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Sessão de 20 de Junho de 1923
dos, pois a verdade é que a viagem de Cabo Verde aos Penedos é muito maior do que a de Terra Nova aos Açores.
A viagem, Sr. Presidente, que se vai lazer, a meu ver não se pode comparar com a do Brasil, visto que é menor a quantidade de milhas que há a percorrer de pôrto a pôrto, isto segundo eu tive ocasião de ver pelos relatórios publicados nos jornais e portanto, repito, sob êste ponto de vista esta viagem não consegue sobrelevar a outra.
Parece-me que não ficará mal analisar as trajectórias que já muitas vezes têm sido feitas.
Algumas delas como Londres à Índia, já têm sido percorridas por outros aviadores e por forma que não podem ser excedidas.
Sob o ponto de vista económico e de se estabelecerem carreiras para o Oriente, essas carreiras, que já estão estudadas, nós não as podemos fazer.
Sob outro aspecto, para mostrar ao mundo a superioridade dos nossos aviões, eu direi que em Portugal não se faz nem um parafuso para aviões.
Resta-me analisar o empreendimento sob o ponto de vista histórico, incontestavelmente de muito valor. Será mais um feito a acrescentar à História de Portugal, mas, depois do raid Lisboa-Rio de Janeiro, tudo é inferior.
Há cinco grupos que tencionam dar a volta ao mundo e eu pregunto se algum Govêrno subvenciona qualquer dêsses grupos.
Não me consta.
Êles vão à custa das casas construtoras, para reclame ao seu material.
A Inglaterra, nação rica, e a França, não dão subsídio para essas viagens.
Na América são subsidiadas por uma emprêsa jornalística.
Sr. Presidente: aqui tem V. Ex.ª em poucas palavras, duma maneira chamas claramente, a análise que eu me permiti fazer sôbre êste assunto.
E natural que por ter feito esta análise, sôbre mim chovam as más vontades e antipatias de muitas ou poucas pessoas, mas isso não é cousa que me incomode, quando penso que acima de tudo está o cumprimento do meu dever, e o meu dever diz-me que eu como Deputado da nação, devo pronunciar-me sincera e conscientemente sôbre os assuntos em que intervenha.
Mas nas minhas palavras, repito, não vai nenhuma má vontade para a execução do raid; dou-lhe até o meu apoio, mas em determinadas condições, e uma delas é ter a certeza que a Marinha de Guerra não vai ser prejudicada por sua causa, isto é: que as viagens de instrução que se não têm feito por falta de verba, que os exercícios de material que se não têm feito desde que acabou a divisão naval por falta de verba também, agora que há verba para isso não deixem de realizar-se, por essa verba ser desviada para o raid.
Porque de duas uma: ou o Ministério da Marinha tem dinheiro ou não.
Se tem ponha os navios a navegar para instrução do pessoal, para exercícios de artilharia e lançamento de torpedos, que não se fazem há muito; se não tem não se compreende que subsidie o raid.
Mas não se diga, como é costume em Portugal, que há dinheiro para tudo e depois as cousas comecem a falhar!...
Então, nós Deputados da nação temos de entrar noutro caminho que é vir aqui pedir contas a quem superintende nos serviços de marinha, pela situação em que êles se encontram actualmente.
Sr. Presidente: desejo que de tudo isto que eu disse resulte esta opinião: é que o raid. é muito interessante e lhe dou o meu apoio, mas deve ser feito com todo o dinheiro menos com aquele que é destinado ao exercício e preparação do pessoal e à conservação do material de marinha; menos com aquele que os serviços de marinha necessitam para adquirirem camas para os doentes que vão para o Hospital da Marinha que as não têm, e remos para os barcos da Escola do Alfeite que os não tem para os marinheiros remar.
Assim está certo!
Mas se eu me convencer que a Marinha de Guerra vai ficar sem aquelas verbas de que necessita, eu terei esta coragem moral que nunca me abandona de ir contra a opinião de todos que querem que o raid se faça, negando-lhe o meu voto.
Tenho dito.
O orador não reviu.
O Sr. Ministro da Marinha (Vítor Hugo de Azevedo Coutinho): — Sr. Presidente: desejo em primeiro lugar, associar-me em