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por parte dos partidos da oposição em apontar casos pontuais, em apontar, como eu também dizia no outro dia, algumas "árvores em vez da floresta", para dizer que está tudo mal, que não há confiança, etc. E os exemplos dados pelo Sr. Deputado vão, mais uma vez, nessa linha - refiro-me, por exemplo, aos pagamentos especiais por conta. Mas, Sr. Deputado, também é preciso que se explique o que são os pagamentos especiais por conta e qual é o seu impacto efectivo. Isto porque os Srs. Deputados, quando, por exemplo, fazem declarações de grande preocupação sobre o facto de o mínimo do pagamento especial por conta ter triplicado, esquecem-se de dizer que o valor em que ficou foi de 250 contos. Ora, o Sr. Deputado paga mais do que isto por mês, de certeza, de imposto. Portanto, temos de saber do que estamos a falar.
O Sr. Deputado fala-me no número de empresas em falência, mas esta deveria ser uma preocupação vossa. Acho extraordinário que venha mostrar uma preocupação com este aspecto que é consequência de políticas anteriores;…

O Sr. Joel Hasse Ferreira (PS): - Olhe que não!

O Orador: - … é consequência, por exemplo, do facto dos custos das empresas terem crescido mais do que os custos dos seus competidores durante os últimos anos. Não é, seguramente, consequência de termos uma política orçamental mais rigorosa do que aquela que existia anteriormente; não é consequência das políticas correctas, que o Sr. Deputado muitas vezes tem referido, que são medidas positivas, para as empresas.
Não vamos confundir as coisas, porque, infelizmente, já esperávamos este agravamento do desemprego - e era uma preocupação nossa -, face ao que estava a acontecer. Aconteceu o que dissemos que iria acontecer, porque esta é a forma de correcção dos desequilíbrios que foram criados, e seria muito mais grave se não tivesse havido mudança de políticas. Penso que seria importante verificar e constatar - infelizmente, só se constatará no futuro, porque, como não é uma ciência exacta, não há possibilidade de experimentar - o que aconteceria, designadamente para o ano, se não tivesse havido mudança de políticas. Qual seria o agravamento do desemprego, se nada tivesse mudado.
Aprecio muito a sua preocupação com as reuniões de emergência do PSD/Porto e a sua solidariedade com o Partido Social Democrata, e tenho todo o gosto em esclarecê-lo, como amanhã também terei ao fazer o mesmo no Porto.
Quanto à questão da estratégia das privatizações, ainda bem que toca nesta matéria, e fá-lo num dia particularmente oportuno, porque é o dia em que está comprovado que, primeiro, não andamos a discutir privatizações na praça pública, e sempre que isto se fez, como sabe, saiu asneira. Sempre que se discutiram questões de estratégia de empresas importantes para a economia nacional na praça pública as consequências foram, normalmente, negativas.
Segundo, definimos, sobretudo em relação a empresas que são cruciais para a economia nacional… E a que hoje foi decidida no Conselho de Ministros é uma delas, porque estamos a falar de uma empresa de pasta e papel e não de uma simples empresa, estamos a falar de uma empresa que é praticamente todo o sector da pasta e papel, que, por acaso, é um dos mais importantes e em relação ao qual se pode aspirar a ter posições de liderança a nível europeu e internacional. E, por isso, demorámos o tempo que foi preciso - e penso que não foi muito, Sr. Deputado, e já passaram seis meses…

O Sr. Maximiano Martins (PS): - Referi a citação!

O Orador: - Já lá vamos a essa citação - aliás, recomendo que a leia correctamente, porque quando a situação é classificada de vergonhosa pelo analista que referiu é em relação às pressões públicas que se exerceram, e que eu também considero inaceitáveis, se quer que lhe diga. Considero que não é aceitável que, quando o Governo está a definir uma estratégia, haja um conjunto de pressões públicas no sentido de tentar forçar a decisão do Governo num ou noutro sentido. Ou melhor, penso que as pessoas têm o direito de tentar exercer as suas pressões, como o Governo tem o direito de as não aceitar. E, portanto, nós decidimos independentemente das pressões, independentemente de tudo o que se disse, fazer aquilo que entendemos ser o melhor para a empresa e para o País, e penso que chegámos a uma solução muitíssimo equilibrada e que vai, de facto, potenciar a empresa e o sector, respeitar, integralmente, as regras do mercado de capitais, que é algo que nos preocupa, e permitir que tenhamos, no futuro, uma estrutura accionista equilibrada, uma empresa mais forte e um mercado de capitais melhor.
Por isso, fazer essa referência hoje, desculpe que lhe diga, é particularmente inoportuna. É muito engraçado ouvir dizer que nós não dissemos nada sobre privatizações, quando basta consultar, e recomendo que o façam, o Programa do Governo, o Programa para a Produtividade e Crescimento da Economia, o Orçamento do Estado deste ano. Tudo o que se pode dizer está dito, tudo o que se pode fazer está feito neste momento.
Não esperariam, decerto, que começássemos a privatizar independentemente dos preços que correm no mercado de capitais! Não esperariam que vendêssemos, ou privatizássemos, parte da EDP a um preço que corresponde a metade do que foi fixado na última privatização! Agora, o que era basicamente urgente fazer era em relação à Portucel e ao IPE - que os senhores fazem o favor de sempre esquecerem -, e que corresponde ao que era possível e desejável ser feito, e foi feito.
Hoje, o IPE caminha, como sabem, para a sua extinção, que não é uma simples liquidação (isso seria relativamente fácil de fazer) mas uma liquidação com uma rearrumação coerente das participações e alienação daquelas que o são no imediato. Aliás, ouvi o líder do seu partido dizer, aquando da campanha eleitoral, que esse aspecto do IPE era para esquecer, que era um simples fogacho eleitoral. Mas, como pode constatar, não foi fogacho eleitoral, correspondeu à realização do que prometemos.
Francamente, quando se diz que o Governo nada adianta sobre privatizações, para além de não ser exacto, é querer que façamos o que não deve ser feito, ou seja, andar permanentemente a discutir as empresas na praça pública. Isso não se faz, e não o faremos! Como já provámos, decidiremos - como referi em Plenário - tranquilamente, longe da praça pública, longe das pressões e sempre em função daquilo que for o interesse nacional, como foi o caso de hoje.
Quanto ao resto, pode ter a certeza, Sr. Deputado, que me são totalmente indiferentes os comentários que se façam a esse propósito, desde que entendamos que estamos a actuar no interesse das empresas e do País.