O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 DE SETEMBRO DE 2024

3

gritante, com 5,6 mil casos registados por 100 000 habitantes5.

Portugal ocupa assim o 5.º lugar no ranking dos países da União Europeia, onde 11 %6 da população

sofrerá pelo menos um episódio depressivo ao longo da sua vida, e 3 em cada 10 portugueses7 já foram

diagnosticados com esta doença. Um número que pode ser consideravelmente superior já que muitos

diagnósticos ficam por fazer8. A principal razão para esta situação reside no estigma, ainda presente, em

relação às doenças mentais. Por diversas vezes, mesmo quando alguém apresenta sintomas, os mesmos são

desvalorizados ou os doentes acreditam que um tratamento não produzirá efeitos e, por isso, evitam procurar

ajuda médica.

Relativamente aos jovens, o panorama não é positivo e agravou-se com a pandemia. Informações trazidas

a público no final de 2022 por um estudo realizado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra9, e que

teve por base uma amostra de 5440 adolescentes, revelaram que Portugal está também acima da média em

comparação com os países avaliados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), afetando 42 % destes

jovens.

Ora, a depressão aumenta significativamente o risco de suicídio, jovens deprimidos têm uma probabilidade

muito maior de tentar ou completar um ato suicida. Se a este facto juntarmos que a perceção de infelicidade

disparou entre 2018 e 2022 dos 18,3 % para os 27,7 %, estamos em crer que os números da depressão irão

agravar-se e potenciar um aumento do risco de suicídio.

Em Portugal, um relatório da Pordata10 revelou recentemente que 95 % dos jovens entre os 15 e 24 anos

ainda vivem com os pais, 60 % têm um vínculo de trabalho precário, 25 % estão em situação de pobreza ou

exclusão social. Diante destes dados, é possível esperar uma pressão adicional exercida sobre os jovens

potenciando o risco de pensamentos suicidas.

Prova disso são as recentes declarações do diretor do serviço de Pediatria Clínica do Hospital de Dona

Estefânia, Dr. Gonçalo Cordeiro Ferreira: «os números duplicaram em quatro anos […] os casos de

intoxicação medicamentosa voluntária aumentaram de 226 em 2018 para 464 em 2021 e o prognóstico para

2022 é reservado»11, acreditando que os números serão seguramente semelhantes ou superiores.

Recorrentemente, os jovens recorrem a psicofármacos prescritos aos próprios ou a familiares, em alguns

casos, apenas para chamar a atenção, noutros, existe efetivamente ideação suicida (33 %), dos quais quase

metade reincidentes e seguidos em pedopsiquiatria.

E é sobre estes últimos que devemos dedicar especial atenção, pois nem sempre uma consulta ou

medicação resolvem o problema. Para a sua resolução, o espaçamento entre consultas deve ser reduzido e a

resposta deve ser abrangente e também social. E, neste campo, os cuidados primários e as escolas devem ter

um papel mais ativo na prevenção e/ou agravamento da doença, considerando programas de promoção de

autocuidado e de reforço das competências sócio-emocionais de jovens, familiares, educadores e professores,

numa resposta de proximidade integrada que articule as diversas estruturas da comunidade e que vise

sobretudo a diminuição da necessidade de recurso aos serviços de urgência.

São apenas 132 os pedopsiquiatras que atualmente garantem a assistência em unidades do Serviço

Nacional de Saúde, porém, faltam pelo menos mais 200 especialistas para dar resposta a todas as

necessidades, segundo declarações feitas em março pelo Ministro da Saúde, Dr. Manuel Pizarro12, que nesta

data prometeu uma avaliação.

No País existem três unidades regionais de urgências pedopsiquiátricas13, que deixaram de funcionar

durante a noite, precisamente o período de maior procura, decisão imposta pela Direção Executiva do SNS

(DE-SNS) no âmbito da reestruturação da Rede Nacional de Serviços de Urgência de Psiquiatria da Infância e

da Adolescência14, manifestamente contestada pela Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), que reclama

por urgências de pedopsiquiatria abertas até à meia-noite.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentalmente aplicáveis, os Deputados do Grupo

5 Portugal no top 3 dos países europeus com maior incidência de depressão e ansiedade – Jornal Universitário do Porto (juponline.pt). 6 Depressão (sns24.gov.pt). 7 Três em cada 10 portugueses já foram diagnosticados com depressão (dn.pt). 8 35 % das pessoas com depressão em Portugal acham apenas que andam cansadas, não procuram ajuda e não têm a perceção de que têm um problema (expresso.pt). 9 Depressão aumenta nos adolescentes afetando 42 % dos jovens (dn.pt). 10 Portugal: 95% dos jovens entre os 15 e 24 anos ainda vivem com os pais, 60 % têm um vínculo de trabalho precário – Expresso. 11 «Já tivemos crianças de 11 anos aqui»: tentativas de suicídio duplicaram em quatro anos na Estefânia (expresso.pt). 12 Seriam precisos 200 pedopsiquiatras no SNS para assegurar todas as necessidades (jn.pt). 13 Urgências de pedopsiquiatria divididas em Norte, Centro e Região de Lisboa, Alentejo e Algarve – Observador. 14 Regulamento das Urgências Pedopsiquiatria (min-saude.pt).