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8 Diário da Câmara dos Deputados

damente, na lialdade monárquica e na influência que sôbre os monárquicos exercia o seu prestígio pessoal.

A Câmara sabe que num jornal republicano se disse que em vida do Dr. Sidónio Pais o ex-rei D. M anuel tinha ido a Madrid para conchavar um movimento restauracionista que veio a surgir depois da morte daquele Presidente.

Os monárquicos preparavam-se, mesmo em vida do Dr. Sidónio Pais, para dar o assalto à República.

Sr. Presidente: nesta Câmara estão criaturas que desde a primeira hora viram êsse perigo, e que constantemente afirmaram essa verdade. Essas criaturas foram acusadas de traidores, e até de cúmplice, ao assassinato do Sr. Dr. Sidónio Pais. Nunca tive a mínima animosidade pessoal contra o falecido Presidente da República. Reconheci sempre no Dr. Sidónio Pais qualidades de mando, mas devo dizer que o falecido Presidente da República errou, e a partir do momento em que reconheci que êle errou, combati com desassombro nesta Câmara, hora a hora, momento a momento, a sua obra. Outros erraram, os que lho deram informações falsas e os que foram seus colaboradores políticos. E de tudo isso ia resultando a morte da República.

O Govêrno tem tremendas dificuldades diante de si, dificuldades que lhe foram criadas pela cumplicidade de muitos que aqui se encontram. Portanto, êsses que reparem bem na parte que lhes cabe nas responsabilidades com que o Govêrno se encontra.

Suponho bem que o Govêrno trará a esta Câmara as medidas que o Sr. Deputado Manuel Bravo reclama. Essas medidas são o complemento das nossas saudações. Saudar os nossos bravos é alguma cousa e castigar os culpados tambêm é alguma cousa, sendo mesmo o complemento da primeira situação.

Faço minhas as palavras do Sr. Manuel Bravo, para que o Sr. Presidente do Ministério adopte as medidas indispensáveis para castigo dos que atraiçoaram a República. Procedendo assim cumpro mais uma vez o meu dever, e é com orgulho que revindico a honra de ter previsto o que veio a dar.

O orador não reviu.

O Sr. Amâncio Alpoim: - Por mim e por alguns amigos, que me pediram, gostosamente me associo às propostas que estão sôbre a Mesa, de saudação aos soldados da República, que com tanto brilho, tam glorioso resultado se batem em terras do norte.

Não podia a minha voz ficar calada nesta ocasião, porque nunca, dos momentos de crise para a República, ela tem deixado de se fazer ouvir.

Tenho recebido muitas cartas de amigas do norte, contando-mo o que tem sido a epopeia dos combates e a resistência popular contra as hostes couceiristas. Assim se afirmam radiosamente a dedicação e o amor do povo, do exército e da marinha às instituições republicanas.

Como muito bem disse o Sr. Cunha Lial, o Governo, que tem na sua mão a defesa da República, recebeu uma herança pesada, cheia de erros anteriores; e antes de fazer seguir para o norte todas as fôrças, que são muitas, teve de operar um trabalho do apuramento, de reconhecimento dessas fôrças. Êsse trabalho, demorado e difícil de fazer, poderia parecer um momento do inércia, quando apenas seria de precaução.

A saudação desta Câmara é, por assim dizer, uma maneira oficiosa de confirmar o espírito que anima esta Câmara, de republicanismo. A Câmara...

O Sr. Cunha Lial: - V. Exa. dá-me licença para o interromper?

É para dar uma boa nova. Consta que a República está restaurada no Pôrto.

O Orador: - Eu tenho apenas um grito a proferir nesta ocasião, no final do meu discurso: Viva a República!

A êste viva associam-se toda a Câmara e as galerias. Os Srs. Deputados, de pé, dão entusiásticas salvas de palmas, a que as galerias tambêm se associam.

O Orador: - Peço a V. Exa. que, como saudação às fôrças da República, embora contra as praxes da Câmara, se vote a moção do Sr. Eduardo Sarmento, por aclamação, e a seguir se encerre a sessão.

Muitos apoiados e palmas.

O Sr. Presidente: - A notícia não é ainda oficial. Mas há realmente todos os