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4 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

sentar nesta Camara, e nos concelhos de Marco de Canavezes e de Baião.

Seria ocioso, e até impertinemente, expor á Camara a influencia da viação no fomento da riqueza do paíz e por isso sem me explanar em theorias por demais conhecidas e comprovadas, entro já no assumpto.

A viação publica no districto de Braga é constituida pela rede ferro-viaria, que se compita da grande arteria chamada linha do Minho, pelo seu ramal da capital do districto e pelas linhas de via reduzida de Guimarães e de Villa Nova de Famalicão á Povoa de Varzim; aviação ordinaria é constituida por cerca de 700 kilometros de estradas reaes e districtos.

Á grande arteria da linha ferrea do Minho foi, a meu ver, erradamente escolhida a directriz, pois segue á beira-mar, quando se devia dirigir pelo centro da provincia, indo até a capital do districto, e d'ahi por Pico de Regalados e Arcos do Valle de Vez a Monção, para entrar em Hespanha. Assim teria a grande conveniencia de atravessar a zona central da provincia, zona que é incontestavelmente a do maior densidade da população do país, tão densa como a das povoações ruraes mais populosas da Europa; e evitava-se o inconveniente, que esta linha apresenta, sob o ponto de vista estrategico, pois indo junta ao mar pode ser facilmente destruida em tempo de guerra. Basta l ou 2 navios para bombardear os comboios que por ali passam.

Os inconvenientes, porem, d'este traçado não podem remediar-se agora, nem eu ousaria pedir ao nobre Ministro, nas circumstancias actuaes do Thesouro, que mandasse construir um caminho de ferro. O que peço é que mande concluír algumas estradas, que são de urgente necessidade, e reparar as existentes.

Essas reparações custaram o anno passado, segundo uma nota que me foi enviada pelo Ministerio das Obras Publicas, apenas 5:383$440 réis. Ora, no districto de Braga, ha, como d'isso, cêrca de 700 kilometros de estrada; e está apurado que a cada kilometro construido deve ser destinada annualmente, para a sua conservação, a verba de 50$000 réis. Sendo assim, é incontestavel que, pelo menos, se deviam ter gasto 30:000$000 réis na conservação dessas estradas, isto numa época normal; mas ellas chegaram a um tal estado de deterioração que, segundo uma requisição feita pela Direcção das Obras Publicas d'aquelle districto, para a reparação d'essas estradas, eram necessarios 110:500$000 réis.

Veja V. Exa., Sr. Presidente, a que estado verdadeiramente lamentavel de destruição chegou a viação publica no districto de Braga!

Estes 110:500$000 réis foram requisitados em agosto do anno passado, pedindo-se que fossem concedidos réis 22:000$000 por anno, durante o prazo de cinco annos; mas, até hoje, não que consta que essa requisição fosse satisfeita.

Posto isto, vou chamar a attenção do nobre Ministro das Obras Publicas para algumas estradas que, segundo me consta, carecem de reparação urgentissima. São ellas, principalmente: a estrada real n.° 3, desde Santiago da Cruz a Famalicão, e mais 2 kilometros no sitio de Palmeira; a estrada real n.º 27, desde Braga até Prado; a entrada real n.° 29, desde Martim a Ferreiros; a estrada real n.º 28, desde a Augusta até ao sitio da Rita; a estrada real n.º 31, na extensão de 4 kilometros, em Villa Boa; e a entrada real n.º 32, na extensão de 3 kilometros, em Lordello, e cerca de 4 na Lameira.

Estas estradas estão num estado verdadeiramente lamentavel e carecem de uma reparação immediata.

Alem d'estas reparações - sabe-o V. Exa. e a Camara, porque por mais de uma vez, em anteriores legislaturas, tem aqui tudo chamada a attenção do Governo para este ponto - é indispensavel concluir a estrada de Braga a Chaves, á qual faltam apenas 25 kilometros. É certo que esses 25 kilometros já não ficam no districto de Braga, mas sim no do Villa Real; no entanto, essa estrada é, actualmente, em assumpto do melhoramentos materiaes, a principal aspiração da cidade de Braga.

Neste districto, segundo me consta, a estrada está concluída, e falta apenas uma pequena verba de alguns contos de mil réis para a conclusão de uma ponto que liga os dois districtos de Braga e Villa Real. Feito isso, a estrada ficará completa naquelle districto, e para a sua conclusão final faltará apenas o troço de 25 kilometros a que me referi, no districto de Villa Real, cuja construcção não deve ser muito cara, porque nesse ponto a directriz segue quasi sempre as eminencias montanhosas do Barroso, onde as expropriações, pela pobreza dos terrenos incultos, deve ser baratissima.

O Sr. Ministro das Obras Publicas, mandando concluir esta estrada, faria um grande beneficio á provincia do Minho e á cidade de Braga, e tambem a grande parte da região transmontana, (Apoiados).

É tambem de urgente necessidade a conclusão da estrada districtal n.° 12, de Covas a S. João do Campo, no concelho de Terras de Bouro. A viação nesse concelho está atrasadissima, as communicações são muito difficeis, e a expropriação deve ser relativamente modica, porque esta estrada, que virá a ser uma arteria internacional, se que em grande parte pelas serranias do Gerez.

É ainda de absoluta necessidade concluir a estrada de serviço para a estação de Caniços, da linha ferrea de Guimarães, para o que faltam apenas 800 metros, devendo, portanto, a despesa a fazer ser insignificante.

A vantagem da construcção d'este ramal é muito grande, não só porque liga uma estação ferroviaria á rede das estradas do districto, mas tambem porque serve uma região onde existo a importante fabrica de fiação e tecidos de Riba de Ave.

Cousa notavel, porem: os trabalhos de construção d'esta estrada, quasi finda, foram abandonados, tendo-se iniciado a abertura de uma e outra que liga com a rede da viação ordinaria o apeadeiro de Lousado, o que parece demonstrar que o Sr. Ministro das Obras Publicas deu mais attenção a esta do que aquella, embora esta traga muito maior despesa por ter cerca de 9 kilometros, e não seja tão necessaria.

Sr. Presidente: na cidade de Braga a media dos carros de toda a especie que ali entram diariamente é de 710, em Barcellos essa media diária é de mais de 600, e em Guimarães de 500.

Só dos carros de bois que entram em Braga, e que pagam a taxa de 20 réis, cobra a camara 3 contos 600 e tantos mil réis por anno.

Por aqui vá a Camara qual é o grande movimento de viação naquella cidade, naquelle districto em geral, o quanto é necessario reparar as estradas que ali existem para que esta viação se possa fazer em boas condições. (Apoiados).

Sr. Presidente: se é certo que quero muito á cidade de Braga, onde passei algum tempo da minha vida e que me honrou com os seus suffragios, não quero menos aos concelhos de Baião e Marco de Canavezes, por isso que sou natural do primeiro, e porque elles em tres anteriores legislaturas me distinguiram com igual prova de confiança.

Por isso declarei no meu aviso previo &o Sr. Ministro das Obras Publicas, que desejava chamar a attenção de S. Exa. para o estado da viação nestes dois concelhos.

No concelho de Baião residiu S. Exa. alguns annos da sua vida, pois que foi engenheiro distinctissimo na construcção do caminho de ferro do Douro, que o atravessa de oeste a leste; e, portanto, conhece como eu o estado miseravel da viação publica naquelles concelhos.

Em Baião, segundo um mappa que me foi enviado pela secretaria d'esta Camara, e que tenho presente, ha apenas construidos 24:626 metros de estradas. E note V. Exa.,