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1. Introdução: A gestão da Mata Nacional de Leiria

A Mata Nacional de Leiria (MNL), Pinhal d'El-Rei ou Pinhal de Leiria, abrange uma superfície

total de 11.021 ha de domínio privado do Estado Português, correspondendo a perto de 2/3 do

concelho da Marinha Grande. Esta é uma floresta pública emblemática da história e cultura

florestal portuguesa. Foi plantada por ordem de D. Afonso III no Século XIII e expandida por D.

Dinis nos séculos XIII e XIV.

A gestão do Pinhal de Leiria, assim como a de muitos outros pinhais do litoral, tem seguido várias

etapas de acordo com a evolução dos objetivos e necessidades. O objetivo de fixação das dunas

para proteção das culturas agrícolas terá sido a razão das primeiras sementeiras de pinheiro nos

areais da costa pelos primeiros reis e da escolha do pinheiro bravo, à semelhança do que se

fazia nas landes em França.

O fornecimento de matérias primas para a construção naval foi outro objetivo importante. De

notar que para a construção de naus teria sido muito mais explorada a base florestal de pinheiro

manso que, segundo Pinto (1939), existiria na região já bem antes de D. Dinis. A crescente

escassez de madeira para a construção naval fez com que o pinhal de Leiria passasse, em 1783,

da Real Coroa para a Superintendência da Marinha. Em 1796 a conservação de todos os pinhais

reais era confiada à Real Junta da Fazenda da Marinha.

O objetivo de uma gestão mais profissional conduziu, em 1824, ainda dentro do Ministério da

Marinha, à criação da Administração Geral das Matas, funcionando com grande independência

técnica e administrativa, sendo responsável pelas receitas e despesas e pela aplicação de todos

os fundos destinados à conservação e aproveitamento das matas. E de modo a que fosse

incorporada na gestão das matas o melhor conhecimento científico, o Administrador Geral

deveria ser “munido de estudos das ciências naturais” e a reforma de 1847 explicitava até que o

cargo pudesse recair num oficial do corpo de engenharia, como aconteceu com Frederico

Varnhagen, ou “em algum dos lentes jubilados das faculdades de filosofia ou matemática tanto

da Universidade como das Academias do Reino”. A importância do conhecimento científico era

já então reconhecida. As primeiras referências em Portugal sobre a possibilidade de utilização

do fogo controlado em pinhal, por exemplo, foram feitas pelo primeiro Administrador Geral das

Matas do Reino, Frederico Varnhagen, baseado na sua experiência prática no Pinhal do Rei,

indicando ser este "um meio seguro de livrar o pinhal de ser incendiado no verão” (Varnhagen,

1836). Outro caso que demonstra a importância do conhecimento científico associado à MNL é

o do pinheiro bravo na Austrália. Introduzida no início do séc. XX, a cultura desta espécie

dependia integralmente de semente proveniente da MNL, tendo nesta mata nacional, entre 1963

a 1965, sido selecionadas 85 árvores plus que constituíram a base do programa de

melhoramento do pinheiro bravo na Austrália (Perry & Hopkins, 1967). Também em Portugal o

programa de melhoramento do pinheiro bravo se baseia em material genético recolhido

originalmente nessas árvores plus da MNL, com base no qual se constituíram os dois pomares

II SÉRIE-E — NÚMERO 4______________________________________________________________________________________________________

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