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17 DE JULHO DE 2019

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ou frequência. As alterações do clima são também um fator de injustiça social, com consequências sobre as

desigualdades intra e intergeracionais.

III. Alterações económicas e sociais

As previsíveis alterações do clima à escala local implicarão um consumo acrescido de energia para

climatização ou para a rega. As atividades económicas são chamadas a aderir a novos modelos

económicos baseados na eficiência, reutilização e circularidade e na economia de baixo carbono. Haverão

acrescidos esforços financeiros na prevenção e na recuperação de situações de emergência decorrentes

dos fenómenos climáticos extremos. Haverá maior pressão sobre a disponibilidade de água. A sociedade terá

de investir para responder ao impacto das alterações climáticas na adaptação das infraestruturas e dos

serviços sociais e de saúde que terão de responder ao impacto das ondas de calor para combater o

potencial aumento de morbilidade e mortalidade a elas associado.

Tendências Territoriais

Do ponto de vista europeu, Portugal está inserido na região do Mediterrâneo, onde a Península Ibérica é

sinalizada com um hotspot para as Alterações Climáticas. São esperadas consequências para a sociedade

e a economia europeias, embora os impactos territoriais tenham uma grande variabilidade.

A disponibilidade de água no território, num contexto de escassez crescente, levanta desafios

infraestruturais a todas as escalas geográficas, implicando uma maior necessidade de armazenamento,

níveis de maior eficiência no seu uso e um maior controlo das pressões que podem ameaçar a sua

quantidade e qualidade.

Os contrastes entre regiões húmidas e secas aumentarão, bem como a frequência e a intensidade dos

eventos climáticos extremos. Haverá impactos diferenciados, com consequências diversificadas sobre a

biodiversidade e na sua gestão.

A produtividade agrícola tenderá a ser alterada para muitas culturas, sobretudo as mais exigentes em

disponibilidades hídricas, exigindo capacidade para gerir as mudanças. Tendem a aumentar os

desequilíbrios territoriais no acesso a bens dependentes de recursos naturais e alimentares. A

produção e os consumos de proximidade poderão consolidar- se como tendência e o valor do solo poderá ser

objeto de novas abordagens integrando outras variáveis para além da sua capacidade construtiva.

A energia será um fator crítico para a mitigação e adaptação às alterações climáticas, pois a necessidade

de climatização nas cidades implicará consumos acrescidos. A opção por fontes de energia renovável e por

formas de consumo locais devem ser reforçadas, com benefícios ambientais, sociais e económicos.

O planeamento e a construção do espaço urbano passam a incorporar as óticas da mitigação e da

adaptação, designadamente a alteração dos modos e formas de utilização dos transportes, a redução do efeito

de ilha de calor urbana, a gestão do ciclo da água e a eficiência do uso da energia em todas as atividades,

edifícios e infraestruturas neles existentes.

O agravamento dos riscos obriga a um olhar mais atento sobre as vulnerabilidades dos territórios e das

populações. As migrações por razões associadas à escassez de recursos e aos riscos ambientais, que já

hoje são uma realidade, serão intensificadas pelos cenários das alterações climáticas, podendo contribuir para

aumentar o êxodo das regiões de baixa densidade do País.