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4266 | II Série A - Número 106 | 28 de Junho de 2003

 

mais perto da população e a poder resolver os seus problemas, dadas as solicitações da população e ainda em resultado do próspero desenvolvimento que Fátima revela.
Recentemente, a Câmara Municipal de Ourém "encomendou" ao Arquitecto francês Claude Vasconi um estudo para a transformação e modernização de Fátima em termos urbanísticos.
A ideia será criar um eixo central na cidade, que tem num dos pólos o Santuário, que se deve estender a sul até ao futuro centro de congressos (edifício para o qual a câmara municipal já mandou elaborar um projecto) de forma a que quem circula na auto-estrada possa ter uma perspectiva mais profunda do Santuário.
O arquitecto sugere ainda que o centro de congressos deverá ocupar um espaço mais central e equilibrado, bem como - depois do ordenamento do bloco central - as zonas laterais devem ser reforçadas de forma geométrica, e que, ao mesmo tempo, sejam criados pequenos centros urbanos.
O abastecimento de água constitui a maior preocupação de todos os intervenientes na vida urbana de Fátima, desde as autoridades do Santuário, autarquias, hoteleiros, peregrinos, aos simples moradores. Considerado solucionado em 1967, o problema da falta de água subsistiu mesmo depois de a Câmara Municipal de Ourém ter introduzido substanciais melhoramentos no sistema de abastecimento e distribuição domiciliária.
Com a intervenção e comparticipação da Câmara Municipal de Ourém, do Governo e da EPAL (Empresa Pública de Águas de Lisboa) foi o grave problema do abastecimento de água definitivamente solucionado em 1994 através de uma obra de grande fôlego que permitiu a ligação aos sistemas instalados a partir do Castelo de Bode.
Para além do saneamento básico já existente em toda a zona urbana e projectado para a restante freguesia, encontra-se em adiantada fase de construção a rede de abastecimento de gás natural, assim como a subestação da EDP, com vista a melhorar o abastecimento de energia eléctrica.
Em termos demográficos, a evolução de Fátima permitiu, não só a chegada de povos estrangeiros que aí fixaram residência, como também a vinda de portugueses de todos os pontos do País que aí residem durante todo o ano, embora alguns deles não estejam recenseados (população semi-fixa).
Além disso, o desenvolvimento sócio-económico e os inúmeros postos de trabalho criados na cidade atraem para Fátima algumas pessoas em busca de uma melhor qualidade de vida. Esta é a chamada população flutuante.
Não podemos olvidar o regresso de muitos emigrantes à sua terra natal.
A freguesia de Fátima tem, actualmente, 19 837 habitantes, distribuídos por uma área de 71 290 quilómetros quadrados.
Vejamos agora a evolução da população da freguesia desde 1920 até 2001:

Ano 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001
População fixa 2536 2949 3890 4719 5852 5898 7169 7213 10 337 (*)
População semi-fixa a) 7000
População flutuante b) 2500
TOTAL 19 837

a) Residentes em regime de permanência mas não recenseados
b) Trabalhadores vindos de fora
* Censos 2001 - Instituto Nacional de Estatística.

Número de peregrinos/ano: 6 Milhões
(Vide gráficos)

Em 1988 foi lançada a ideia de organização do processo que visava a criação, pela Assembleia da República, de um concelho em Fátima.

2 - Fenómeno religioso

Fátima constitui um reconhecido centro de peregrinações extremamente importante para o Mundo Católico.
A Cova da Iria, local onde em 1917 aconteceram as Aparições de Nossa Senhora, era um enorme e inóspito descampado. Desenvolveu-se devido ao contínuo afluxo de pessoas cujas funções se foram multiplicando, embora assumam lugar de destaque as que se ligam ao fenómeno religioso que começou como se sabe, quando três crianças naturais de Aljustrel (pequeno lugar da freguesia de Fátima) apascentavam um rebanho numa propriedade chamada Cova da Iria. Chamavam-se Lúcia de Jesus, Francisco e Jacina Marto de 10, 9 e 7 anos, respectivamente.
A 13 de Maio de 1917 sobre uma azinheira avistaram uma luz envolvendo uma Senhora que lhes falou, pedindo-lhes para rezarem e convidando-os a voltarem nos meses seguintes. Assim fizeram nos dias 13, de Junho a Outubro, data da última visão, à qual assistiram cerca de 7000 pessoas.
Em Agosto, do mesmo ano, a Aparição teve lugar no sítio dos Valinhos, próximo de Aljustrel.
Para assinalar o local das Aparições, construiu-se um arco de madeira com uma cruz. A pequena azinheira, a pouco e pouco, foi desaparecendo levada pelos peregrinos. Em 6 de Agosto de 1918, com as esmolas dos fiéis, iniciou-se a construção de uma capela em homenagem a Nossa Senhora, feita de pedra e cal, coberta de telha, com 3,30 metros de comprimento, 2,80 metros de largura e 2,85 metros de altura.
Foi a primeira construção do actual recinto de oração.
As manifestações passaram a realizar-se mensalmente, mas só a 13 de Outubro de 1930, em resultado do relatório apresentado pela comissão canónica nomeada em 1922, o Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva declarava em conclusões [D. José Alves Correia da Silva, Bispo de Leiria - Fátima - Pastoral A Divina Providência, 13 de Outubro de 1930]:

"1.º- Havemos por bem declarar, como dignas de crédito, as visões das crianças na Cova da Iria, freguesia de Fátima desta diocese, nos dias 13 de Maio a Outubro.
2.º - Permitir oficialmente o culto a Nossa Senhora de Fátima".

O Santuário possui hoje, não só um vasto conjunto de edifícios como também um amplo recinto ao ar livre com a área de 86 400 metros quadrados, que comporta cerca de 500 000 pessoas.