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II SÉRIE-D — NÚMERO 10

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emprego, à educação e ao alojamento. A este propósito, o orador referiu a situação do acesso a água

canalizada que, para os ciganos residentes na Roménia, é similar à dos habitantes do Butão. Neste contexto,

deixou um repto aos parlamentares presentes, no sentido de um compromisso mais forte, em conjunto com

os seus governos, tomarem medidas concretas para melhoria tangível das condições de vida dos ciganos,

nomeadamente através do aproveitamento dos fundos do atual e do novo QFP.

Jonathan Mack, representante do Conselho Central dos Ciganos Alemães (sinti e romani) partilhou uma

perspetiva da sociedade civil sobre a inclusão dos ciganos. O orador começou por agradecer a Resolução

do Parlamento Europeu. Referiu a importância do reconhecimento da existência de ódio e hostilidade,

comparável ao antissemitismo, que se traduz em manifestações de racismo quotidiano no acesso ao

alojamento, à escola e à saúde. Acresce que, frequentemente, as vítimas deste racismo estrutural são, elas

próprias, consideradas culpadas por isso. Continuou, referindo que a responsabilidade da luta contra a

discriminação não é das minorias, mas da restante sociedade e instituições e que, embora no debate político

se note já alguma diferença, na sociedade continua a verificar-se uma rejeição à comunidade cigana,

exemplificando com um (então) recente homicídio de um cigano búlgaro em Berlim. Expressou, ainda, a sua

preocupação quanto ao facto de, em Itália, se pretender registar os ciganos, o que viola as leis fundamentais

e terá, como consequência, dificultar a permanência dos ciganos que não tenham passaporte italiano. Deu

ainda o exemplo do Presidente da Câmara de Duisburg, que se referiu aos ciganos como sendo pessoas

que sujam as ruas efazem assaltos. Aludiu, ainda, à importância do reconhecimento do genocídio dos

ciganos pelos Nazis que, durante o holocausto, exterminaram mais de 500.000 ciganos. Terminou,

reconhecendo a existência de sinais positivos, como a criação de comissões de verdade e reconciliação e o

importante trabalho do Conselho da Europa, sublinhando que a hostilidade contra os ciganos é um ataque à

democracia europeia.

Seguiu-se uma intervenção do Deputado sueco Thomas Hammarberg, que iniciou a sua intervenção

reiterando as ideias dos anteriores oradores, sobre o longo caminho a trilhar para uma plena integração dos

ciganos, devendo o primeiro passo consistir no reconhecimento da existência de um problema,

nomeadamente através do esclarecimento da história, o que tem um enorme impacto positivo no

relacionamento e na confiança. Enquanto antigo comissário para os direitos humanos do Conselho da

Europa, o orador teve oportunidade de contactar com a realidade difícil dos ciganos nos vários países.

Partilhou, ainda, a experiência sueca, muito positiva, onde foi constituída uma comissão para a integração,

composta por nove elementos (6 ciganos e 3 peritos de vários setores). A comissão analisa as questões

históricas, bem como o presente e o futuro, produzindo relatórios com estratégias a adotar. São também

abordadas questões concretas, como o facto de a polícia pretender registar ciganos apenas com base na

sua etnia, o que acabou por ser legalmente impedido, ou o facto de a polícia e os tribunais não relevarem os

crimes contra ciganos. Foram ainda reiteradas as seguintes ideias já abordadas em anteriores intervenções:

fomentar a integração através da educação e do emprego sendo, para isso, necessária formação para

entidades públicas e privadas sobre a cultura cigana; assegurar uma plena cidadania aos ciganos,

terminando com a situação escandalosa de existirem apátridas na UE; assegurar a representação política

dos ciganos; e aproveitar as competências existentes na comunidade cigana. Terminou a sua intervenção,

sublinhando que, para terem sucesso, todas as ações deverão ser decididas em conjunto com os ciganos.

Seguiu-se uma fase de debate com parlamentares nacionais e do PE, durante o qual foram partilhadas

experiências de integração de ciganos, providenciando programas de acesso a alojamento, educação,

emprego, cidadania e envolvimento na vida pública (Momcilo Martinovic, do Montenegro; István Bajkai,

da Hungria; e Pedrag Bakovic, da Eslovénia;). Alguns intervenientes centraram-se na situação difícil dos

ciganos, nomeadamente ao nível da pobreza e das condições de saúde. (Veljko Kajtazi, da Croácia). Maria

Theleriti, da Grécia salientou ainda o facto de o medo dos ciganos estar a aumentar, no que foi secundada

pela MEP Julie Ward (S&D). Eva Matyasova, da R. Checa, aludiu às barreiras linguísticas, que constituem

mais um elemento de segregação dos ciganos. Os MEPs R.Franz e J. Sargentini ( ambos do Grupo dos

Verdes/Aliança Livre Europeia),referiram o facto de o governo alemão ter decidido não ser necessária uma

estratégia nacional de integração dos ciganos.