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N.º 32

SESSÃO DE 2 DE JULHO DE 1890

Presidencia do exmo. Sr. Antonio Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel

Secretarios - os exmos. srs.

Conde d'Avila
Conde de Lagoaça

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta.-Correspondencia.-O digno par Oliveira Monteiro manda para a mesa uma representação da mesa da ordem do Carmo da cidade do Porto, e faz sobre ella varias considerações.- Secunda-as o digno par Thomás Ribeiro, que pede tambem providencias contra as fabricas de calcinação de ossos nos Terramotos.- Responde o sr. presidente do conselho e ministro do reino.- Lêem-se na mesa dois officios vindos da camara dos senhores deputados.- O digno par o sr. Teixeira justifica as suas faltas ás sessões.

Ordem do dia: continuação da discussão do bill de indemnidade.- Le-se uma proposta do sr. Coelho de Carvalho, e é admittida á discussão.- Faz declarações ácerca da reforma do exercito o sr. presidente do conselho.- Usa da palavra o digno par o sr. Cypriano Jardim.- Succede-lhe no uso della o sr. D. Luiz da Camara Leme, que, antes de dar a hora, e por muito fatigado, pede lhe permitiam que suspenda o seu discurso e o continue na sessão immediata. O digno par é attendido. - O sr. conde do Bomfim insta por documentos já pedidos.- O digno par Costa Lobo pede providencias contra o levantamento de terras na capital, e per-gunta se em Macau houve alguma cousa de extraordinario.- Responde-lhe o sr. presidente do conselho- O sr. Barros Gomes manda para a mesa, e pede que seja publicada no Diario do governo, uma representação da commissão administrativa da junta de Santarem contra o lançamento do addicional de G por cento. A camara ap-prova a desejada publicação.- O sr. Luciano de Castro faz varias considerações no sentido de não saírem tão caras, como da outra vez, as actuaes providencias contra o cholera.- Responde-lhe o sr. presidente do conselho.- Toma a palavra sobre o mesmo assumpto o digno par Pereira Dias.- Levanta-se a sessão e designa-se a immediata, bem como a respectiva ordem do dia.

Ás duas horas e quarenta minutos da tarde, achando-se presentes 24-dignos pares, abriu-se a sessão.

Foi lida e approvada a acta da sessão antecedente.

Mencionou-se a seguinte:

Correspondencia

Um officio do sr. ministro da instrucção publica, enviando os documentos pedidos pelo sr. Jayme Moniz.

Outro do sr. presidente do conselho, enviando uma informação pedida pelo sr. José Luciano de Castro.

O sr. Thomás Ribeiro: - Pedi a palavra para perguntar a v. exa. se posso hoje realisar a minha conversa com o sr. presidente do conselho.

Eu, sr. presidente, tinha pedido a v. exa. a fineza de prevenir o sr. presidente do conselho de que desejava que s. exa. estivesse presente n'esta casa, antes da ordem do dia, para tratar de um assumpto importante; mas infelizmente por incommodo de saude não me foi possivel vir hontem á camara.

Eu desejava, pois, que v. exa. me dissesse se o sr. presidente do conselho vem hoje a esta camara, antes da ordem do dia para lhe expor as ponderações que devo fazer ácerca da saude publica.

O sr. Presidente: - O sr. presidente do conselho como o digno par vê, não está presente, mas é muito possivel que s. exa. compareça nesta casa antes da ordem do dia.

O sr. Thomás Ribeiro: - N'esse caso peço a v. exa. me reserve a palavra para logo que chegue o sr. presidente do conselho.

Agora desejo que v. exa. tenha a bondade me dizer se dos documentos, que requeri pelos diversos ministerios, já chegaram á mesa alguns.

O sr. Presidente: - Ainda não chegaram.

O sr. Oliveira Monteiro: - Adverte que embora não veja presentemente nenhum membro do governo, comtudo aproveita a occasião a fim de mandar para a mesa uma representação que lhe fôra entregue pela mesa da ordem do Carmo da cidade do Porto.

Exalçando em seguida os serviços prestados por aquelle instituto de benificencia, pede providencias ao governo, em nome da hygiene publica; contra, segundo lhe consta, se pretender, com o augmento da guarda municipal, instalar as sentinas do quartel junto ao hospital d'aquella ordem e uma estrumeira no seu jardim, sendo alem d'isto muito para temer que lhe tirem parte d'esse jardim, para ahi se instalarem tambem cavallariças para a guarda municipal.

(O discurso do digno par será publicado na integra, e em appendice a esta sessão, quando s. exa. haja revisto as notas tachygraphicas.)

O sr. Thomás Ribeiro: - Sr. presidente, devo dizer a v. exa. que hontem mandei dizer ao nobre presidente do conselho, por telegramma, a rasão por que não podia estar aqui á sessão e quaes os motivos da minha ausencia, fazendo isto por dever de bem educado, que prezo-me de o ser.

Não vou entrar desde já na apresentação das queixas de uma parte d'esta cidade de Lisboa, que com muita rasão se lamenta; antes d'isso tenho vontade de acompanhar as considerações que fez o digno par que me precedeu a respeito da cidade do Porto, onde tive a honra de ser governador civil.

Conheço perfeitamente todos os edificios, todas as circumstancias apresentadas pelo digno par e meu amigo e que se dão na cidade do Porto.

Conheço e já li um destes dias em alguns jornaes que ha certo receio que o augmento de forças de cavallaria no sitio do Carmo, onde já existe hoje o quartel do Carmo, traga comsigo um augmento de más condições hygienicas, porque v. exa. sabe que das accumulações de gente e animaes provem os naturaes attritos que s. exa. apontou e que de certo prejudicarão o hospital da misericordia que lhe fica vizinho, se o que se tenciona fazer for por diante.

Eu conheço os serviços prestados por ella, por isso espero que o nobre presidente do conselho attenderá a este pedido, feito por pessoas tão dignas.

Quanto ao collegio dos orphãos, a que s. exa. tambem se referiu, eu tenho idéa que na occasião que estava governador civil já pretendi remover as difficuldades que s. exa. apontou, e tanto que devem existir na camara municipal officios meus a este respeito, e esperava que s. exa. se referisse a elles. Já n'esse tempo havia receio de desabamento na parte da igreja e que d'isso fossem victimas os orphãos ali recolhidos.

Portanto era do meu dever acompanhar as reflexões do di-

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