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Sessão de 16 de Dezembro de 1918 11

citar mais factos, aqueles decretos inspirados por S. Exa., e que estabeleceram princípios em que de há muitos anos, desde o tempo da monarquia se pensava já, sem que houvesse coragem política para os efectivar: a cobrança em ouro de porte de direitos alfandegários, que fez com que o preço da libra esterlina passasse de mais de 11$ para o preço, relativamente favorável, em que está hoje; o resgate da linha férrea de Ambaca; a adjudicação do privilégio temporário para o fabrico de ferro e aço; a compra da maioria de acções da Companhia Portuguesa dos Caminhos de Ferro, que eu tenho como um pensamento feliz, a que o futuro há-de prestar justiça, fossem quais fossem os erros da sua execução.

Mas para nós, os Senadores pela agricultura, o que merece maior relevo, entre a acção que o Dr. Sidónio Pais exerceu em todos os ramos dá administração pública, foi a criação do Ministério da Agricultura, que êle, vendo ao longe e ao largo, dotou com todos os órgãos necessários ao desenvolvimento e ao progresso dêste ramo fundamental da economia da nação.

Oxalá, Sr. Presidente, que à largueza da concepção corresponda a inteligência, o zêlo, a devoção cívica dos que hão-de, na sequência dos tempos, efectivar, até os menores detalhes, esta grande obra!

É por isso que, como cidadãos, como patriotas, como agricultores, nós deploramos esta perda irreparável.

Em nome da agricultura portuguesa, em nome da agricultura que vive da terra, da agricultura que, vivendo apegada ao solo sagrado de Portugal, é como que a concretização da própria idea da Pátria, eu junto o meu voto de sentimento ao de todos os ilustres oradores que me precederam.

O Sr. Arnaut Furtado: — Como Senador e como amigo pessoal de S. Exa. o Sr. Dr. Sidónio Pais, com cuja amizade muito me honrava, amizade que, apesar de não ser longa, foi intensa e acrisolada em muitas horas de amargura e tambêm algumas de alegria, eu procurarei que a comoção me não embargue a voz para dizer a V. Exa., Sr. Presidente, e à Câmara, que, apesar do frio da morte ter já invadido essa grande individualidade, ainda nos acalenta e ampara neste momento de dor o seu grande prestígio.

Devemos, pois, todos, pelos meios ao nosso alcance, evitar que essa fôrça nos não desampare; e, pela minha parte, será esta a maior homenagem que, como amigo, posso prestar-lhe, sendo tambêm êste o maior elogio que, como parlamentar, posso fazer-lhe.

O Sr. João José da Costa: — Associo-me, em meu nome, a todas as homenagens prestadas à memória do morto ilustre S. Exa. o Sr. Dr. Sidónio Pais e faço minhas as palavras do Sr. Castro Lopes.

Mal diríamos nós todos que havíamos de prantear hoje aqui a morte do ilustre Presidente da República.

Eu protestei sempre contra os atentados pessoais, e não podia, portanto, de forma alguma deixar de prestar esta homenagem àquele que foi um grande português.

Eu não esqueço as suas últimas palavras: «Não me apertem». E porque nos queria ainda dizer com toda a sua grandeza de alma: «Eu morro pela Pátria».

O Sr. Jorge Guimarães: — Começo por cumprimentar a V. Exa., Sr. Presidente, visto ser a primeira vez que tenho a honra de falar nesta Câmara.

Protesto contra o infame atentado de que foi vítima o Sr. Presidente da República, Sidónio Pais, e acompanho V. Exa. no voto, de sentimento proposto, não só pessoalmente, mas tambêm em nome da província do Douro, que represento nesta Câmara, e que foi quási em todo o tempo que S. Exa. ocupou o seu alto cargo a mais fustigada por grandes desgraças, alêm da fome e suas consequências.

Essa província, e especialmente a sua capital, foi flagelada por várias epidemias, e o ilustre Presidente extinto, cujas qualidades nós tanto apreciamos, teve ocasião de manifestar os grandes dotes do seu coração. Esforçou-se para que não faltassem socorros, e foi êle mesmo mais de uma vez junto do leito dos doentes verificar como eram tratados e confortá-los, expondo aquela vida tam preciosa, que infamemente nos foi arrebatada agora.

Por isso, na minha província, a sua memória ficará eterna.