O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5
Sessão de 20 de Junho de 1923
mas também tome toda a responsabilidade da sua execução.
Por isso faço votos para que a iniciativa do almirante Gago Coutinho e comandante Sacadura Cabral tenha o apoio caloroso do Parlamento e do Govêrno, por forma que os aviões portugueses que vão fazer a volta ao mundo, que os aviões que vão rasgar os ares, como outrora as nossas caravelas rasgaram os oceanos, comandadas brilhantemente por peitos portugueses, possam mostrar-se ao mundo inteiro, para maior glória da nação portuguesa e maior glória da República.
Julgo que é indispensável que o Govêrno diga à Câmara quais os meios que julga mais convenientes para que se realize a iniciativa dos ilustres aviadores.
Espero com fundamentadas razões que o Brasil, país irmão, onde temos uma colónia formidável, que abraça sempre com patriotismo todas as iniciativas portuguesas, nos auxilie com o esfôrço da sua colaboração.
Espero que, quer por parte do Govêrno, quer por parte da Câmara, alguma cousa seja dito, por forma que o mundo inteiro saiba que toda a nação portuguesa aplaude esta idea grandiosa.
Mando para a Mesa a seguinte
Proposta
Proponho que a Câmara dos Deputados da Nação Portuguesa, integrando-se no sentimento geral do país, que recebeu com evidentes demonstrações de entusiasmo a idea de uma viagem aérea de circunavegação, a realizar pelos heróicos aviadores cujos nomes gloriosos pertencem desde há um ano aos bronzes da história pátria; e
Considerando que toda a humanidade culta já agora espera a execução de uma promessa que lhe foi feita e tem de cumprir-se para nossa honra;
Considerando que o facto culminante de terem Gago Coutinho e Sacadura Cabral inventado processos práticos e métodos scientíficos que tornam exacta e precisa a navegação aérea, lhes impõem ainda excepcionais deveres para com a civilização mundial;
Considerando que a fórmula apresentada pelo comandante Sacadura Cabral, em seu relatório, dá plena satisfação sob o aspecto económico e financeiro do empreendimento:
Envie aos iniciadores do arrojadíssimo cometimento, a sua mais calorosa saudação, fazendo votos por um êxito completo, para maior glória da raça, para maior glória de Portugal.
Sala das Sessões, 20 de Junho de 1923. — Jaime de Sousa.
Tratando-se de uma proposta de saudação, requeiro que entre imediatamente em discussão com dispensa do Regimento.
O orador não reviu.
Foi admitida a proposta do Sr. Jaime de, Sousa e aprovada a urgência e dispensa do Regimento.
O Sr. Presidente: — Consulto a Câmara sôbre se permite que a comissão de remodelação dos serviços públicos reúna durante a sessão.
A Càinara resolveu nessa conformidade.
O Sr. Ministro da Marinha (Azevedo Coutinho): — Sr. Presidente: o ilustre Deputado Sr. Jaime de Sousa, usando da palavra, bordou várias considerações sôbre o projecto de viagem aérea à volta do mundo da iniciativa do almirante Gago Coutinho e comandante Sacadura Cabral, projecto que foi presente ao Govêrno e sôbre o qual o mesmo ilustre Deputado pediu que o Govêrno se pronunciasse.
Antes de satisfazer os desejos de S. Ex.ª eu vou esclarecer a Câmara acêrca de alguns pontos que melhor explicam a atitude do Govêrno sôbre êste assunto.
Na gloriosa travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro, a iniciativa legal partiu do Poder Executivo.
O Govêrno publicou um decreto com fôrça de lei, concedendo o prémio de 20. 000$ ao primeiro aviador brasileiro ou português que realizasse essa travessia e uma verba de 1:800 contos, destinada à aviação marítima, verba de que poderia ser distraída a importância de 200 contos exclusivamente para as despesas dessa travessia.
O Govêrno que tomou posse da administração pública em 6 de Fevereiro de 1922, Govêrno a que eu tive a honra de pertencer, empregou todos os seus esfôrços para conseguir levar à prática as ideas expendidas no projecto dessa travessia, e