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Diário da Câmara dos Deputados
com S. Ex.ª sôbre o caso de se dar conta ao Parlamento e ao País do resultado dessas missões, pois o País desconhece por completo êsse resultado.
A três anos da assinatura da paz o País não sabe qual foi o papel da nossa diplomacia em Spa, Génova e Bruxelas.
Em Dezembro último eu pedi, pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, me fôsse fornecida cópia do relatório sôbre a Conferencia da Paz, sôbre a Sociedade das Nações e da missão intelectual que foi ao Brasil; passados cinco meses foi-me comunicado que não havia relatório algum.
Não posso deixar de manifestar a minha estranheza e insistir para que ao Poder Legislativo seja dado conhecimento dessas missões.
Apoiados.
Também não estava presente quando o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros tratou nesta casa da grave questão que agora se agita entre nós e a França.
Tenho a declarar agora, pelas notícias, que li nos jornais, que,estou inteiramente satisfeito com a linguagem firme que S. Ex.ª empregou; e não posso deixar de lamentar que só agora se procure resolver um assunto que já há dois anos podia estar resolvido.
Quando foi da guerra a França apelou para toda a gente para lá ir derramar o seu sangue, mas acabada a guerra êsses serviços foram esquecidos, e a primeira bola a sair do saco — permita-se-me a expressão — foi a proibição da entrada dos nossos vinhos em França, e depois por especial favor foi permitida a entrada dalguns hectolitros, negociações que foram feitas pelo Sr. Xavier da Silva, sendo o modus vivendi firmado pelo Sr. Júlio Dantas e pelo Sr. Ministro da França.
Essas negociações correram muitíssimo bem.
Se essas negociações se fizeram fàcilmente, porque não se tinham já feito?
Repito o que aqui já tenho dito: é preciso que os nossos representantes se interessem a valer pelo seu papel.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Sá Pereira: — Mando para a. Mesa um projecto de lei que reputo da máxima importância.
Peço a V. Ex.ª para consultar a Câmara sôbre se permite que seja publicado no Diário do Govêrno o relatório que o precede.
O Sr. Jaime de Sousa: — Sr. Presidente: está despertando um grande entusiasmo o grito que a imprensa está lançando sôbre a viagem séria à roda do mundo por Sacadura Cabral e Gago Coutinho.
É certo que, por vezes, os mais vantajosos empreendimentos têm tido no nosso país opositores, mas entendo que nesta altura, tratando-se de uma viagem de circunnavegação séria, ninguém porá objecções sôbre a vantagem da sua realização.
Quero citar factos concretos que abonam a necessidade impreterível de se realizar essa viagem.
O almirante Gago Coutinho e o comandante Sacadura Cabral têm inventos próprios, processos práticos e métodos scientíficos que tornam essa navegação séria duma tal precisão que assumimos quási o dever imperioso do mostrar à humanidade inteira, na prática, a eficácia dêsses processos.
No relatório do comandante Sacadura Cabral vem traçada toda a volta do globo duma maneira perfeita, precisa.
A travessia da América do Norte e do Atlântico é feita por uma forma scientífica, como são novos os processos de aviação que o comandante Sacadura Cabral pretende pôr em prática no percurso dêste itinerário.
O povo português, através da história, realizou cometimentos semelhantes, o nessa altura houve quem tivesse observações a fazer.
V. Ex.ª e a Câmara sabem o exemplo frisante de Fernão de Magalhães, que sendo português e tendo-se oferecido ao Govêrno para realizar a viagem de circunnavegação, o oferecimento não foi aceito, mas aceitou-o a Espanha.
E tivemos mais o exemplo do genovês Cristóvão Colombo que, passando de Portugal ao serviço da Espanha, fez com que a nação espanhola ficasse com as honras do grande feito, cujos louros foram roubados ao povo lusitano.
Portanto, para que não aconteça no século XX aquilo que sucedeu no século XVI, é necessário que Portugal nesta altura tome na devida conta a iniciativa,