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16 DE OUTUBRO DE 1998

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No caso da economia comunitaria há ainda a considerar o nascimento do Euro no inicio de 1999- e do inicio da regulação da política monetaria europeia pelo (S)BCE. Dado o presente contexto de incerteza e a volatilidade nos mercados cambiais e financeiros, que deve perdurar ao longo de 1999, não se afigura provável que o Bundesbank suba de forma significativa as suas taxas directoras, ainda em 1998, no âmbito do já referido processo de harmonização das taxas de juro comunitarias com vista à entrada em vigor do Euro. Assim, a política monetaria no contexto da moeda única deverá encetar-se com taxas de juro que se aproximarão fortemente do actual nível alemão. Tal corresponderá a estímulos, em termos de política monetária, para as economias que presentemente têm taxas de juro superiores nas suas moedas nacionais. Embora este estímulo já fosse esperado, ele poderá vir a ser superior ao admitido há alguns meses atrás.

O Euro deverá proporcionar condições para uma «revolução silenciosa» no comportamento dos agentes económicos europeus e acelerar a reestruturação dos sistemas financeiros nacionais. A transparência dos preços e rendimentos poderá desencadear processos de harmonização que, no caso dos rendimentos, deverão ser prudentes a fim de acautelar níveis de competitividade. As entidades financeiras verão o seu principal produto nacional ser substituído por um produto comum — o Euro — e terão naturalmente que se adaptar a um novo mercado e a novos comportamentos, prosseguindo a consolidação do processo de constituição de entidades financeiras de âmbito comunitário ou ainda mais vasto.

A evolução política russa, para além dos correspondentes reflexos económico-financeiros, poderá também influenciar o debate político-institucional comunitário.

Com os actuais sinais que a crise russa emana não é de excluir a hipótese de algum retrocesso ou suspensão das reformas económicas estruturais com uma tradução de menor abertura das respectivas estruturas políticas em relação ao Ocidente.

Esta hipótese teria implicações globais em inúmeros domínios, mas não deixaria de afectar mais especificamente a Europa por razões históricas e político-geográficas. Dado que em 1999 o debate político-institucional da União Europeia faz parte da respectiva agenda, uma eventual evolução russa no sentido de menor abertura político-democrática poderia colocar mais ênfase, pelo menos nos domínios da PESC e do alargamento.

13. ECONOMIA PORTUGUESA 1. EVOLUÇÃO RECENTE

O desempenho da economia portuguesa, no período de 1997/98, caracterizou-se por uma intensificação do crescimento económico, apresentando ritmos de progressão do PIB superiores aos verificados, em média, na União Europeia. Neste período o diferencial de crescimento face à média da UE situou-se ligeiramente acima de 1 p.p..

Estima-se que em 1998 o PLB venha a crescer a um ritmo superior a 4%, beneficiando, em particular, do importante contributo da. realização da Exposição Mundial de Lisboa, que se previa da ordem de 0,5 p.p..

Os progressos obtidos no processo de convergência nominal reemitiram que Portugal reunisse as condições necessárias para a adopção da moeda única, integrando o conjunto dos Estados-membros participantes na área do euro a partir de 1 de Janeiro de 1999. O elevado grau de convergência

obtido traduziu-se numa redução significativa das taxas de juro, na desaceleração da inflação e numa situação das finanças públicas consistente com os padrões exigidos a nível comunitário. Os resultados alcançados neste domínio reflectiram-se positivamente no desempenho da economia, repercutindo-se na melhoria das condições financeiras das famílias, das empresas e do Estado.

Os resultados positivos da evolução do PIB transmitiram-se de forma muito significativa ao mercado de trabalho, permitindo uma elevada criação de emprego e uma redução substancial do desemprego.

Nesta fase ascendente do ciclo económico, o perfil da procura tem vindo a caracterizar-se por um crescimento mais sustentado do que o verificado no ciclo anterior, assentando num contributo decisivo do investimento e no desempenho favorável das exportações, com o consumo a crescer aquém

do crescimento do PIB.

O investimento registou, neste período, um crescimento muito forte em todas as suas componentes, quer se trate do investimento das famílias, das empresas ou do sector público. No entanto, estima-se que em 1998 se verifique um abrandamento em relação ao ano anterior, devido em especial à desaceleração do investimento em construção, o qual atingiu acréscimos muito elevados em 1997. O comportamento favorável do investimento que ficou a dever-se à realização de importantes projectos de iniciativa pública, reflectiu também o efeito da redução das taxas de juro sobre as decisões das famílias e das empresas, sendo de salientar particularmente a expansão do investimento em habitação.

A consolidação da recuperação da procura interna na União Europeia contribuiu para um crescimento forte das exportações portuguesas, embora a dinâmica das vendas ao exterior de veículos automóveis e o impacto da Expo'98 nas receitas do turismo tenham sido decisivos para o desempenho global das exportações de bens e serviços. Com efeito, as exportações portuguesas apresentaram um crescimento muito significativo no início de 1998, esperando-se o prosseguimento desta tendência favorável até ao final do ano.

Após um período caracterizado por um crescimento muito reduzido, a recuperação do consumo privado consolidou-se em 1997 e 1998, apresentando uma evolução mais expressiva neste último ano. A aceleração do crescimento do consumo foi sustentada pelo acréscimo do rendimento disponível real das famílias, pelas condições favoráveis no mercado de trabalho, propiciadoras de um aumento de confiança das famílias, e pelos efeitos da redução das taxas de juro. A evolução salarial tem-se mantido moderada, tendo-se cifrado os aumentos negociados nos Instrumentos de Regulamentação Colectiva publicados até Julho de 1998 em 3,3%, contra 3,6% em todo o ano de 1997, estando subjacente a esta evolução um ganho real de cerca de 1%. No entanto, a evolução dos salários efectivos tem superado a dos convencionais, revelando o índice de remunerações na indústria transformadora um acréscimo de 4% nos seis primeiros meses deste ano.

O forte dinamismo da procura interna conduziu a um acentuado crescimento das importações, originando, em 1998, um contributo negativo das transacções de bens e serviços para o crescimento do produto, embora menos significativo que o registado em 1997.

A recuperação económica, que se vem consolidando desde 1995, apenas em 1997 se reflectiu de forma expressiva na situação do mercado de trabalho, com um crescimento do emprego de 1,9% e dos trabalhadores por conta de outrém de 1,4%, tendo a taxa de desemprego anual regredido, após. uma trajectória ascendente úesóe a recessão âe 1993. Em