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6 Diário da Câmara dos Deputados

memória é ultrajada, compete-me, como republicano, defendê-la até onde puder, repelindo o ultrage à sua memória. (Apoiados).

Pode dizer-se que o Dr. Sidónio Pais errou em muitos dos seus actos, mas errou mais pelas informações e pela confiança que tinha na lialdade dos homens, porque elo nunca supôs que êsses homens, a quem tinha elevado aos mais altos cargos de confiança, pudessem dar um triste exemplo da sua moralidade.

Julgou os outros por si, porque era um homem honrado, um carácter lialíssimo que ora incapaz do atraiçoar como foi atraiçoado por essa horda do monárquicos, horda para não lhe chamar bando e chamo-lhe bando para não lhe chamar canalha!

Sidónio Pais foi vítima do seu cavalheirismo, do cavalheirismo da sua honra, mas êsses miseráveis que não podiam em vida arcar com a responsabilidade de o atraiçoarem, esperaram que êle sucumbisse para lhe cuspir sobres o cadáver a suprema das afrontas, isto é, que êle seria capaz de fazer uma traição.

Desejava ver presente algum membro do Govêrno, porque queria fazer algumas preguntas a respeito das medidas que o Govêrno porventura tenha em mente adoptar para defesa da República; e não vá supor-se por esta simples enunciação o desejo do que pretendo dalguma maneira diminuir aquela fôrça que compete ao Govêrno para poder vencer, dominar, esmagar as fôrças dessa triste e malfadada, monarquia do norte, que tantas inquietações e tantos prejuízos está causando ao país e à liberdade.

E indispensável que essas medidas se adoptem ou por iniciativa do Govêrno ou da Câmara, a fim de que a República se não desarme perante o inimigo, porque as vitórias militares são certas e não são as únicas que são necessárias.

E indispensável castigar exemplarmente essa tropa realista que tendo sido defendida na sua causa e nas vésperas da traição nesta casa do Parlamento por aqueles que se intitulavam os seus leaders ou seus mais legítimos representantes, afirmavam que o pais não podia estar sujeito à agitação revolucionária, que isso seria comprometer a causa da liberdade e da ordem.

É indispensável que se adoptem medidas enérgicas com respeito a todos êles, para não sermos julgados como cúmplices dessas palavras de perfídia e de traição.

É indispensável castigar e que êsse castigo, como já foi demonstrado, seja moldado dentro da lei.

Estou de acordo com a máxima energia no castigo o também com a maior regularidade na sua aplicação.

Se o Govêrno não tem dentro das leis meio de dar êsse castigo, que o venha pedir ao Parlamento, porque se o Govêrno não quiser tomar a iniciativa dessas medidas, nós, os Deputados republicanos, tomaremos essa iniciativa, para que essas medidas sejam prontamente votadas e o castigo se não faça esperar.

A investida que os inimigos da República fazem neste momento deve ser tomada como uma reincidência das mais graves.

Não, o que se está fazendo no Pôrto, na capital dêsse "reino", e que eu chamarei "da madureza", é uma obra longamente preparada, longamente inspirada no espírito e no carácter de muitos daqueles que, se não se pronunciaram há mais tempo, é porque as circunstâncias os não favoreceram e nós, republicanos, que queremos a ordem, que queremos a liberdade, não podemos permitir que o país continue na incerteza do dia de amanhã e do receio de que êsses aventureiros, saídos das alfurjas e das casernas, possam dalguma forma fazer triunfar a causa que é contra os interêsses do povo e contra os interêsses da nação.

Eu tive a honra de pertencer a esta casa do Parlamento na ocasião em que êsse famigerado chefe do actual movimento monárquico era então o comandante das hostes realistas em Chaves, Paiva Couceiro.

Nessa ocasião eu tinha sugerido a necessidade de se votarem medidas que interessassem a fazenda de todos aqueles que se metessem em aventuras desta natureza. Tive a coragem moral e política de, naquele lado da Câmara, onde então tinha assento, votar essas medidas que eram propostas.

Não pôde, porêm, a Câmara fazer vingar nessa ocasião essa medida altamente eficaz e justa que as circunstâncias plenamente justificavam.