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20 DE JULHO DE 2024

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quietos na bem-aventurança, não descem do altar, só esperam devoção e respeito. O Francisco não.

Acompanha a gente na cidade […]. Acho que ele está no momento ditando em Divinópolis os mais belos

poemas e prosas a Adélia Prado. Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo». Com o

apoio de Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado iniciaria assim o seu percurso, inspirando também

outras mulheres da sua época, de todas as idades, sendo atualmente considerada a mais importante poeta

viva do Brasil, comparada apenas aos escritores do movimento árcade que participaram na revolta da

Inconfidência Mineira, liderada por Tiradentes.

Numa sociedade profundamente religiosa como a divinopolitana, Adélia capta essa religiosidade no sentido

carnal, extravasando um infinito sentimento de ligação com o mundo. A sua poesia é religiosa, não porque

retrata santos e divindades mas porque remete a uma natureza que transcende os sentidos, explodindo de

forma sagrada, mas também intrinsecamente humana. O seu estilo barroco, como a própria poeta descreve,

«eu sou de barro e oca, sou barroca», ilustra na perfeição essa contradição entre material e imaterial, «carne»

e espírito.

A cultura popular também pode ser observada nos seus poemas e prosas, através da descrição das

personagens e situações que nos apresenta. Adélia observa as situações, bem como a sua própria vivência, e

dá-lhes forma, imortalizando o que seria vulgar e esquecido. Não por acaso, Adélia Prado transforma o dia-a-

dia banal em versos perenes.

A atribuição do Prémio Camões de 2024 a esta grande escritora brasileira é, além de merecida, uma

evocação da grandeza da língua portuguesa e a sua riqueza imaterial – um ato de deslumbramento e gratidão

pela nossa casa comum que é a língua portuguesa.

Assim, a Assembleia da República saúda a poeta, filósofa, professora, romancista e contista brasileira

Adélia Prado pela conquista do 36.º Prémio Camões.

Assembleia da República, 16 de julho de 2024.

A Deputada e os Deputados do L: Isabel Mendes Lopes — Jorge Pinto — Paulo Muacho — Rui Tavares.

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PROJETO DE VOTO N.º 227/XVI/1.ª

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE PAULO PINHEIRO

Paulo Luis do Carmo Pinheiro, fundador e presidente do Conselho de Administração do Autódromo

Internacional do Algarve, morreu no passado dia 10 de julho, com 52 anos.

Natural de Portimão, engenheiro mecânico de formação e ex-piloto automóvel, Paulo Pinheiro dedicou sua

a vida ao desporto motorizado, uma paixão de todas as horas que o levou a sonhos maiores em nome do

desporto português e da sua projeção internacional.

A 2 de novembro 2008 inaugurou, na sua cidade natal, o Autódromo Internacional do Algarve, considerado

um dos melhores da Europa.

Foi nesta magnífica obra que Paulo Pinheiro concretizou outros dos seus maiores sonhos, com a conquista

das mais relevantes provas internacionais – o regresso a Portugal da Fórmula 1, em 2020 e 2021, e das

sucessivas edições anuais do MotoGP.

Os sonhos de Paulo Pinheiro foram também os sonhos de muitos de nós, que, nas asas desses sonhos,

vivemos momentos inesquecíveis que perdurarão para sempre na memória de milhões de fãs do desporto

motorizado, sendo disso exemplo a histórica vitória do nosso Miguel Oliveira, em 2020, no Autódromo

Internacional do Algarve.

Ao Paulo Pinheiro devemos um contributo ímpar na afirmação do Algarve e do País como grandes palcos

internacionais do desporto motorizado, deixando assim um legado único em Portugal.

As suas notáveis qualidades humanas e profissionais marcaram todos os que com ele tiveram o privilégio