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Sessão de 29 de Janeiro de 1920

vam os célebres jesuítas Graínhas, o do púlpito para baixo instigavam as massas populares contra aqueles que eram contrários às suas reaccionárias doutrinas.

Associo-me, pois, Sr. Presidente, com verdadeira m água, à proposta de V. Ex.a e lamento bem a perda desse republicano de sempre e grande patriota. (Apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Vasco de Vasconcelos: — Sr. Presidente: associo-me, comovidamente, à homenagem que V. Ex.a acaba de propor, honrando a memória do velho republicano Feio Terenas.

Realmente, como propagandista e como Deputado no tempo da monarquia e da República, e ainda como director geral do Congresso, o ilustre finado é bem digno desta homenagem. Toda a sua vida e toda a sua acção constituíram um exemplo moral em que nós nos devemos inspirar para levar a bom porto do salvamento a República, que todos amamos.

Ele foi o propagandista brilhante das ideas republicanas no tempo da monarquia, quando essas ideas eram motivo para se ser perseguido.

A acção eficaz de Feio Terenas fez-se sempre sentir favoravelmente nos destinos do País e por isso associo-me à homenagem que V. Ex.a propôs e que representa um acto de justiça. (Apoiados}.

O orador não reviu.

O Sr. Brito Camacho: — Sr. Presidente: na ausência do leader do Partido Republicano Liberal, cabe-me a ruim usar da palavra para me associar ao voto de sentimento' proposto por V. Ex.a pela morte de Feio Terenas.

Sou dos mais velhos membros desta Câmara e fui, desde muito novo, amigo pessoal e íntimo de Feio Terenas. Conheci-o quando ele já era propagandista da idea republicana, sendo eu menos do que soldado, espécie de galucho, dessa falange em começo.

Os homens da minha geração são precisamente aqueles que se seguiram aos que, em Portugal, iniciaram o movimento republicano, como Latino Coelho, Sousa Branda», Bcrnardino Pinheiro, Josó Falcão, Elias Garcia e Rodrigues de Freitas. Os homens da minha geração encontraram, ao iniciar a sua vida política, entre

os denodados combatentes, o já então velho Feio Terenas, porque Feio Terenas foi sempre velho, a despeito da fatalidade que faz com que alguém na vida seja novo — velho ua ponderação, velho nas suas inquebrantáveis convicções, velho no seu honrado procedimento, sendo republicano no tempo em que ser republicano não era perfeitamente um modo de vida, não era perfeitamente uma conesia.

Feio Terenas, lutando com dificuldades, nunca se escusou à participação de sacrifícios de toda a ordem que dele exigia o Partido Republicano, e eu posso garantir que nesse tempo, mais do que hoje, a República exigia sérios e grandes sacrifícios.

Feio Terenas, do pouco que tinha, por que não era rico, e do pouco que ganhava, porque nunca foi tubarão, tirava sempre alguma cousa, mais do quo devia, para sustentar jortiais que f andava, ou ajudava a fundar, e a que prestava constan-temente uma colaboração desinteressada.

Não são volvidos muitos anos. mas já passaram os bastantes para os homens da minha geração verem abrir brecha nas fileiras em que assentaram praça há, pelo menos, trinta ou quarenta anos.

E sempre com profunda mágua por um sentimento de amizade, é sempre com dor por um sentimento profundamente republicano, que PU vejo desaparecer um dos velhos combatentes, exactamente aquele em quo era mais acendrado o patriotismo, mais ardontp a fé, mais decidido o entusiasmo — porque eu sou ainda do tempo em que os velhos não tinham ilusões, em que os velhos níio professavam descrença, como sucedeu depois, e sucedo ainda, em que a cada passo encontramos desiludidos de ilusões que nunca tiveram, descrentes de crenças quo nunca professaram.