusula prevê que fiquem desde já congelados 6 % das verbas orçamentadas' no cap. 50 de cada ministério ou departamento equiparado.

O Governo pretende, também, ficar autorizado a inscrever no cap; .50 dos Ministérios,da Indústria e Energia, das