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Sessão de 13 de Fevereiro de 1919 5

católicos, está no seu papel; mas se vem fazer o ataque à República, então é preciso que o Govêrno lhe tome responsabilidades.

Peço a V. Exa., Sr. Presidente, visto não estar presente nenhum membro do Govêrno, o favor de fazer chegar rao conhecimento do Sr. Presidente do Ministério estas minhas considerações, para que êle proceda para com êste jornal da mesma maneira que tem procedido para eom os jornais monárquicos, que se apresentam como são, que tem tido a virtude de dizer o que são, e por isso estão suspensos.

O Sr. Manuel Bravo: - Êsses jornais é que suspenderam a sua publicação.

O Orador: - É preciso que o Govêrno chame à ordem o director dêsse jornal. Era isto o que eu tinha a dizer por agora à Câmara.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Farei transmitir ao Sr. Presidente do Ministério as considerações que V. Exa. acaba de expor.

Foi apresentada nesta Câmara uma proposta de saudação às tropas que combatem no norte; não há número para se votar, mas essa saudação está no coração de todos os portugueses, podendo nós considerá-la mesmo aclamada por todo o país. De facto eu creio firmemente que não há ninguém, neste momento, que sinta vibrar na alma o nobre sentimento do amor da Pátria, que se não sinta profundamente reconhecido para com todos aqueles que, expondo corajosamente a vida, lutam pela defesa da República, que personifica, hoje mais do nunca, a Pátria que todos nós estremecemos.

Saudando, pois, as tropas de terra e mar e os intrépidos civis, que lutam a seu lado, nós cumprimos o mais grato e imperioso dever. Viva a República!

Toda a Câmara corresponde a êste viva.

O Sr. Manuel Bravo: - Sr. Presidente: eu desejava que a proposta que foi mandada para a Mesa fôsse completada com uma saudação às populações republicanas que, achando-se na zona ocupada pelos monárquicos, nesta conjuntura têm contribuído para a defesa da República.

Faço, pois, uma proposta verbal para que essa moção seja completada com êste pensamento, que, tenho a certeza, é o de todos os republicanos, dando a nossa solidariedade moral e política às vítimas dêsses asquerosos traidores do norte do país.

O Dr. Sidónio Pais foi sempre republicano. (Apoiados). Não posso, no momento em que a República atravessa uma das suas crises mais graves, deixar passar, sem o meu mais veemente protesto, essa especulação sem nome, essa especulação de traidores, de maus portugueses e de péssimos cidadãos (Apoiados), lançando sôbre o cadáver de um morto que foi toda a sua vida honrado (Apoiados), a infâmia e a vilania duma perfídia de que se nunca seria captaz. (Apoiados).

O Dr. Sidónio Pais quis a grandeza e a prosperidade do seu país com a República e só com a República. (Apoiados).

Não posso permitir, como republicano, que a memória dêsse morto, que não se pode defender, seja especulada, seja maculada com os insultos, com os ultrages e com as infâmias daqueles que o atraiçoaram! (Apoiados).

Sr. Presidente: não faço uma afirmação sem um fundamento moral.

O Dr. Sidónio Pais seria incapaz, numa hora de crise para a República, de deixar a sua espada de soldado dentro da bainha para não combater denodada e intrepidamente os monárquicos. (Apoiados).

O Dr. Sidónio Pais, como republicano, se porventura nesta hora tivéssemos a felicidade de o ter vivo, seria o primeiro a colocar-se à frente das tropas republicanas para esmagar exemplarmente êsses vis traidores. (Apoiados).

O morto não se pode defender na augusta serenidade do seu túmulo, mas cabe-nos a nós a obrigação de o defender e eu defendo-o com tanta maior serenidade quanto é certo que a minha amizade pessoal, a amizade quási de irmão, não se confundiu com amizade política depois que o Dr. Sidónio Pais foi elevado à alta magistratura de Presidente da República.

Nunca com o Presidente Dr. Sidónio Pais troquei uma palavra que não fôsse de cumprimento, nunca lhe pedi cousa alguma, afastei-me sempre, não porque êle não merecesse a minha consideração, mas porque eu entendia que não me devia aproximar. Mas nesta hora em que a sua