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Sessão de 24 de Fevereiro de 1921

o seu exemplo e continuaram a toiuiar em subordinar o novo estado social saído das trincheiras, impetuoso e formidável, como uma vaga, aos velhos moldes, a princípios que já pertencem à história. (Muito bem).

Sr. Presidente: paixão política, disse eu, há em todo o mundo. Em nenhum país como na França ela atinge agudeza o violência. Em nenhum Parlamento como o desse país surgem inesperadamente essas tormentas que derribam Ministérios P transformam situações. Mas quando os altos interesses da Pátria estão em jogo, quando ela, por um momento, está ameaçada, imediatamente se faz a paz e todos os parlamentares da extrema direita à extrema esquerda unidos como um só homem e num só pensamento— o bem e a honra da sua grande Pátria--procuram conjurar o perigo. (Apoiados}.

Ó mal da República Portuguesa não está na existência de partidos e grupos.

Está no exagero da paixão, na irredu-tibilidade, no personalismo, e sobretudo na instabilidade governativa. (Muito bem}.

Não causa surpresa no estrangeiro que, de tempos a tempos, haja bombas e prevenções em Portugal; greves a cada passo, nada menos de dezasseis na primeira quinzena de Setembro último!

jO que espanta, o que ninguém compreende é ôsse récord da instabilidade governativa que nos pertence: 27 Governos em 10 anos; mais de 300 Ministros e só pelo Ministério da Marinha desfilaram nada menos de 37 Ministros!

j Bem se esforçam alguns dos nossos representantes lá fora por desmentir as notícias forjadas por agências várias, tendentes a demonstrar que, de facto, existe em Portugal uma completa anarquia política, social e económica!

Mas o rosário interminável de Governos, unia vez, três numa semana, e alguns durando apenas horas, é, na verdade, bem difícil de explicar.

Ainda há pouco, quando uma alta individualidade portuguesa se encontrava em Londres a tratar de graves problemas interessando as nossas colónias, os placaras dos jornais anunciavam em tom de blague mais uma crise em Portugal, com os seguintes comentários:

«O récord da instabilidade, um Governo semanal em Portugal»!

Em todos os países há mudanças de

Governo, recomposições ministeriais, mas ninguém nos leva a palma neste verdadeiro jogar aos Governos.

E uma celebridade que só nos compromete e tira prestígio às instituições. (Apoiados}.

Quando o Sr. Álvaro de Castro assumiu há poucos meses as rédeas do Governo, teve a honra de receber um telegrama extremamente afectuoso de Smuts. o notável homem de estado da África do Sul, que de passagem direi, nem sempre, para não dizer quási sempre, tem mostrado muito pouca simpatia por Portugal.

Pois quando esse telegrama chegou a Lisboa, já o Sr. Álvaro de Castro tinha desaparecido do poder! (Apoiados).

Estando ultimamente no estrangeiro quando se organizou o Governo do Sr. Liberato Pinto, amigos meus da imprensa e da política a quem eu afirmei que esse Governo seria estável, Governo de acal-mação. visto que tinha o apoio de todos os partidos, excepto um, objectaram-me que a entrada do chefe de estado maior da guarda republicana para a Presidência desse Ministério, guarda que todos sabiam ser a maior garantia da ordem só ciai, fora a confirmação de que, de facto, o agravamento da anarquia política exigira esse recurso decisivo. (Sensação}.

Seria um Governo com esquadrões e metralhadoras sempre à mão.. .

Sr. Presidente : eu tenho pelo Sr. Liberato Pinto, toda a consideração, como homem do acção e como militar!

O país deve lhe grandes serviços. (Apoiados}.

Mas como político, sou obrigado a constatar que deixa muito a desejar. (Apoiados).

Estava naturalmente indicado que ao assumir as rédeas do Governo, cie nem sequer ficas.se alojado no quartel do Carmo. (Apoiados}.