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30 DE JUNHO DE 2021

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as chaminés bojudas e rendilhadas e a «imitação» das antigas portas de madeira, igualmente trabalhadas.

Outros exemplares da arquitetura moderna podem ser encontrados em alguns «resorts turísticos», tendo

saído do lápis dos mais conceituados arquitetos nacionais e estrangeiros, os quais conseguiram uma perfeita

harmonia do edificado com a natureza o que em muito tem contribuído para a valorização do território de

Almancil.

3.3. Elementos culturais de Almancil

No que se refere aos elementos culturais mais identitários de Almancil temos a considerar o sítio arqueológico

dos Salgados na margem esquerda da ribeira de S. Lourenço, onde eram produzidas ânforas no período de

ocupação romana a partir do Século I d.C. Foram também identificados naquele local, tanques destinados à

salga de peixes e à preparação de diferentes produtos piscícolas 13, tanques esses que constituem as famosas

Cetárias Romanas do Ludo.

As festas podem-se considerar também outros elementos característicos de Almancil. Dentro das festas

destacam-se duas: a Festa das Comunidades (festa do emigrante) e a Festa da Pinha.

O facto de Almancil ser considerada a terra da diáspora onde se reúnem diversas nacionalidades, é palco

para que a festa do Emigrante passasse, há cerca de 20 anos, a designar-se por festa das comunidades a qual

ocorre anualmente no mês de agosto. Trata-se de uma festa de inter e de multiculturalidade, em que cada uma

das comunidades dá a conhecer a sua cultura, a sua gastronomia e as suas tradições, especialmente no domínio

do folclore, atraindo uma verdadeira multidão e permitindo o convívio entre todos os que se identificam com a

diáspora.

A Festa da Pinha realiza-se nos dias 2 e 3 de maio e apesar de ser originária da aldeia de Estoi, os

almancilenses, especialmente os residentes em S. Lourenço e no Ludo, associaram-se sempre a esta festa,

tornando-a também como sua. Trata-se de uma festa de cariz popular, com cerca de 200 anos de tradição e

que está associada aos almocreves de Estoi e ao abastado proprietário José Coelho de Carvalho, do Morgado

do Ludo, que era o maior comerciante de cortiça no primeiro quartel do Século XIX e que pagava aos almocreves

os seus serviços de angariação de cortiça, justamente, no dia da Padroeira da Senhora do Pé da Cruz, tendo

estes que se deslocar a sua casa no Ludo para receber o que tinham direito.

Na atualidade, a descida dos «romeiros» de Estoi ao Ludo faz-se pela manhã, em desfile ou cortejo de carros

alegóricos enfeitados com flores e ramos e outros adereços de natureza etnográfica, a que se juntam os

cavaleiros vestidos a rigor e montados nos cavalos preparados e a condizer com a festa. Levam o farnel e

passam o dia na Mata do Ludo, regressando a Estoi ao cair da noite, com os rituais característicos, dando vivas

à padroeira da Senhora do Pé da Cruz em agradecimento pelo «milagre antigo» e a horas de iniciar a procissão

com os archotes e as tochas, muitas das quais, como era hábito há muitos anos atrás, feitas das pinhas que

trouxeram do Ludo. A festa permitiu desde sempre, uma grande proximidade entre as pessoas de Estoi, Santa

Bárbara, S. Lourenço e o Ludo, conhecendo-se todos, famílias inteiras, muitas das quais apenas se encontram

naquele dia, constituindo a festa um dos maiores acontecimentos populares/etnográficos/religiosos do Algarve.

4. Património natural

4.1. O Parque Natural da Ria Formosa e a Reserva Natural do Ludo

Os cerca de 8 km costeiros pertencentes ao território de Almancil estendem-se praticamente desde a praia

da ilha de Faro até ao Trafal, fazendo parte do Parque Natural da Ria Formosa. De salientar, dentro daquele

parque natural, a zona delimitada pela própria Reserva Natural do Ludo (ou Mata do Ludo), local de elevado

valor ambiental e que deve ser preservado uma vez que que constitui uma mais-valia incalculável sob o ponto

de vista dos serviços de ecossistema, designadamente de suporte, regulação e provisão.

Trata-se, efetivamente, de uma área que contém um riquíssimo património ambiental, sendo referenciada no

âmbito das zonas húmidas e que faz parte integrante das zonas especiais de proteção como área especial de

proteção de habitats naturais. Nesta área existem exemplares de espécies ornitológicas raríssimos que podem

13 Brandão, V. (2015). Embarco. Em V. Brandão (Coord.), Sal e pesca no Algarve Romano. Olhão: Edição do Município.