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Sessão de 7 de Abril de 1913 5

a nova doutrina, os nossos princípios democráticos.

Ora eu não creio, Sr. Presidente, que êste estado de cousas se tenha modificado, só pelo facto de se ter implantado a República há dois anos e meio.

O estado político dum país, V. Exa. sabe-o muito bem, não se modifica facilmente; não é com decretos, nem com artigos de jornais que êle se transforma, mas sim pela instrução derramada a flux.

Em Trás-os-Montes, no Alentejo, nas Beiras e ainda na Extremadura as escolas são pouquíssimas e muitas delas ficam desertas quando postas a concurso, a despeito dêsse sentimento doentio de sacrifício, invocado a favor daqueles que pretendem ser colocados, de preferência a todos os concorrentes, nas escolas oficiais de Lisboa.

Eu desejava que êsses professores republicanos, que falam de sacrifícios, fossem os primeiros a efectuá-los ou a prosseguir neles, concorrendo às escolas que vagam e cujos concursos ficam desertos vezes sem conto.

Eu muito desejaria reconhecer provas de sacrifício nessas criaturas que solicitam, como pedintes, leis de excepção que os favoreçam, fazendo o sacrifício real em prol da República, em benefício das crianças das mais longínquas regiões do nosso país, ensinando-lhes, em contínua propaganda, a amar os princípios que, dizem os interessados, tem sempre defendido e ensinado.

Conforme a redacção dêste artigo, nunca mais entraria em Lisboa professor algum, por mais distinto, por mais competente no exercício do magistério primário. Nunca mais deixaria de haver professores de centros republicanos!

O Sr. Leão Azêdo: - V. Exa. está a referir-se à proposta da Câmara dos Deputados ou ao projecto da comissão?

O Orador: - A proposta da Câmara dos Deputados, certamente, pois eu assinei sem restrições o projecto de que V. Exa. é relator.

Sr. Presidente: as escolas de Lisboa dividem-se em centrais e paroquiais, devendo estas muitas vezes, pelas classes que tem de ser consideradas centrais, não o sendo por deficiência de capacidade.

As escolas de Lisboa do sexo feminino tem o seu quadro completo, e quando se abre uma vaga parecia lógico que essa vaga fôsse preenchida por professoras, que estão fazendo serviço em escolas do sexo masculino aproximadamente umas oitenta.

Mas em vez de serem colocadas professoras assim não sucedeu, outras, estranhas ao quadro do magistério oficial de Lisboa, são nomeadas, decerto por influência de A ou B, sistema condenado e tantas vezes verberado por nós, quando em oposição ao velho regime, que neste como noutros assuntos tam incorrectamente e ilegalmente procedia.

Parece descortinar-se o propósito de entregar toda a instrução primária de Lisboa a professoras, o que é lamentável, sob todos os pontos de vista.

Não ponho em dúvida a competência maior ou menor das professoras, sob o ponto de vista pedagógico ou legal, desde que são diplomadas pelas respectivas escolas, o que ponho em dúvida é a sua competência na direcção educativa das crianças do sexo masculino, sôbre tudo quando estas atingem idade superior a 8 ou 9 anos. Aponta-se um único país no mundo,, como justificação, os Estados Unidos da América do Norte - onde, de facto, as escolas do sexo masculino estão entregues na sua grande maioria a professoras; mas, mesmo neste país, se V. Exas. lerem as revistas pedagógicas, verificam que uma reacção extraordinária existe contra essa educação, porque, realmente, a professora não deve ser mais do que a còntinuadora da escola maternal e infantil. Não é ela a entidade educadora mais própria a incutir nas crianças aquelas qualidades viris que hão-de constituir a fôrça da nossa raça.

Permita-me a Câmara esta divagação, pois vejo .que no nosso país a professora está invadindo a regência das escolas masculinas, com aprazimento das regiões superiores.

Se me disserem que, nas escolas de mais dum professor, se deve entregar a primeira classe às professoras, de acôrdo, porque as nossas crianças, sem o ensino infantil, vêem para a escola primária dando um salto brusco do seio da família para a escola e não encontram no professor aquele prolongamento de carinhos necessários a crianças de tam tenra idade.

O professor primário, realmente, nem sempre possui êsses dotes de educação que