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12 DE JUNHO DE 2019

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M4 | Mudanças Económicas e Sociais

Introdução

Com a crise financeira e económica iniciada em 2008 os avanços aparentemente conseguidos no sentido de

uma maior coesão territorial na Europa foram questionados. As disparidades económicas aumentaram e os

processos de estabilização e de convergência regional diminuíram.

Com os processos de globalização e financeirização das economias as desigualdades aumentaram. Nos

últimos anos, o modelo de crescimento económico tem sido colocado em causa por muitos académicos e

decisores políticos. Este debate está relacionado com vários fatores, nomeadamente a crescente escassez de

recursos naturais finitos (pois o crescimento da riqueza económica tem-se baseado no aumento sistemático

do consumo) e uma maior consciencialização de que o crescimento económico não gera necessariamente

nem mais emprego nem uma distribuição mais justa da riqueza. Por outro lado, num contexto de indefinição

dos mercados financeiros, as perspetivas apontam para crescimentos económicos lentos a longo prazo.

Também há argumentos para se perspetivar um futuro mais local, pois a globalização constrói-se localmente.

As áreas (urbanas e não urbanas) com maiores níveis de empreendedorismo, competitividade e com economias

abertas e uma população diversificada e qualificada podem vir a ter vantagens, num contexto de criação de valor

através da mobilização dos ativos locais. Assim, no futuro, cada indivíduo e organização deverá ter ao seu

dispor ferramentas que permitam uma maior intervenção do ponto de vista social e económico.

Fatores

I. Mudança na globalização

Os avanços na combinação de tecnologias de impressão 3D e robótica podem acelerar uma evolução para

formas mais descentralizadas de produção de bens, invertendo a dinâmica da globalização assente na

fragmentação internacional da produção. Essa evolução pode traduzir-se numa redução significativa das trocas

comerciais de bens transacionáveis e nas cadeias de abastecimento geograficamente muito extensas em que

hoje se baseiam. A digitalização tende por sua vez a gerar um crescimento exponencial dos fluxos de

dados e da transação de serviços. Permanecendo o papel crucial da liberdade de circulação de capitais, da

existência de mercados financeiros globais e de uma gestão mundial da poupança.

II. Maior consciência ecológica e novas perceções de bem-estar

O aquecimento global e a consciência da importância da proteção do ambiente e da biodiversidade estão a

criar uma nova consciência ecológica. Assim, questionam-se os atuais modelos socioeconómicos, procuram-

se novos padrões de bem-estar, discute-se a injustiça social e contesta-se a insuficiente resiliência

ambiental e económica.

III. Uma sociedade mais multipolar e participativa

O mundo é cada vez mais globalizado, policêntrico e interconectado, estando a emergir uma multiplicidade

de novos atores com poder de decisão e de atuação no atual contexto socioeconómico. Os discursos

populistas, decorrentes da crise social e financeira e da desconfiança dos cidadãos nas instituições, colocam

os governos sob pressão. Por outro lado, há cada vez mais cidadãos informados e com vontade de se

envolverem na conceção de estratégias, nos processos de decisão ou no desenho e desenvolvimento de ações

públicas.