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7 DE SETEMBRO DE 2018 123

da precipitação. As disponibilidades de água no território levantarão desafios infraestruturais a todas as escalas

geográficas, implicando uma maior necessidade de rentabilização e eficiência das infraestruturas e da gestão

para suprir períodos de seca, que tenderão a ser mais frequentes. O acesso generalizado a recursos naturais

tenderá a ser mais oneroso e a procura de soluções de proximidade e de circularidade associadas a novos

modelos de negócio mais sustentáveis poderá influenciar a organização do território.

Portugal deverá estar a meio do seu caminho para garantir a neutralidade das suas emissões (até ao

final da primeira metade do século XXI – 2050), pelo que deverá organizar os territórios de forma a que

contribuam para este objetivo de acordo com as suas capacidades (soluções de mobilidade, eficiência

energética e redução de emissões associadas às áreas urbanas; captura de CO2 em áreas rurais).

Será um País que deverá estar mais preparado para eventos extremos, onde os riscos poderão ser

acrescidos e onerosos quer em áreas urbanas (ondas de calor, inundações, erosão costeira) quer rurais

(incêndios florestais, perda da biodiversidade, redução de produtividade agrícola), sendo fundamental assegurar

soluções de organização do território orientadas para o aumento da resiliência dos sistemas naturais, agrícolas,

florestais e das comunidades, salvaguardando nomeadamente a sustentabilidade e a conetividade da

paisagem, e a soberania alimentar.

M2 | Mudanças Sociodemográficas

Introdução

As mudanças demográficas são um dos principais desafios atuais e futuros. Nos últimos anos, a

sociedade portuguesa tem vindo a sentir as repercussões das alterações demográficas, tanto em termos sociais,

económicos e políticos como territoriais. As dinâmicas demográficas são um dos principais modeladores da

sociedade, assumindo um importante papel na configuração dos territórios e, por isso, devem estar no centro

da reflexão das políticas públicas.

No contexto europeu, Portugal manifesta uma situação preocupante devido à tendência de perda de

população em resultado dos saldos naturais e migratórios. Em todos os cenários, as previsões apontam

para uma contínua perda de população, que terá implicações em diversos setores da sociedade e da economia.

Face a estes cenários, o País terá de se preparar, adaptar e reagir.

As implicações da evolução da população nas próximas décadas têm de ser entendidas numa perspetiva

global, de modo a identificar-se todas as tendências que lhe são inerentes e responder aos diferentes fatores

críticos que se vão colocar, nomeadamente em termos territoriais.

As tendências mostram que o crescimento natural continuará em quebra, as estruturas demográficas e

familiares estarão em mutação, os padrões de vida e as dinâmicas profissionais irão alterar-se e os movimentos

migratórios possivelmente vão-se intensificar. Estes fatores terão implicações ao nível das necessidades de

equipamentos e serviços, na oferta e procura de habitação, no mercado de trabalho, na pressão sobre os

sistemas sociais e nos modelos de ocupação do território devido sobretudo ao crescimento negativo da

população, ao envelhecimento e à diminuição dos ativos.

Fatores

I. Crescimento natural negativo

Verifica-se uma significativa diminuição da fecundidade e da natalidade, o que coloca em risco a

capacidade de renovação das gerações. Menos nascimentos representam um menor número de pessoas a

chegar à idade fértil. A organização das famílias tem-se vindo a alterar, sendo tendencialmente de pequena

dimensão e com novas configurações (núcleos conjugais, núcleos monoparentais, núcleos recompostos ou

de composição informal). O desafio passa por criar condições que favoreçam o aumento da fecundidade

e, também, por preparar o País para viver com menos jovens e atrair novos residentes.

II. Estrutura demográfica mais envelhecida

A esperança de vida à nascença continuará a aumentar, pois os ciclos de vida são cada vez mais longos.