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Diário da Câmara dos Deputados
verbas o mesmo que sucede com o ouro que, quando passa a fronteira, nunca mais regressa.
Receio que, cortadas essas verbas, nunca mais apareçam. Bem basta que sejam já deficientes algumas das verbas consignadas ao Ministério da Instrução.
Um problema da magnitude dêste não pode ser considerado apressadamente.
Temos tido um intenso trabalho de dois meses com êsse projecto.
Foi necessário manejar todas as verbas para as distribuir por um plano inteiramente novo que satisfaz em muitos pontos as aspirações e reivindicações do Sr. António Fonseca.
Afigura-se-me muito mais interessante melhorar as verbas todas duma só vez do que em separado, resolvendo assim o problema.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. José de Magalhães: — Não podia deixar de intervir no debate desde que foi apresentada pelo Sr. António Fonseca uma proposta com a qual eu estou de acôrdo e folgo muito em estar do acôrdo com S. Ex.ª, visto bastantes vezes termos estado em desacôrdo e isto sucederá sempre que S. Ex.ª não esteja ao lado dos princípios.
O Sr. António Fonseca: — O que é preciso é definir os princípios; pode ser que sejam êles que não estejam de acôrdo.
O Orador: — Se há divergências entre nós acêrca dêste projecto; elas são apenas de pormenores, principalmente no ponto de vista financeiro.
Fazer economias está muito bem desde que delas resultem benefício, pára o ensino, pois não há maneira de fazer ensino bom sem material e bons professores.
Se, por exemplo, eu tenho material para um instituto de ensino, evidentemente que não vou fazer dois com o mesmo material.
Assim um pequeno país não pode ter o mesmo número de escolas que uma grande nação, mas pode tê-las boas, embora poucas.
Reduzindo o número de liceus, que é superior ao das escolas agrícolas, nós teriamos feito uma obra pedagógica de grande alcance.
Parece-me que a proposta do Sr. António Fonseca deve ser tomada em consideração, por todas as razões e por mais uma.
Devia haver dois tipos de ensino liceal: um para os que se dedicam aos cursos superiores e outro para aqueles que se destinam a escolas comerciais e industriais.
A proposta do ilustre Deputado Sr. António Fonseca merece ser estudada e aprovada.
O orador não reviu.
O Sr. Presidente: — Não há número para votações, vão discutir-se os capítulos seguintes.
Lê-se o capítulo 5.º
O Sr. António Fonseca: — Sr. Presidente: era natural que depois do capítulo 4.º viesse o capítulo 5.º, mas a verdade é que o espaço que medeia entre a sessão de dia e a da noite é tam pequeno, que não há tempo para nos prepararmos.
Os Srs. relatores não querem que os massem, a maioria dos parlamentares não quere trabalhar, de forma que nós, sem esclarecimentos, não podemos bera entrar na discussão e perde-se tempo inutilmente.
Eu não mandarei para a Mesa uma proposta que aqui tenho, porque sei que o Sr. Ministro da Instrução a consideraria um mau serviço ao país.
Prefiro ler a seguinte página da História da República Francesa, de Elie Sorin, sôbre a sessão de 4 de Agosto de 1789:
«Esta rude eloqüência abalou a assemblea inteira: dir-se-ia que já não dominam apenas os cálculos da razão, mas que o patriotismo penetrou em todas as almas e que inspira os sacrifícios que vão ressuscitar e transformar a nação.
Uma espécie de entusiasmo na abnegação apossa-se dos privilegiados: uns querem ceder os seus direitos seculares, outros querem honrar-se abandonando os títulos de que pouco antes se mostravam tam ciosos.
O Sr. de Foulcanet, apoiado pelos Duques de Guiches e de Mortmart, pede a supressão das grossas pensões militares que o rei concedia aos grandes senhores; o Visconde de Beauharnais propõe a