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6 Diário das Sessões do Senado

devemos exigir ao professor da República, não tem aquela afabilidade do trato, não tem aquele espírito de sacrifício com que o professor deve impor-se, como continuador dos pais de família, dignos da toda a nossa consideração pela alta função que a natureza lhes incumbe.

Só pregunto se é justo, conforme êste projecto aprovado na Câmara dos Deputados, colosar indivíduos nas escolas primárias oficiais, sem elementos que provem, não digo a sua competência legal, porque essa é exigida, mas à sua competência profissional que fundamente a preferência, alegam es interessados serviços prestados à República, se bem que não os provem.

Nunca deviam porêm usar de processos como sejam, procurar os legisladores um a um, para lhes pedir não justiça, mas mercê ou favor.

Ao Parlamento não inoumbe nem deve de forma nenhuma prestar-se a fazer favores à custa da Nação. Não foi para isso que o povo cá nos mandou, mas sim para tratar de assuntos de interesse geral e não particular.

Sr. Presidente: um Sr. Senador, que eu me não lembra qual fôsse, estranhou o facto es funcionários do Estado andarem pelos corredores a solicitar de nós quaisquer pretensões.

Tambêm fui abordado, tambêm me falaram numa questão de interesse particular, mas a minha resposta foi tal que o indivíduo não voltou à carga, e não voltará, asseguro.

Sr. Presidente: não quero tomar mais tempo à Câmara, não pensei ter que me ocupar tanto dêste assunto, porque julguei sempre não ser preciso tam longa discussão.

Passo a sintetizar as minhas considerações.

Frisei dois pontos capitais: frisei a questão de sentimento, e frisei a questão dos sacrifícios.

Pelo que respeita ao sentimento, já falei o bastante para demonstrar que, em minha consciência, não há nada mais perigoso ao julgador, do que ver-se dominado por qualquer paixão, e o sentimento apaixona.

Quanto aos sacrifícios, que muitos invocaram em abono do projecte, tal como veio da Câmara dos Deputados, lambem creio

ter dito o bastante, isto é, que sacrifícios não houve por parte daqueles que regeram as escolas dos centros republicanos, e digo que não houve sacrifícios, porque eu não admito que tal denominação se aplique ao exercício duma função que e remunerada.

Frisei ainda outro ponto: refiro-me à competência pedagógica, aquela competência que a lei exige aos que se dedicam ao professorado.

Tenho dúvidas sôbre se realmente êsses professores entraram nos centros republicanos com a competência profissional que se invoca, e digo que se invoca porque não tenho elementos, repito, que me habilitem a julgar do mérito ou demérito dêsses professores e V. Exa. sabe, Sr. Presidente, e o Senado tambêm, que êsses centros republicanos não tinham inspecção técnica.

Não há meio, portanto, de se saber sã êsses indivíduos dispunham, ou não, da tal proclamada competência para o exercício do magistério.

Ainda frisei um outro ponto, para o qual eu chamo muito especialmente a atenção dos Srs. Senadores e é que, aprovado êste projecto, tal como veio da outra casado Parlamento, nunca mais, nunca mais, acabarão os professores de centros republicanos!

O Sr. Ladislau Piçarra: - Muito bem.

O Orador: - Dado os nossos costumes, não faltará quem se preste a passar atestados a quem nunca foi professor de centros republicanos.

Aprovado o projecto, tal como veio da Câmara dos Deputados, nós vamos fechar as portas da capital a todos os professores, tanto mais que se entrou no perigoso caminho de se fazerem nomeações sem concurso de provas documentais.

Não se diz no projecto quantos são os professores dos centros republicanos.

Não se diz quantos são, quais êles são. É a porta fechada e bem a todo o concurso. Não pode ser, não deve ser para honra de todos nós.

A princípio afirmou-se que o decreto de excepção só aproveitava a meia dúzia de pretendentes, mais tarde que a uns doze; hoje já se fala em maior número. Quantos serão?