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38 | II Série A - Número: 049 | 18 de Março de 2010

Mas, apesar da obesidade e das outras doenças crónicas não transmissíveis constituírem as pandemias do século XXI, devemos pensar na malnutrição como um todo. Literalmente, malnutrição significa má nutrição.
Engloba excesso ou desequilíbrio de nutrientes e também deficiência.
Nos últimos anos vários estudos internacionais demonstraram que 15 a 40% dos doentes hospitalizados se encontram malnutridos3, sendo que os de maior risco envolvem os portadores de doença crónica, os idosos e os socialmente desfavorecidos.
Algumas das consequências da malnutrição são: diminuição da resposta imune (aumentando o risco de infecções), diminuição da força muscular e fadiga, diminuição da função respiratória (aumentando o risco de infecções pulmonares), deficiências na termorregulação (predisposição para hipotermias), diminuição da capacidade de cicatrização, apatia e depressão4.
A desnutrição constitui um problema que normalmente se associa exclusivamente aos países pobres.
Contudo, no mundo rico onde a obesidade constitui uma epidemia, a desnutrição continua a afectar significativamente a população, atingindo 12% das pessoas com doença crónica, 16-29% dos residentes em lares e cerca de 40% das pessoas que dão entrada nos hospitais. Os primeiros estudos que identificaram o problema nos países ricos datam da década de setenta do século XX e foram desenvolvidos em instituições hospitalares. As causas deste problema estão associadas à doença, podendo, no entanto, ser prevenidas e corrigidas, não constituindo, por isso, uma inevitabilidade! Apesar disso, os dados mais actuais não mostram uma evolução positiva da situação, antes pelo contrário, pois o envelhecimento da população aumenta o risco de desnutrição. Segundo dados da European Nutrition for Health Alliance, a má nutrição na população mais envelhecida é uma situação frequente atingindo 50% dos hospitalizados com mais de 60 anos e 77% dos que têm mais de 80.
Segundo dados recentes disponibilizados pela Professora Doutora Teresa Amaral, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, a desnutrição hospitalar aumenta em 20% os custos do internamento, sendo responsável por um acréscimo de 200 a 1300 euros por episódio de internamento. Numa fase em que tanto se fala da necessidade de melhor gerir recursos económicos no sector da saúde, o combate à desnutrição associada à doença constitui uma oportunidade de somar ganhos, associando vantagens económicas particularmente relevantes à melhoria do prognóstico e da qualidade de vida dos doentes.

Formação académica: A formação de nutricionistas restringiu-se durante vários anos à Universidade do Porto, tendo inicio em 1976, directamente dependente da reitoria. Em 1996 é criada nesta universidade a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNA), difundindo-se depois através de algumas instituições de ensino do sector privado e cooperativo (Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Universidade Atlântica, Instituto Superior de Ciências da Saúde do Norte Escola Superior de Biotecnologia – Universidade Católica Portuguesa e Universidade Fernando Pessoa) com a licenciatura em Ciências da Nutrição com cinco anos e, por fim, adoptando um percurso curricular de quatro anos para as suas licenciaturas, segundo o modelo de Bolonha, com 240 ECTS e a duração de oito semestres.

Definição da profissão de nutricionista: Com o objectivo de definir as competências profissionais dos licenciados em Ciências da Nutrição e sua integração no sistema universitário português e no Espaço Europeu no Ensino Superior, foi realizada uma conferência de personalidades representativas do meio académico e profissional, em 2006, designadamente das instituições de ensino superior que ministram este curso. Nesta conferência, foi elaborado e aprovado um 3 McWhirter j, Pennington C. Incidence and recognition of malnutrition in hospital. British Medical Journal. 1994; 308: 945-948.
4 Correia M, Waitzerb D. The impact of malnutrition on morbidity, mortality, length of hospital stay and costs evaluated through a multivariate model analysis. Clinical Nutrition 2002; 22(3): 235-239.
Edington J, Boorman J, Durrant E, et al. Prevalence of malnutrition on admission to four hospitals in England. The malnutrition prevalence group. Clinical Nutrion 2000; 19(3): 191-195.
Pérez J, César M, Benavent E, Estrada A. Detección precoz y control de la desnutrición hospitalaria. Nutricion Hospitalaria. 2002; 17(3): 139-146.
Kondrup J, Johansen N, Plum L, et al. Incidence of nutritional risk and causes of inadequate nutritional care in hospitals. Clinical Nutrition 2002; 21(6): 461-468.