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Ssatão de 8 de Janeiro de 1920

pai de Sousel a vender certos tratos de terrenos e para ele peço urgência.

O Sr. Joaquim Brandão:—Por parte da comissão de instrução envio para a Mesa quatro pareceres.

O Sr. Presidente:—Peço a atenção da Câmara.

O Sr. Plínio Silva deseja tratar, em i negócio urgente, dum projecto de lei da sua autoria e da do seu colega Malheiro Reímão, para que seja adiada a escola de recrutas do corrente ano.

Os Srs. Deputados que autorizam o tratar-se do assunto queiram levantar-se.

Pausa.

O Sr. Presidente: — Está autorizado. Tem a palavra o Sr. Plínio Silva.

O Sr. Plínio Silva:—Agradeço à Câmara a resolução que tomou e espero que o assunto que me proponho lançar na discussão será tratado por forma a podermos chegar rapidamente à sua votação, resultando, se for aprovado o respectivo projecto de lei, como aliás estou certo, uma efectiva e importante economia para o Tesouro e uma não diminuição da actividade nacional.

Sr. Presidente: devemos sempre com desassombro dizer toda a verdade e encarar com coragem os problemas que se nos apresentam, procurando resolvê-los sem adiamentos que, na maioria dos casos, fazendo perder a boa oportunidade, tornam inúteis ou anulam por completo as vantagens que podiam advir se a tempo e horas puséssemos em vigor medidas de urgência indiscutível.

Sou militar e prezo-me de conhecer alguma cousa das questões que interessam neste momento ao nosso exército. Acompanhei durante os quatro anos da guerra as tropas portuguesas em África e em França e tive ocasião de observar de perto, com os meas próprios olhos, os organismos que os compuseram, tirando conclusões dos factos observados e estabelecendo as causas originárias das deficiências constatadas, o que me permite dar o grito de «alarme» para evitar a repetição dos mesmos erros.

Está hojo dito e redito, e isso é do domínio de todos, que foi a instrução minis-

trada às tropas portuguesas em França a única de utilidade para que se cumprisse honradamente a nossa missão na Flandres.

O que cá se fez em Portugal pouco mais foi do que reunir gente.

A pouca instrução que aqui se deu, antes de partirmos, para nada serviu e não se teria mesmo perdido cousa alguma se nem essa se tivesse dado.

Não obstante termos ido para a França apenas em 1917, quási três anos depois de rotas as hostilidades, a verdade é que ignorávamos quási em absoluto o que se havia passado desde Agosto de 1914, em acontecimentos militares, organizações dos serviços, etc.

Isto agravava o nosso atraso, quando du declaração da guerra, pelo menos de trinta anos dos exércitos de todo o mundo; ignorávamos quási em absoluto a sua evolução; desconhecíamos por completo o material adoptado; .não sabíamos a função de muitos organismos modernos. . Para que se não imagine que estou fazendo afirmações gratuitas, citarei o facto inicial passado com a formação com que fui mobilizado para França, podendo garantir que todos os que se seguiram foram em absoluto do mesmo padrão.

Quando se formou o Corpo Expedicionário Português mobilizou-se uma companhia de pontoneiros, tendo eu sido nomeado para dela fazer parte. Não havendo material mancou-se fazer, tendo, de grande porção, sido encarregada a indústria particular de Lisboa, Tomar, Torres Novas, etc., pagando-se tudo por bom preço que já nesse momento era bastante exagerado ; não é fácil dizer precisamente quanto custou a companhia de pontoneiros, que afinal para nada serviu; mas não foi inferior com 'certeza a 800.000$ a importância consumida. Fez-se sem dúvida um esforço extraordinário, em absoluto inútil. Infelizmente nada de proveitoso se conseguiu, visto que todo esse material para pouco mais seria bom e utilizável do que para atravessar a ribeira de Lou-res, de nada servindo nem satisfazendo no teatro da guerra. JTá mais do trinta anos que aquele material estava IMII absoluto condenado, o qw ali;ís muito bem sabiam ou deviam sabor aqueles que mandaram proceder à sua construção.