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Diário da Câmara dos Deputados
Efectivamente tom de haver alguma cousa mais para justificar a atitude e o procedimento do Govêrno. Ainda ontem o perigo parecia ser iminente, porque o Sr. Ministro da Guerra saiu desta sala sem mais cortesia para com o Parlamento, indo-se embora sem dizer ao menos: «Aqui vou».
Uma voz: — Sem cortesia, não; pediu licença para sair.
O Orador: — Acabou o Sr. Presidente do Ministério de dizer que o sossêgo era de tal ordem e tanta a tranqüilidade que o Sr. Presidente da República, informado pelo Sr. Presidente do Ministério de que havia sossêgo, pôde tranquilamente passear pelas ruas de Lisboa de madrugada, visitar quartéis, etc. Disse S. Ex.ª que havia sido informado pelo Govêrno. Chega até a parecer que foi o Sr. Presidente do Ministério que combinou com o Sr. Presidente da República êsse passeio nocturno.
Acho isso estranho, porque se foi S. Ex.ª que informou o Sr. Presidente da República de que tudo estava em sossêgo, não posso acreditar que o Sr. Presidente da República fôsse fazer êsse passeio sem ter comunicado ao Sr. Presidente do Ministério que ia fazê-lo.
Apoiados.
Não posso acreditar que o Sr. Presidente do Ministério estivesse de acôrdo em que S. Ex.ª fizesse êsse passeio, (Apoiados), e fôsse aos quartéis sem ter combinado com o Govêrno.
Apoiados.
É que há qualquer cousa mais que o Sr. Presidente do Ministério tem necessàriamente de declarar para esclarecimento da Câmara.
E êste um caso estranho o insólito, tanto mais que a versão do Govêrno está em desacôrdo com a versão do Diário de Noticias.
Vozes: — Ora...Ora...
O Orador: — Que parece ser esta a exacta: o Sr. Presidente da República ter ido verificar se eram ou não exactas as informações do Govêrno, tendo verificado que o não eram.
Pregunto: qual é neste momento a situação dêste Govêrno? Apoiados.
Mas, repito, foi estranho, insólito e extraordinário o que se passou, e a Câmara não pode deixar de pedir explicações ao Sr. Presidente do Ministério.
Apoiados.
Sr. Presidente: um jornal, o Diário de Lisboa, publicou ontem uma entrevista com um membro do Govêrno dos mais categorizados, até pela situação politica que possui dentro do seu partido, em que êsse membro põe claramente a questão, declarando que é preciso imediatamente suspender as garantias e dissolver o Parlamento, e dissolvê-lo até saltando por cima dos trâmites constitucionais.
Tom a Câmara o direito de pretender saber o que pensa o Sr. Presidente do Govêrno a êste respeito.
Apoiados.
E preciso que se saiba se estas declarações são autênticas ou se o não são, e, sendo exactas, precisa a Câmara de saber se o Chefe do Govêrno está de acôrdo com o que referiu êsse membro do Govêrno.
E precisa de saber, estando a cidade em tal tranqüilidade que o Sr. Presidente da República pôde passear nas ruas de Lisboa sem que mal algum lhe sucedesse, a razão por que o Govêrno estava como prisioneiro no quartel de Campolide até esta manhã.
Apoiados.
Era completa a tranqüilidade, e o Govêrno sentia a necessidade de estar ali enclausurado.
A Nação tem o direito de exigir do Sr. Presidente do Ministério o conhecimento da situação em que nos encontramos: se está disposto o Govêrno a governar dentro dos termos constitucionais (Apoiados), e o que pensa acêrca da declaração feita por um dos membros do Govêrno.
S. Ex.ª, recusando-se a responder terminantemente ao que aqui se lhe pregunta a êste respeito, torna melindrosa e delicada a situação do Presidente do Ministério.
Nesta hora exige-se que responda acêrca das intenções do Govêrno e que diga claramente o que há a respeito dêste assunto.
Tenho dito.
O orador não reviu