O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

158

CAMARA DOS DIGNOS PARES.

SESSÃO DE 9 DE FEVEREIRO DE 1848.

Presidiu — O Em.mo e R.mo Sr. Cardeal Patriarcha.

Secretarios, os Srs. Pimentel Freire.

Margiochi.

Aberta a Sessão pela uma hora e um quarto da tarde, verificado o numero de 31 D. Pares presentes, fez-se a leitura da Acta e foi approvada. — Concorreu o Ministerio, excepto os Srs. Ministro da Fazenda, e da Justiça.

Mencionou-se a seguinte

CORRESPONDENCIA.

Um Officio do D. Par V. da Serra do Pilar, fazendo sciente, que por falta de saude não tem concorrido ás Sessões, nem poderá por ora concorrer.

O Sr. C. de Lavradio — V. E.ma estará lembrado, de que em uma das Sessões passadas eu pedi a palavra, para quando estivesse presente o Sr. Ministro dos Negocios do Reino, porque desejava fazer uma pergunta a S. Ex.ª, a qual na sua ausencia fiz ao Sr. Presidente do Conselho de Ministros, que teve a bondade de me responder.

Agora, Sr. Presidente, seja-me permittido cumprir a promessa que hontem fiz á Camara, de apresentar-lhe um documento que eu considero de muita importancia, sobre tudo depois de se ter negado o que eu acabára de dizer. É uma carta desse desgraçado estrangeiro (que se diz estar em mui triste estado de saude), dirigida ao Vice-Presidente da Agencia Financial de Londres, em consequencia das Portarias do nobre Duque de Palmella, que eu li nesta Camara, e estão publicadas no Diario do Governo. Para provar o que eu disse, bastaria lêr a ultima parte dessa carta, mas se a Camara me permitte lerei toda. (Vozes. — Leia).

«Mornington Place n.º 15. = Hampstead Road 9 de Julho de 1846. = Confidencial. = Ill.mo Sr. = Em referencia á vossa communicação de hontem, muito sinto ter de declarar-vos, que a grande descida ultimamente occorrida nos Fundos Portuguezes de tal modo me envolveu em uma transacção separada da nella, que vós tendes dirigido por minha parte, que de todo me impossibilita de fechar desde já a compra que tendes feito de minha conta. Tão confiado estava eu na estabilidade das cousas em Portugal, e tão illudido a respeito da derrota dos guerrilhas, segundo as noticias publicadas, que continuei até mui recentemente a transacção que conservava em aberto, em consequencia do que soffri um prejuizo de libras 1:500, cujo pagamento, segundo ajustei com os correctores, deverá realisar-se aos quarteis, pela metade dos meus vencimentos. Isto inhabilita-me a satisfazer as libras 900 que, ao preço actual dos fundos, seriam necessarias para fechar a transacção que tendes feito de minha conta, segundo as instrucções do Conde do Tojal; porém como ha toda a probabilidade de que os fundos subam brevemente a 53 e meio, ao qual preço se poderá fechar esta transacção sem prejuizo, confio que o Duque de Palmella consentirá que ella continue em aberto até então, para se fechar logo que este preço se possa obter, pois que tendo solemnemente resolvido não tirar della vantagem alguma, tambem desejava evitar qualquer perda. O facto de ter conservado os Bonds por tanto tempo é a prova mais clara, tanto da sinceridade da minha convicção de que Portugal podia fazer face ás suas despezas, como da impressão honesta, debaixo da qual eu escrevi, e que ainda conservo, de que com tranquilidade e uma Administração illustrada, todas as difficuldades se poderiam vencer, circumstancias que concorrerão poderosamente para que os Fundos Portuguezes subam muito além do valor porque presentemente são cotados.

«Eu tinha esta convicção, e ainda a tenho, não obstante ser victima della. A intelligencia em que fiquei com o Conde do Tojal quando comprastes os Bonds por minha conta, foi de que este negocio ficava tendo um caracter amigavel, e nunca seria considerado como transacção official, e nessa mesma época eu recusei com indignação o dinheiro que me foi offerecido por Costa Cabral, como antes já havia recusado Commenda da Ordem de Christo que Fulano me offerecera de parte de Costa Cabral e de Fulano. = Tenho a honra de ser etc. etc. = T. M. Hughes.»

E proseguiu — Peço tambem licença para lêr outros documentos.

«Manda A RAINHA pelo Ministerio dos Negocios da Fazenda, declarar á Agencia Financial em Londres, em additamento á Portaria confidencial de 29 de Junho ultimo, e em resposta á sua representação tambem confidencial de 16 do corrente, relativamente á compra de libras 20:000 de Bonds de 4 por cento por conta de T. M. Hughes, feita em virtude das Portarias do 1.º de Outubro e 4 de Novembro de 1811, que o Governo desejando antes que o ajustamento desta transacção se possa fazer sem prejuizo do interessado, não póde comtudo acceder a que se corra o risco de maior difficuldade