O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-D — NÚMERO 24

6

pandemia de COVID-19, bem como da coesão territorial e referiu que o problema da desertificação do interior,

que se manifesta em toda a península, impõe a execução de uma estratégia comum de desenvolvimento

territorial entre Portugal e Espanha.

Reconheceu, por outro lado, a imprescindibilidade de uma resposta de dimensão europeia no combate à

pandemia, aludindo ao Plano de Recuperação, acordado no Conselho Europeu de julho, o qual atesta que a

Europa mantém vivo o respeito pelo cumprimento dos seus princípios fundadores.

Apelou, não obstante, a uma atitude proativa por parte dos dois países e não apenas de meros recetores,

desejando que, do espaço de diálogo conferido pelo Fórum, resultassem propostas de aprofundamento das

relações luso-espanholas.

Meritxell Batet Lamaña, Presidente do Congresso dos Deputados de Espanha, agradeceu, em nome dos

Deputados do Congresso, a receção portuguesa e exaltou o facto de se ter mantido o encontro num contexto

de pandemia, o que demonstra a importância de que lhe é conferida pelos dois países.

Nessa senda, expressou que só através da cooperação se conseguirá ultrapassar a presente crise e

reconstruir a economia. Destacou o simbolismo da comemoração do quinto centenário desde a primeira volta

ao mundo de Fernão de Magalhães e o quanto os dois países têm beneficiado da cooperação desde tempos

longínquos.

De entre os temas a abordar, salientou a cooperação transfronteiriça, objetivo que transita do último encontro,

em Valladolid, o qual se mantém premente e a carecer da atenção adequada, alegando que existem muitas

oportunidades por explorar na raia.

Finalizou a sua intervenção com a leitura de um poema do autor Miguel Torga, intitulado «Fronteira»:

«De um lado terra, doutro lado terra;

De um lado gente; doutro lado gente;

Lados e filhos desta mesma serra,

O mesmo céu os olha e os consente.

O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;

Uivos iguais de cão ou de alcateia.

E a mesma lua lírica que vem

Corar meadas de uma velha teia.

Mas uma força que não tem razão,

Que não tem olhos, que não tem sentido,

Passa e reparte o coração

Do mais pequeno tojo adormecido.

de um lado terra, do outro lado terra;»

Elisa Ferreira, Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, que participou à distância, a partir de

Bruxelas, agradeceu a oportunidade, cumprimentou os Deputados e referiu ter um especial apreço pela matéria

referente à cooperação transfronteiriça, salientando que a definição de estratégias para o interior constitui um

enorme desafio por pressupor que se contrarie uma dinâmica económica que favorece a centralização em

grandes centros urbanos.

Reconheceu, por outro lado, que a adesão à União Europeia, promoveu o esbatimento das fronteiras e referiu

que Portugal e Espanha foram pioneiros no respeitante a programas de cooperação bilateral, fazendo alusão

ao Interreg e ao POCTEP, «Programa de Cooperação Espanha-Portugal Interreg».

Mencionou que os fundos que serão disponibilizados pela União Europeia, fornecerão a oportunidade de

intensificar e diversificar as estratégias de investimento no interior, devendo ser bem empregues sob pena de

se gerarem mais assimetrias, as quais são conhecidas por criarem consequências devastadoras, não só em

termos sociais e económicos, mas também para a democracia.

Relembrou que a pandemia demonstrou que as zonas menos povoadas podem servir de reequilíbrio

comparativamente aos grandes centros de hiperconcentração que comportam graves riscos de contágio, para

além do impacto negativo sobre o ambiente, finalizando com um apelo à necessidade de reequilíbrio e de coesão

social e territorial.