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Amplo choque macroeconómico em Portugal

Tal como referido para a economia global, a evolução da atividade económica em Portugal neste

ano ficou marcada pelos efeitos adversos da pandemia de COVID-19 na procura e na oferta, efeitos

estes que interagem entre si amplificando-se, bem como pela natureza global da crise. Este impacto

adverso, e pronunciado, teve especial incidência no segundo trimestre do ano.

Os efeitos adversos da pandemia refletiram-se numa forte contração do PIB na primeira metade do

ano, de 9,4% em termos homólogos reais (que compara com um crescimento de 2,3% no mesmo

período do ano anterior). A redução da atividade económica foi mais intensa no segundo trimestre,

registando-se uma queda do PIB sem precedentes na história recente, de 16,3%, em virtude da

evolução da pandemia e medidas de mitigação aplicadas durante o estado de emergência.

Contudo, o impacto da pandemia foi deveras distinto nos diferentes setores de atividade,

registando-se no primeiro semestre, uma quebra acentuada no valor acrescentado bruto do setor

do comércio, alojamento e restauração (-16,7% face ao período homólogo) e no setor da indústria

(-13,8%), superiores às registadas nos restantes serviços (-5,6%) e que divergem do crescimento

observado no setor da construção (2,2%).

Assim, num contexto em que se estima que o PIB da área do euro contraia 8,7% em 2020, o PIB em

Portugal deverá reduzir-se 8,5% neste ano. Esta quebra do PIB deverá ser explicada por uma redução

tanto do contributo da procura interna (-6,6 p.p.), como da procura externa líquida (-1,9 p.p.).

Caixa 1. Inquérito rápido e excecional às Empresas — COVID-19

De acordo com o inquérito rápido e excecional às empresas (COVID-IREE), em abril de 2020, 80%

das empresas sinalizaram uma redução do seu volume de negócios (comparativamente com a

situação sem pandemia), cerca de 60% destacaram a redução de pessoal efetivamente a trabalhar

e 16% assinalaram o encerramento temporário da sua atividade. Em termos setoriais, é possível

verificar que o alojamento e restauração foi o setor onde uma maior percentagem das empresas

reportou uma redução do seu volume de negócios, bem como do pessoal efetivamente a trabalhar,

o que reflete em particular as medidas de encerramento impostas e o fecho das fronteiras. Ainda

em termos de volume de negócios, a pandemia afetou de forma semelhante os vários escalões de

dimensão.

Com a redução progressiva das medidas de contenção constatou-se uma melhoria da situação

empresarial, em particular na primeira quinzena de junho, com uma subida da percentagem de

empresas que se mantinha em atividade para 95%, uma diminuição da percentagem de empresas

com redução de pessoal efetivamente a trabalhar para 39%, e uma redução das empresas com

decréscimos do volume de negócios para 68%.

De acordo com informação disponibilizada no occasional paper do Banco de Portugal sobre «O

impacto de curto prazo da pandemia COVID-19 nas empresas portuguesas», é ainda possível

estimar uma queda do volume de negócio no conjunto de empresas cobertas pelo COVID-IREE em

torno de 35% em abril (-17% na primeira quinzena de julho), com o alojamento e restauração a

registar uma redução de 72%, enquanto a redução apurada para o pessoal ao serviço deverá andar

em torno de 30% (-9% na primeira quinzena de julho).

Apesar desta queda de atividade, as medidas adotadas pelo Governo, em particular o layoff

simplificado, permitiram conter o impacto no emprego com cerca de 83% das empresas em julho

a não antecipar alterações nos postos de trabalho até ao final do ano. Ainda de acordo com a

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