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86 | II Série A - Número: 152 | 8 de Julho de 2009

segunda ao Alentejo. Neste quadro, apresentam níveis de desenvolvimento diferentes e também problemas e necessidades diferentes.
Efectivamente, Setúbal é um distrito onde a variação demográfica tem sido muito diferente entre as duas sub-regiões que o constituem. Entre 1991 e 2007 a população residente cresceu 22,2% na Península de Setúbal, enquanto no Litoral Alentejano diminuiu em -2,4%. Se se analisar por grupos etários, conclui-se que, em 2007, a população com 65 e mais anos de idade representava em relação à população potencialmente activa (população com idade compreendida entre os 25 e 64 anos), 43,6% no Litoral Alentejano e 27,7% na Península de Setúbal. Existem concelhos do Litoral Alentejano onde esta percentagem ultrapassa já os 50% (50,2% em Grândola). Portanto, enquanto o Litoral Alentejano enfrenta crescentes problemas de desertificação humana, na Península de Setúbal tem-se verificado um crescimento populacional que é três vezes superior ao registado a nível nacional.
Entre 1995 e 2006, em valores nominais, o PIB do distrito de Setúbal cresceu menos que a nível do País (em Setúbal aumentou 81,1%, enquanto a nível nacional aumentou 82,6%), o que é grave já que mesmo o que se verificou a nível nacional foi insuficiente. Mas se o desagregarmos pelas duas sub-regiões que constituem o distrito, conclui-se que, entre 1995 e 2006, ele cresceu na Península de Setúbal 75,9% e no Litoral Alentejano aumentou 105,2% (por influência do concelho de Sines) embora, em 2006, o PIB do Litoral Alentejano representasse apenas 25,3% do da Península.
Se se analisar a evolução das condições de vida da população, medidas pela variação do poder de compra por habitante relativamente ao poder de compra per capita médio nacional (Portugal =100), conclui-se que, entre 2002 e 2005, no Litoral Alentejano ele passou de 68,38% para 85,70%, pelo que, apesar de aumentar, ele continuou abaixo do poder de compra médio nacional (em 2005, menos 14,30 pontos percentuais). Por seu turno, a Península de Setúbal, durante o mesmo período, passou de 110,45% para 115,67%, portanto superior ao poder de compra per capita médio nacional em 15,67 pontos percentuais.
Este crescimento insuficiente do distrito de Setúbal foi acompanhado por um desenvolvimento desigual e por uma fragilização crescente da sua base económica e social.
Em 2006, o último ano para o qual existem dados concelhios disponibilizados pelo INE, as vendas das sociedades com sede na Península de Setúbal representavam 89,7% das vendas totais das sociedades do distrito de Setúbal, cabendo às do Litoral Alentejano somente 10,3%.
Se a análise for feita relativamente ao interior de cada uma destas sub-regiões conclui-se que o concelho de Palmela representava 27,1% das vendas de todas as sociedades da Península de Setúbal, apesar da sua população corresponder apenas a 7,9% da população da Península, e as vendas das sociedades do concelho de Sines representavam 57,4% das vendas totais das sociedades do Litoral Alentejano, apesar da população corresponder apenas a 15,2%.
Em relação à indústria transformadora, apesar da crescente desindustrialização do distrito (entre 2002 e 2006, o número de empresas deste sector baixaram, em termos nominais, 25,0%), continua a ter uma grande importância (32,1% do valor acrescentado bruto (vab) do distrito em 2006, quando a nível nacional representa apenas 24,0%), muito contribuindo para este carácter industrial do distrito o subsector do material de transporte localizado na sua quase totalidade no concelho de Palmela (representa 23,1% do vab industrial do distrito quando a nível nacional essa percentagem é de apenas 5,3%), o que revela uma perigosa dependência desta região em relação a este subsector.
Embora não existam dados globais e consistentes relativos à evolução do investimento no distrito, os dados relacionados com o investimento público constantes do PIDDAC sofreram uma forte quebra, tendo contribuído para a forte degradação verificada na situação económica e social do distrito. Entre 2004 e 2008, se o PIDDAC a nível nacional diminuiu 38,7%, em relação ao distrito de Setúbal essa quebra atingiu —74,3%, ou seja, o dobro.
Como consequência da integração no espaço económico envolvente e da crescente fragilização da base económica e social do distrito, uma parte importante da sua população residente trabalha fora do distrito.
Relativamente à Península de Setúbal, já em 2003, 23,4% da sua população empregada, o que correspondia a mais de 80 000 habitantes, participavam no gigantesco movimento pendular dirigido fundamentalmente em direcção à margem norte do Tejo, o que tem determinado uma crescente interligação da Península de Setúbal numa área muito mais vasta (a Área Metropolitana de Lisboa), facto este que não poderá ser ignorado em qualquer estratégia de desenvolvimento do distrito de Setúbal.