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Diário da Câmara dos Deputados
assim deu todas as facilidades ao almirante Gago Coutinho e ao comandante Sacadura Cabral, facultando-lhes os meios de poderem ter os apoios necessários para vencerem as dificuldades que, como era natural, lhes aparecessem.
A travessia realizou-se, tendo o almirante Gago Continho e o comandante Sacadura Cabral dado exuberantes provas do seu espírito patriótico e de sacrifício e dos seus conhecimentos da aviação marítima.
Quais os resultados dêsse colossal ex-fôrço?
Todos nós os reconhecemos: uma maior aproximação com o Brasil, um maior prestígio, para o nome. de Portugal, uma tranquilidade na vida íntima do país e sobretudo uma maior confiança em cada um de nós, no nosso esfôrço, levando-nos ao convencimento de que seremos capazes de tudo, sempre que soubermos conjugar harmònicamente os nossos esfôrços.
Quanto a mim, êsses factores contribuíram poderosamente para êste ambiente de simpatia que hoje envolve o país inteiro e ainda para a unidade nacional, cuja tendência tanto se tem acentuado ultimamente.
Eu não quero cansar a atenção da Câmara expondo-lhe detalhadamente o projecto do almirante Gago Coutinho e do comandante Sacadura Cabral, por isso que êle é hoje sobejamente conhecido já de todo o país pela grande propaganda que tem sido feita na imprensa e até no próprio Parlamento.
Resumindo, direi apenas que se trata duma viagem aérea que consta dum percurso de 19:500 quilómetros, 280 horas de voo, isto é, mais de quatro vezes o percurso da travessia aérea de Lisboa ao Rio de Janeiro.
Para essa maravilhosa emprêsa Gago Coutinho e Sacadura Cabral contam com a comparticipação do Brasil, e são necessários, segundo os cálculos do comandante Sacadura Cabral, o mínimo de seis aviões e de dois navios apoios.
A aviação marítima dispõe hoje de 20:000 libras aproximadamente, produto resultante de subscrições feitas no continente da República, entre a colónia portuguesa do Brasil, e nestas condições e o comandante Sacadura Cabral não pediu ao Govêrno qualquer auxílio, apenas solicitou do Ministério da Marinha o custeamento do navio apoio.
Os cálculos do comandante Sacadora Cabral sôbre êste assunto, que vêm era números redondos incluídos no relatório, são absolutamente exactos, pecando talvez apenas pelo facto de as despesas terem sido orçadas pelo máximo.
Nestas condições; se o Ministro da Marinha tem de despender na instrução do seu pessoal, fazendo-o cruzar o mar dos Açores e as costas de Portugal, podemos fazer desviar êstes navios para servirem de apoio à viagem aérea, sem mais despesas e com maiores vantagens para a instrução dêsse pessoal.
Com êstes elementos, o Govêrno pode declarar que, reconhecendo um grande número de probabilidades ao bom êxito dessa viagem aérea que trará para o País resultados não menos benéficos do que aqueles que nos provieram da travessia Lisboa-Rio de Janeiro, entende que financeiramente é viável essa viagem, dada a. comparticipação do Brasil.
Se. porém, essa comparticipação só não efectuar, os novos encargos que resultem. só o Parlamento poderá autorizar o Govêrno a fazê-los.
Mas o Govêrno confia em que a Nação que está sendo consultada e que duma forma tam entusiástica se tem manifestado, será a primeira a promover os meios directos de facultar à aviação marítima a, execução dêsse empreendimento.
O Sr. Leote do Rêgo (interrompendo): — V. Ex.ª pode dizer-me se o almirante Gago Coutinho também toma parte nessa viagem?
O Orador: — Sem dúvida. São essas as intenções do almirante Gago Coutinho.
Eu não quero, terminar sem afirmar neste momento o grande patriotismo da colónia portuguesa do Brasil e da América do Norte.
Sempre que se trata dum esfôrço colectivo, êsses portugueses, que mesmo de longe nunca esquecem a sua nacionalidade, corroboram sobejamente as suas qualidades de patriotismo.
Daqui lhes apresento as minhas homenagens.
Tenho dito.
O orador não reviu.