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Sessão de 20 de Junho de 1923
O Sr. Paulo Cancela de Abreu: — Sr. Presidente: vou repetir perante V. Ex.ª, e perante toda a Câmara, o que tive a honra de dizer, ontem, ao comandante Sacadura Cabral.
A minoria monárquica — posso mesmo dizer a causa monárquica do País — dá todo o apoio morai, todo o seu entusiástico apoio moral, a todos os empreendimentos que contribuam para o engrandecimento do nome de Portugal.
O ano passado, quando se efectuava a gloriosa travessia aérea do Atlântico, repetidas vezes esta casa do Parlamento manifestou o seu regozijo, o seu entusiasmo pelas sucessivas étapes vencidas pelo almirante Gago Coutinho e comandante Sacadura Cabral, e em nenhuma dessas manifestações a minoria monárquica deixou de tomar parte, prestando as suas sinceras homenagens a êsses dois ilustres aviadores.
Foi até, Sr. Presidente, devido a uma circunstância de momento, que dêste lado da Câmara partiu a iniciativa da apresentação de um projecto de lei, promovendo os dois ilustres aviadores, por distinção, aos postos imediatamente superiores aos que tinham. Essa idea foi ao encontro dado Sr. Ministro da Marinha que na mesma sessão trouxe à Câmara uma proposta visando idêntico fim.
Será, pois, supérfluo declarar que estamos decididos a dar todo o nosso caloroso apoio e todo o nosso entusiástico incitamento ao novo empreendimento duma viagem aérea de circunnavegação.
Sr. Presidente: não foi banal o resultado da travessia aérea do Atlântico.
Apoiados ao Sr. Ministro da Marinha.
Por toda a parte teve êsse feito uma repercussão retumbante e honrosa para o nome de Portugal.
E ocasião de constatar, aqui, com todo o calor do nosso patriotismo, com desvanecimento, o acontecimento que se deu há pouco na capital da França, por iniciativa patriótica de um ilustre jornalista português.
Mas, Sr. Presidente, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, não na ânsia, de glória porque maior a não podem ter já, mas sim no desejo ardente de mais uma vez arriscarem a sua vida em serviço do País e para que se mantenha íntegro o prestígio do nome português, vão realizar um novo empreendimento para execução do qual terão de pôr em prática todos os seus conhecimentos, todo o seu arrojo e toda a sua temeridade.
Tive ontem a honra de declarar ao comandante Sacadura Cabral que não estávamos nós nas condições de apreciar o ponto de vista técnico da emprêsa a realizar; que é a elo, mais do que a ninguém, e ao sábio Gago Coutinho, que compete apreciarem êsse aspecto do problema, tanto mais que não quererão fazer o seu acto por temeridade.
Um e outro criaram responsabilidades para com o País o para consigo próprios e, portanto, não haverá o direito de tomar como temeridade o que querem fazer. E não é de facto uma temeridade.
Ainda hoje o comandante Sacadura Cabral diz numa carta que publicou, que existem cinco grupos de aviadores estrangeiros que querem realizar o mesmo empreendimento.
E pois um empreendimento possível; não se trata duma temeridade. Se se tratasse duma temeridade nós seríamos os primeiros a condenar o acto, pois que a nossa admiração por êsses dois heróis é tam grande que jamais poderíamos consentir em que êles fossem arriscar a sua vida numa aventura.
Quanto ao aspecto financeiro do empreendimento, eu declarei ao comandante Sacadura Cabral que não me encontrava habilitado pelos meus amigos para me pronunciar sôbre tal ponto.
Disse-lhe que com êstes trocaria as minhas impressões e que, na sessão da Câmara em que se tratasse do assunto, a minoria monárquica emitiria a sua opinião.
Lamento que a semelhante respeito tenham sido tam lacónicas as considerações do Sr. Ministro da Marinha. Era necessário que S. Ex.ª dissesse à Câmara a quanto subirá o máximo, aproximado, da despesa do Estado com o raid que se vai fazer.
O Sr. Ministro da Marinha (Azevedo Coutinho): — Eu já declarei que os cálculos feitos pelo comandante Sacadura Cabral, que constam do seu relatório que é já conhecido, estão certos e feitos pelo máximo.