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N.º 20

SESSÃO DE 30 DE MAIO DE 1887

Presidencia do exmo. sr. João Chrysostomo de Abreu e Sousa

Secretarios - os dignos pares

Frederico Ressano Garcia Conde de Paraty

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta.- Correspondencia. - O digno par conde de Alte justifica a falta do sr. Barros e Sá á sessão e faz algumas considerações sobre um telegramma recebido das christandades de Sholapoor.- O digno par Vasconcellos Gusmão participa que o sr. José Horta tem faltado ás sessões por motivo do fallecimento de uma pessoa de familia. - O sr. presidente nomeia dois dignos pares para irem desanojar o sr. José Horta. - Ordem do dia, primeira parte: parecer n.° 49. São approvadas sem discussão as conclusões primeira e segunda do parecer, relativas á eleição dos srs. José da Costa Pedreira e D. Miguel Pereira Coutinho, que prestam juramento e tomam assento. - É tambem approvada a terceira conclusão do parecer.-Segunda parte da ordem do dia, resposta ao discurso da coroa: usara da palavra os srs. Agostinho de Ornellas e Costa Lobo. - Estando quasi a dar u hora. o sr. presidente levanta a sessão, dando para ordem do dia de amanhã, 31 do corrente, na primeira parte, o parecer n.° 49 e na segunda a continuação da que vinha para hoje.

Ás duas horas e meia da tarde, estando presentes 19 dignos pares, o sr. presidente declarou aberta a sessão

Lida a acta da sessão precedente, julgou-se approvada, na conformidade do regimento, por não haver reclamação em contrario.

Mencionou se a seguinte:

Correspondencia

Um officio do digno par visconde de Soares Franco, participando que, por motivo de doença, não póde comparecer ás sessões da camara.

A camara ficou inteirada.

(Estava presente o sr. ministro dos negocios estrangeiros. Entrou durante a sessão o sr. ministro da guerra.)

O sr. Conde de Alte: - Sr. presidente, pedi a palavra, em primeiro logar, para participar a v. exa. e á camara que o digno par o sr. Barros e Sá não póde comparecer á sessão de hoje por incommodo de saude, e igualmente para dar conhecimento á camara de um telegramma recebido hontem de Sholapoor na India.

O telegramma diz o seguinte:

"Igreja continúa fechada, intervenha por nós."

Sr. presidente, hontem era domingo e aquellas christandades, vendo a sua igreja fechada, e lembrando-se de que não podiam assistir ao santo sacrificio da missa, desejando na sua afflicção ter um desafogo religioso, que por alguma forma lhes desse consolação, foram ao telegrapho e mandaram, para Portugal o telegramma que acabo de ler.

Estimaria bem ter a eloquencia do meu illustre amigo o digno par Thomás Ribeiro, para descrever com tocantes palavras o estado em que se acham aquellas christandades de Sholapoor, como s. exa. ha poucos dias descreveu á camara as ceremonias da semana santa em Ceylão. Eu tinha lido á camara um jornal de Bombaim, que relatava o que se tinha feito em cada dia da semana santa, mas o digno par, com a sua inspirada palavra, descreveu essas ceremonias de una modo tão eloquente e tocante, que a todos commoveu.

Convem que a camara saiba a historia da igreja de Sholapoor, do antigo varado de Poonah, que sempre pertenceu ao padroado.

O ecclesiastico que servia essa igreja, o padre Olympio de Sousa, desejando reedifical-a, mas não tendo meios, pediu licença ao vigario geral para fazer um peditorio em toda a presidencia de Bombaim, com o fim de obter recursos para edificar uma nova igreja, e com tanta felicidade metteu mãos á obra que depois de muito tempo e fadigas, póde juntar a importante somma de 4:000 rupias.

O vice-rei da india, lord Ripon, que então se achava em Bombaim de visita, subscreveu com 100 rupias, o governador de Bombaim, sir James Fergusson, com outras 100, o municipio de Sholapoor offereceu o terreno para a edificação da nova igreja, e até a administração do caminho de ferro transportou todos os materiaes por meio preço das tarifas. O thesouro de Goa concorreu tambem com 1:000 rupias.

Foi d'este modo que o benemerito e zeloso ecclesiastico póde edificar a actual igreja de Sholapoor, que a concordata entregou aos inimigos do padroado, mas que os freguezes não quizeram entregar e a fecharam, e na sua dor e desolação dirigiram domingo este tão simples como tocante telegramma.

Que fatalidade foi esta, sr. presidente, de entregar á propaganda uma igreja edificada e sustentada pelos portuguezes, e que sempre pertenceu ao padroado?

Pois é possivel que se ignorassem estas circumstancias quando se negociou a concordata, ou ainda quando, depois de assignada e ratificada, o governo dirigiu á Santa Sé as suas reclamações?

É na verdade lamentavel.

Tratando se n'este momento o negocio do padroado, eu entendi que devia dar conhecimento á camara d'este telegramma de Sholapoor, hontem recebido.

O sr. Vasconcellos Gusmão: - Pedi a palavra para declarar a v. exa. que o sr. José Maria Ponte e Horta não tem podido comparecer ás sessões por motivo do fallecimento de sua irmã.

O sr. Presidente: - Encarrego os dignos pares os srs. Thomás de Carvalho e D. Luiz da Camara Leme de irem desanojar o digno par o sr. José Maria da Ponte e Horta.

Vae entrar-se na primeira parte da ordem do dia.

PRIMEIRA PARTE DA ORDEM DO DIA

Parecer n.º 48

Leu-se na mesa o parecer n.° 48, que é do teor seguinte:

PARECER N.° 48

Senhores.- ´S vossa commissão de verificação de poderes foi presente o processo da eleição de dois pares do reino pelo collegio districtal de Angra do Heroismo, e bem assim os diplomas e documentos comprovativos de categoria dos dois pares eleitos, D. Miguel Pereira Coutinho e José da Costa Pedreira.

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