O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3 | - Número: 027 | 29 de Abril de 2011

Assembleia da República, 17 de Março de 2010 O Deputado do PSD, Mendes Bota.

Anexo

Intervenção de Mendes Bota no debate preliminar sobre «Desenvolvimento sustentável e turismo: por um crescimento de qualidade Subcomissão de Turismo da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa Quinta do Lago, Almancil, 17 de Maio de 2007

As alterações climáticas e as suas consequências sobre o turismo

Sr. Presidente, Caros Colegas,

As alterações climáticas representam riscos, mas também oportunidades. Ainda perduram discrepâncias sobre a magnitude do impacto e a extensão do aquecimento global, das mudanças na precipitação, na localização e na intensidade dos fenómenos meteorológicos extremos, das tempestades e dos tsunamis, das inundações e das secas extremas, das faltas de água. E espera-se que o ambiente possa ser mais adverso na zona norte do hemisfério.
Existe, claramente, uma relação biunívoca entre o turismo e as alterações climáticas. O turismo tem a obrigação de minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente, especialmente pela emissão de gases de estufa. Mas, porque as alterações climáticas irão ter um impacto directo em muitos destinos turísticos, o sector tem que estar a par das suas consequências e ser capaz de se adaptar e ajustar a elas.
Há, claramente, duas áreas em risco: as zonas costeiras e as zonas de montanha. Nas primeiras, verificarse-á a erosão das praias e das falésias, elevação do nível da água do mar, catástrofes dos tsunamis e tempestades, carência de água potável.
Nas zonas de montanha a estação de Inverno encurtará, haverá menos gente a aprender os desportos de Inverno, a pressão da procura pelas grandes altitudes crescerá. Em contrapartida as estações de Verão aumentarão, com maior procura, mas consequências ambientais negativas.
Imagine-se o futuro balanço de custos e benefícios no Árctico, onde uma estação de Verão maior poderá beneficiar o turismo de cruzeiros, actividades como a observação de baleias e outras, mas invernos reduzidos poderão significar uma diminuição dramática da fauna e da flora, que são a atracção dos visitantes.
O turismo não pode ser olhado isoladamente. Tem impactos no emprego, na economia regional e local, nos transportes, nas infra-estruturas sociais, na construção, no abastecimento agrícola, no artesanato, nos negócios locais.
À excepção dos desportos de Inverno, as perdas de procura em determinados destinos podem levar ao aparecimento de destinos alternativos, tudo dependendo da capacidade do turismo para assegurar a sua sustentabilidade.
Daí que tenha que existir uma comunicação clara e séria para que as autoridades do turismo e governamentais compreendam como a indústria e a economia será afectada pelas alterações climáticas face aos seus potenciais competidores.
Há que reconhecer que o turismo é um grande poluidor, especialmente no que se refere aos transportes rodoviários e aéreos, especialmente aqueles, contribuindo largamente para a emissão do chamado Greenhouse Gás (GHG). Podem minimizar-se estas emissões, encorajando soluções sustentáveis para os transportes. Mas a proporção das emissões provocadas pelos transportes aéreos está a crescer vertiginosamente. Provoca ruído, congestiona o tráfico e prejudica a qualidade do ar.
A sustentabilidade do turismo também assenta noutros factores, como a preocupação com o elevado consumo de água per capita dos turistas, com a eficiência energética ou com os impactos sobre a fauna e a flora.
E aqui, há que ter em atenção que a dessalinização é uma boa solução, complementar ou alternativa das fontes tradicionais de recursos hídricos, e cada vez mais barata.